Segunda-feira, 24 de junho de 2013 - 16h38
Já havia ouvido falar muito sobre o modo como ele vem se comportando diante da doença que o mantém internado. Até que tive a oportunidade de conhecê-lo, pessoalmente, na UTI do meu hospital.
Sua luta mais tenaz contra as complicações da enfermidade implacável, que ceifou partes do seu corpo, começara há muitos meses.
Ao procurá-lo entre os outros enfermos internados na mesma unidade onde se encontra, só me foi possível identificá-lo visualmente porque sabia que lhe faltava um de seus membros inferiores, o esquerdo, e parte do pé direito. Não fosse isso, apenas pela expressão de seu rosto e até mesmo pelo seu aspecto da cintura para cima, seria impossível, apenas pelo olhar, saber qual dos doentes era ele: nosso herói mostrava uma face serena, otimista, como quem estivesse gozando da mais perfeita saúde.
Bem que gostaria de citar o nome dele aqui, com todas as letras maiúsculas. Não o faço por questões de ética médica – uma pessoa como essa, merece ser exposta ao mundo como um belo e sublime exemplo de existência. Muitos de nós, por vezes quando vivenciamos uma adversidade qualquer, ainda que diminuta, já nos desesperamos e achamos que tudo pode estar perdido.
O HERÓI na luta pela vida que ora homenageio, jovem e de boa aparência, viu uma tempestade desabar sobre si quando acometido por uma enfermidade que, quando descompensada, provoca danos graves, inclusive a perda parcial ou total de segmentos, especialmente dos inferiores. Diante disso, tinha todos os motivos para entrar em profunda depressão e desistir de viver. Mas ele, altivo, sofrendo no corpo e na alma as consequência da doença que o acomete, mantem-se firme demonstrando achar que a existência é uma dádiva divina que pede que se lute dignamente por ela.
Ao me acercar do grandioso exemplo de amor à vida que ele representa, confesso que me emocionei. Sou médico há quase 40 anos e, por ser especialista em traumas do aparelho locomotor, já vi e tratei de quase todos os tipos de feridas que podem atingir um ser humano. Mas entre tudo que vivenciei, poucos doentes se mostraram com tanta paz interior e determinação para lutar pela própria saúde como esse herói da resistência. Inclusive, há poucos dias, casou-se com sua amada no leito em que se encontra: um momento sublime que emocionou a todos que o presenciaram.
Exemplos como esse deveriam ser mostrados ao mundo com mais frequência. Porque deixam claro que o desejo de viver dos seres que dignificam a natureza humana quando enfrentam sofrimentos intensos, não tem limites: apesar de todas as dores e perdas, não desistem de achar que enquanto há vida, há esperança.
Saúde, herói pela vida, você merece!
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