Domingo, 6 de fevereiro de 2011 - 17h47
Pois é, esse jeito Confúcio de dizer o que pensa, através de seu blog, inclusive sobre as ações que pretende ou não empreende em seu governo, está dando o que falar. Como se não bastasse falar de si enquanto governador de Rondônia, vai mais longe e discorre sobre algumas de suas intimidades. Há poucos dias, escreveu que sua esposa espremera-lhe cravos da careca quando chegou em casa ao anoitecer. É o Confúcio gente mostrando seu lado gente.
Muitos acham que um governador ou quem quer que seja não deve se expor tanto. Que devemos fazer mistério do que pensamos ou de parte desse conteúdo indevassável. Esses estrategistas do dizer argumentam que abrir o jogo é perigoso – a não ser no final, para se declarar vitorioso.
De fato, quem assim pensa, sob muitos aspectos, está coberto de razão. Escrever e assumir a autoria do texto, como faz o governador de Rondônia através da Internet, em qualquer circunstância, é confessar-se publicamente. É, no popular, dar a cara à tapa. Ao agir assim, fica exposto a críticas de toda ordem e sequer pode valer-se da negação em sua defesa porque assumiu a autoria do que escreveu.
Declarar o que se pensa e o que se faz, o que se pretende fazer ou não fazer, por escrito, não é para qualquer um. Pelo menos para aqueles que sabem o que isso significa. É preciso, antes de tudo, ter coragem de nos desnudarmos mentalmente diante do público. Acontece, senhoras e senhores, que estamos mal acostumados. Ou acostumados com os maus hábitos, como o blefe, o lixo escondido debaixo do tapete. Por isso, de certo modo, assustamo-nos quando alguém tem coragem de proceder de modo tão explicito. Pelo mesmo motivo nos reservamos o direito de não fazê-lo.
As camuflagens nas quais algumas pessoas escondem suas atitudes, em especial aquelas que têm obrigação de prestar contas ao público, por serem pessoas públicas, tenhamos certeza que não são para o bem comum. Quem vive a sussurrar em orelhas coniventes, quem diz quase sempre o que não pensa, certamente que quer confundir, ludibriar, lesar.
Por outro lado, aquele que tem coragem de dizer o que pensa, ciente do que essa exposição perigosa significa para sua imagem mais íntima, deve ser merecedor de nosso respeito e de nossa admiração. Porque, se nenhuma virtude tiver, é, pelo menos, corajoso. E assume para si as consequências de seu jeito corajoso de ser.
Quando atribuímos mérito a quem é dado a dizer o que pensa e assume o que faz, não estamos julgando se o que diz, escreve ou faz está certo ou errado, se é merecedor de aplauso ou da vaia. O que conta, nesse contexto, é a atitude de alguém que se liberta de suas vaidades, das armaduras que escondem suas fragilidades e vai a público e se entrega, tornando-se mais vulnerável, expondo-se a riscos. O lado positivo de se mostrar tanto é a possibilidade de ser tido com propósitos honestos de esclarecer.
Quem recomendou ao nosso governador que parasse de escrever em seu blog visou preservar sua imagem. Protegê-lo do risco de ser um alvo ainda mais fácil, porque mais visível e fixo. Confúcio, como se sabe, já esta pagando por explicitar tanto seu modo de governar. Se conseguir resistir aos tantos petardos que lhe serão arremessados ao longo de seu mandato e sair vencedor, mais forte, basta, ao chegar a seu término, demonstrar que o que escreveu é sua verdade “verdadeira”. Verdade que cumpriu conforme o combinado em favor do povo de Rondônia.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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