Terça-feira, 17 de agosto de 2010 - 18h36
Pode ser até bonito dizer, como muitos dizem, que em mulher não se bate nem com uma flor. Mas, convenhamos, a frase, além de preconceituosa, não tem respaldo do bom senso nem da lei.
Então homem pode apanhar, pode ser vítima de violência tão-somente porque, por ser homem, é “mais forte”, “pode se defender”. Claro que não!
Achar que a mulher é mais fraca em termos de compleição física é uma coisa; interpretá-la como um ser mais fraco é ofensivo e injusto. Há mulheres que, sob todos os aspectos, são mais fortes que muitos homens. E como são!
A violência deve ser proscrita para todos. Pode até sensibilizar e revoltar mais quando perpetrada contra crianças, idosos, enfermos e mulheres. Essa é uma reação emocional compreensível.
A Lei Maria da Penha, que veio apenas “reforçar” lei já existente, tem esse viés preconceituoso como tudo que divide as pessoas por gênero, cor, classe social, religião etc. Qualquer violência contra quem quer que seja é, no mínimo, censurável.
Tanto os legisladores, através de leis e pronunciamentos inflamados (52% dos eleitores são do sexo feminino), como as campanhas veiculadas pela mídia sobre a violência contra a mulher se fundamentam no estimulo à denuncia para que os agressores sejam exemplarmente punidos. Tudo bem, mas isso só não basta. É preciso prevenir contra as agressões. Isto é fundamental. Para tal, a mulher precisa tomar atitudes preventivas: evitar comportamentos que incitam seus companheiros a agredi-las, buscar ajuda nos níveis possíveis antes que as agressões ocorram; ou ainda, quando nada disso der resultado, afastar-se deles definitivamente, antes que seja tarde demais. Quando o companheiro rejeita a separação e ameaça a mulher de mais agressões e até de morte se ela o abandonar, o risco não deve ser subestimado e providências objetivas de toda a ordem devem ser tomadas para evitar o pior. Certamente que acreditar que a ameaça não se consumará é a alternativa mais arriscada.
Todavia, o mais seguro mesmo é identificar, antes de se juntarem a seus companheiros, qual a índole deles. Mas isto, o amor, que por vezes é cego, pode não deixar ver.
Fonte: Viriato Moura - viriatomoura@globo.com
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