Quarta-feira, 9 de junho de 2010 - 12h29
Será que aceitaríamos o convite para vivermos sozinhos numa ilha despovoada? Ainda que maravilhosa, com água potável, cercada de belíssimas praias, com diversos tipos de vegetação e muitas árvores frutíferas, com pássaros coloridos e cantadores, outros animais inofensivos e frutos do mar em abundância. Para completar o cenário paradisíaco, um céu azul e sol o ano inteiro.
Ou se não fosse uma ilha, que fosse um lugar inabitado onde, para nós, seria o nosso imaginado e desejado paraíso. Será que toparíamos viver lá, cercado do melhor que a natureza ou até mesmo a vida podem oferecer, porém sozinhos?
A condição seria esta: ficar só. Um paraíso a sua disposição, todavia sem qualquer companhia humana.
Certamente que nossa resposta seria não. Alguns, no máximo, aceitariam ficar no tal paraíso por um tempo limitado, não longo. Mas viver por lá os dias que nos restassem, jamais.
Não aceitaríamos porque o homem é um animal social. Não nasceu para viver só; nasceu para conviver, relacionar-se com outros seres humanos. O isolamento e a solidão quando prolongados deixam um vazio na existência, clamam por alguém que possa dividir conosco nossos prazeres, nossas dores; nossa existência, enfim. Victor Hugo, um clássico da literatura francesa do século 19, escreveu que “todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão”. Johan Goethe, célebre pensador alemão, endossa-o: “Para mim, o maior dos suplícios seria estar sozinho no Paraíso”.
Mas a solidão não é de todo má. Porque precisamos de momentos só nossos, onde dialogamos, no silencio de nossa única presença, com nosso eu. Por vezes é nesses instantes que nos encontramos com o que de mais verdadeiro e essencial somos. Essa é uma solidão consentida, momentânea, que termina quando assim o desejarmos. Diferente da outra, demorada demais, imposta por certas condições que nem sempre podemos interferir. Esta,”é como as dietas para o corpo, mortal quando demasiadamente prolongadas”, como escreveu Luc de Clapiers, escritor, moralista e ensaísta francês que viveu no século 18.
Daí porque por melhor que seja a ilha paradisíaca ou qualquer lugar onde formos condenados a viver sozinhos, sem a presença humana, um meio que nos permita buscar ou receber companhias, é absolutamente fundamental.
A felicidade pede companhias. Se felizes, ainda melhor.
Fonte: Viriato Moura
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