Terça-feira, 2 de março de 2010 - 05h54
Enquanto houver vida, a luta continua. O confronto se impõe pela condição de existir. Ao ocuparmos um espaço na existência, nossa individualidade precisa conviver com outras tantas individualidades que pensam e agem diferente de nós. Essa, em essência, é uma dinâmica da vida.
Nem sempre, como pode parecer à primeira vista, os embates mais duros e até mais ferozes, dão-se com aqueles que se opõem a nós. Vencer o outro pode ser difícil, sim – e tantas vezes o é –, mas, na pior das hipóteses, temos a possibilidade derradeira, se este for o nosso desejo, de fugir do embate ou dar tempo para que nosso oponente desista.
Há, todavia, um inimigo que tem todas as razões para ser nosso melhor amigo, mas que insiste em nos desagradar, em discordar de alguns de nossos propósitos sensatos; em nos empurrar, em ocasiões, para caminhos abissais, em querer apagar em hora imprópria a luz que nos ilumina a trajetória existencial. Este inimigo terrível, que por vezes nos tira o sono e nos atormenta como um fantasma horrendo tem os nossos nome e identidade: nós mesmos, o nosso eu.
Sim, é este que está em nós, que somos nós, nosso inimigo mais difícil de vencer. Tantas vezes lutamos uma vida contra ele, na tentativa de cumprir o que programamos para nosso destino. Uma fugaz desatenção, um momento que seja de negligência de nossa vigilância ostensiva, ei-lo nos traindo diante de nossos próprios olhos, cegando até nossas supostas convicções inabaláveis.
Ainda que tenhamos a índole pacificadora, avessa a qualquer confronto, dessa luta interior, nós contra nós, enquanto vivermos não estaremos livres.
Uma luta existencial que terá o tempo de nossa existência.
Fonte: Viriato Moura / viriatomoura@globo.com
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