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Viriato Moura

SUPREMA ORIGINALIDADE



A originalidade não aceita imitação. E no estágio em que se encontra o conhecimento humano é cada vez mais difícil não copiar, ser original.

Original é algo que foi feito pela primeira vez, ou em primeiro lugar, que tem caráter próprio. A ignorância que habita em nós é que nos faz achar originalidade onde ela não existe. Porque para saber se algo jamais foi feito é preciso saber tudo o que foi feito naquele contexto. Gente de Opinião

Ser original é uma busca constante dos sábios. Enquanto os desprovidos de sabedoria se contentam com pouco ou quase nada, os sábios buscam o que ultrapassa fronteiras, o que não é visto ao primeiro olhar, o sabor que ainda não foi degustado. O que está e vai além.

Não se contentar com as trivialidades que a vida oferece, não se saciar com o que parece ser, decididamente não é um meio seguro para encontrar a tal felicidade. Por muitas vezes – muitas mesmo! –, somente a ignorância é capaz de nos preservar de muitos dissabores, muitas angústias, muitas decepções. São os efeitos terapêuticos da ilusão.

Por que, então, estabelecemos como um dos objetivos importantes de nossa existência a aquisição continuada de conhecimentos? Porque somos seres sociais, comprometidos com tudo que está parado e em movimento em nosso derredor. Não é bem visto nas relações interpessoais olhar só para si. Por isso, sermos conhecedores e competentes nos atribui valoração social. Nos faz valer mais. Mas isto tem um preço que deve ser pago. O muito pensar gera muitas preocupações que, por sua vez, geram incômodos mentais e até físicos.
E o que tudo isto tem ver com a busca da originalidade? Tudo. Porque ter consciência da originalidade do nosso ato requer saberes diversos. Inclusive os dominados pelos outros no que nos propomos a ser originais 

A originalidade, como se sabe, nem sempre é atingida a partir de um pensamento lógico que nos leve a ela. Há situações, e muitas, em que essa originalidade nos vem através de uma inspiração, de uma intuição. O acaso também pode marcar presença. O pintor Pablo Picasso tem uma frase lapidar sobre esta questão: “Eu não procuro, acho”. E isso não é tão incomum. 

Ter consciência absoluta da originalidade, como podemos concluir, é algo cada vez mais difícil. Até mesmo porque, em termos de fundamentos científicos nada mais resta a descobrir – apenas de fundamentos, que fique claro. 

A grande originalidade, ensina Virgílio Ferreira, “não é dizer coisas novas mas ser novo diante das velhas coisas”. Mas existe uma originalidade ainda maior, mais difícil de ser alcançada, posto que estabelece liames quase divinos: é fazer o que jamais foi ou será feito. Esta é a originalidade suprema, definitiva. Buscá-la está implícito na nossa condição de racionalidade. Não temos obrigação de atingi-la, mas não estamos isentos de fazê-lo. 

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Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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