Quarta-feira, 17 de outubro de 2012 - 09h01
A imagem do médico de família nos moldes de antanho esmaeceu como a de uma fotografia antiga. Mas ainda a vemos com saudade nos recônditos nostálgicos de nossas lembranças.
Pelo bem do paciente, ele deve receber assistência de quem sabe, e não de quem acha que sabe. Mesmo que movido por forte sentimento solidário de ajudar o doente em suas necessidades enfermas, o médico ou quem quer que seja, precisa ter conhecimentos sólidos para fazê-lo da melhor maneira. Vivemos um tempo em que, cada vez mais, a ciência se impõe sobre o empirismo.
O fato de não ser mais possível resgatar o velho médico que tantas esperanças de melhora e cura levou às famílias que o adotaram, não elimina uma outra opção atualizada e completa que nos seria de grande utilidade: um médico de nossa confiança e afeição que nos orientasse de como viver melhor e mais feliz.
Todos nós deveríamos ter o direito a um médico deste jeito: um ser humano afável que nos conhecesse com maior profundidade; soubesse mais de nossa história pessoal, de nossos hábitos, vícios e manias; enfim, do nosso jeito de ser. Que nos desse orientações mesmo que nada lhe perguntássemos. Que nos dirigisse palavras de alento quando estivéssemos preocupados. Que nos aconselhasse em nossas indecisões existenciais. Que nos indicasse, nominalmente, os melhores especialistas para tratar dos males, reais e imaginários, que nos afligissem. Que nos ajudasse a escolher clínicas e hospitais que tivessem as melhores condições de nos atender com segurança e eficiência, quando precisássemos deles.
Enfim, um médico que quando fôssemos acometidos por algum mal, ajudasse-nos a encurtar o caminho que nos levasse à cura, quando ela fosse possível; que nos aliviasse os sofrimentos, quando a cura fosse inalcançável, e até quando a medicina e a nossa fé nada mais pudessem fazer por nós, que nos afagasse com um sereno consolo.
Esse médico – um médico para chamar de seu – cada um de nós deveria ter. Até que a dona da nossa finitude nos separasse dele de vez.