Quarta-feira, 28 de julho de 2021 - 11h31
Ela nasceu na Pérola do Mamoré como Maria de Nazaré Alves de Carvalho, depois de
adulta ganhou asas e decidiu partir para o velho mundo. Foi parar em Portugal. Lá conheceu o
homem com quem casou e adicionou ao seu nome, o sobrenome Laginha, mas na
verdade quer que todos a conheçam como Nasartes. E como apareceu esta conjunção
sugestiva e evidente? Ela explica que não tem mistério, “só juntei o Nasa de
Nazaré à artes e deu nisso”.
Passando uma temporada em Guajará Mirim, que acabou mais
longa do que o planejado, Nasartes está expondo 20 trabalhos recentes no saguão
da Casa de Cultura Ivan Marrocos. A mostra que estreou no dia 20 de julho fica
exposta ao público até o dia 3 de
agosto. “Já deveria ter retornado à Portugal, mas a pandemia me impediu”, esclarece. Sorte dos admiradores das artes
plásticas da nossa região, que têm a oportunidade de conhecer o trabalho desta
artista com vivência fora do Brasil.
Pintar telas é uma nova descoberta, que começou a cerca de dois anos. Ela conta que antes fazia umas pinturas bem infantis, “não nasci com talento e nem com dom”, confessa e diz que se dedicava ao artesanato “fazia umas besteirinhas”. Mas a amiga Cristina faz uma intervenção e corrige, e diz que “artesanato também é arte e precisa ser valorizado como tal”. Desde então começou a estudar e a se aprofundar no conhecimento das artes plásticas, a fim formar uma boa bagagem e partir para novos horizontes, inclusive na província de Lagos, onde mora em Portugal. O trabalho de pintura também funciona como hobby e ajuda a acalmar a artista que diz que é muito agitada. O faturamento com as vendas entra como uma renda extra. “Mas não é muito fácil vender”, arremata.
A exposição tem um caráter pessoal bem acentuado. Nasartes procura traduzir com o seu trabalho um retrato crítico da sociedade, a partir do momento ímpar da pandemia, com a presença do corona vírus (covid-19), que ceifou milhares de vidas, a corrupção estabelecida no Brasil e as perdas de familiares e amigos.
Recentemente a artista perdeu o irmão Eduardo, que aos 54 anos foi vitimado pelo agravamento da diabetes. Para retratar a vida dele Nasartes criou a tela A Casinha na qual usou seringas, lancetas e canetas , materiais utilizados no tratamento da doença. “Também apliquei vidro, para trazer a memória um acidente que sofri há uns dez anos”.
Para marcar o tempo de aprisionamento provocado pelo isolamento social Nasartes criou uma tela com grades e máscaras. E para marcar sua indignação quanto à corrupção criou a tela Ratos do Porão com o símbolo da justiça e Dinheiro na Cueca e Meias.
A exposição fica na Ivan Marrocos somente até o dia 3 de agosto. O horário de funcionamento é das 8:00 às 18:00, de segunda a sexta-feira.
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