Segunda-feira, 22 de julho de 2019 - 16h22
“Resiliência, é a palavra certa que defini os moradores de Nazaré, depois de tudo que passaram. Eles se reinventaram e deram a volta por cima”, disse a fotógrafa Marcela Bonfim, ao acompanhar o trabalho de organização, construção e ornamentação da vila e da arena, para receber os visitantes no 53º Festival Cultural de Nazaré. Distrito ribeirinho que fica cerca de 8 horas de barco de Porto Velho.
A comunidade fez um mutirão de limpeza e arrumação, principalmente nos acessos à arena, começando pelas escadarias na beira do Rio. A passarela de madeira foi elevada e revitalizada, o que deixou a pacata vila de Nazaré ainda mais convidativa.
Não é para menos, nesta época do ano, o distrito recebe turistas de várias nacionalidades, como estadunidenses, noruegueses, sem mencionar os visitantes da capital e do Amazonas, que são atraídos pela cultura local.
Como as pousadas são poucas, as reservas são feitas dois meses antes do festival, mas local para dormir não é problema, que pode ser no barco ou em qualquer cantinho onde a barraca possa ser montada. Há os que preferem armar a rede embaixo das árvores e tirar aquela soneca. “Desde 2016 não perco um ano do festival da cultura. Dormir em barracas é lazer para mim e minhas colegas”, disse a estudante Raíssa Moraes.
CORAÇÃO DA CULTURA
A raíz cultural e familiar é o que mantém as tradições de Nazaré. Considerado o coração da cultura, o Festival Cultural de Nazaré subsiste pelo esforço dos descendentes do senhor Manoel Maciel Nunes, precursor da festa. ”Fazer todo ano esse evento é muito emocionante. Quem participa já faz parte da família. O povo de Nazaré se sente honrado com a presença de todos, onde podem sentir a energia do carimbó, do Boi Bumbá Mirim, do Serigandô, que fazem parte da tradição da Amazônia”, falou emocionado Timaia Nunes, filho de seu Manoel Maciel, e um dos coordenadores do evento.
Uma chuva de fogos marcou o início do festival cultural. Abrindo as apresentações, o grupo da Velha Guarda de Nazaré. Teve ainda as apresentações da Marujada, das quadrilhas de Humaitá e Fogo de Palha, e o tradicional Carimbó de Nazaré. Encerrando a primeira noite cultural, o grupo Minhas Raízes, com seus instrumentos musicais criados por matéria-prima da floresta e suas músicas com influência indígena e andina, com mensagens que promovem a riqueza cultural da região ribeirinha.
A maioria dos integrantes do grupo Minhas Raízes são filhos e netos do seu Manoel Maciel Nunes.
Na segunda noite, o Boi Bumbá Curumim entrou na arena. Todo o ritual foi embalado ao som grupo Marujada. O momento mais esperado foi a apresentação do Serigandô. Dança indígena, que conta uma história de amor entre um vaqueiro e uma índia.
O superintendente da Juventude, Cultura e Lazer (Sejucel), Jobson dos Santos, além de contribuir para a realização do festival prestigiou o evento. “Subi o barranco de Nazaré é senti a mais pura intervenção cultural do povo amazonense. Tenho orgulho de ter nascido em uma cidade tão rica em cultura. O governo de Rondônia vem atuando nessas intervenções para que seja fortalecida a nossa regionalização. Nossa cultura deve ser expandida, nosso povo é um povo rico”.
OUTROS EVENTOS
De julho a outubro, o distrito de Nazaré terá atividades que valem a pena participar. Em agosto acontece a tradicional Festa da Melancia, em setembro são os festejos da Santa Padroeira Senhora de Nazaré. A comunidade de Boa Vitória, que faz parte do distrito, comemora em outubro o dia de São Francisco. “Nazaré tem cerca de nove comunidades. Faz parte da tradição as famílias se reunirem nas localidades onde ocorrem os festejos”, destacou Venerana Almeida, moradora de Nazaré.
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