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Bienal abre a possibilidade de elevar o índice de leitura dos brasileiros, avalia presidenta do Snel


Alana Gandra
Agência Brasil

Rio de Janeiro - O brasileiro ainda tem índices de leitura muito baixos, comparados aos dos países mais desenvolvidos, segundo a presidenta do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Sonia Jardim. No próximo dia 29, no Riocentro, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade, será aberta a 16ª Bienal Internacional do Rio de Janeiro, considerada um dos maiores eventos literários do país, que se estenderá até o dia 8 de setembro. O Snel é um dos organizadores, junto com a Fagga Eventos

Sonia admitiu, entretanto, que durante a bienal os visitantes mostram bastante interesse na leitura. Pesquisa feita na edição anterior, em 2011, constatou que na média foram 5,5 livros comprados por visitante. “Além da oportunidade de encontrar seus autores e assistir a debates entre escritores brasileiros e estrangeiros, o pessoal tem uma grande oportunidade de comprar livros. As pessoas aproveitam o evento para sair de fato carregadas [de livros] para ler ao longo do ano”. Para ela, a bienal abre a possibilidade de melhorar o índice de leitura brasileiro. “Sem dúvida nenhuma, é um dos efeitos positivos de um evento como este ”.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada no ano passado pelo Instituto Pró-Leitura, revela que a média de livros lidos por todos os entrevistados nos três últimos meses foi 1,85 livro. Foram feitas 5.012 entrevistas em 315 municípios em todas as unidades da Federação. Na sondagem anterior, de 2007, a média foi 2,4 livros livros nos últimos três meses.

Entre os leitores consultados em 2011, o número sobe para 3,74 livros. Entre estudantes, a média foi 3,41 livros lidos nos últimos 90 dias. Por regiões, a Centro-Oeste apresentou a maior média de livros lidos nos três últimos meses (2,12 livros no total). Entre todos os entrevistados, foram lidos 4 livros por ano por habitante, em 2011, mostrando recuo ante os 4,7 livros lidos por habitante/ano na pesquisa anterior.

Sonia Jardim admitiu que o total de livros lidos pelos brasileiros durante um ano ainda é reduzido ante países latino-americanos como o Chile e a Argentina, por exemplo, líderes na região com 5,4 e 4,6 livros lidos por habitante/ano, respectivamente. O dado é do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc), vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O índice brasileiro, na avaliação de Sonia, não condiz com a extensão territorial e a condição econômica do país.

A bienal funciona como um incentivo à leitura. “Não há dúvida alguma sobre isso.” Para Sonia, o hábito da leitura decorre de dois fatores: renda e escolaridade. “Quando você vive um momento econômico melhor, consome mais, inclusive livros.” Com o Brasil retomando um crescimento econômico mais agressivo, ela confia que a indústria acompanhará o ritmo.

Em relação ao ensino, Sonia destacou que é preciso investir em uma educação de qualidade, com parte do investimento voltado para o professor. “Como é que o professor vai motivar alguém a ler, se ele próprio não tem renda suficiente, porque o salário não permite, para que ele esteja constantemente lendo livros?”, indagou.

Ela defende que sejam adotadas políticas públicas que municiem as bibliotecas e os professores de acervos não somente formado por livros de formação pedagógica, mas com “livros de literatura prazerosa, para que esse professor chegue na sala de aula e consiga passar a sua motivação para o aluno, para a criança”.

A Bienal Internacional do Rio deste ano terá 950 expositores e a presença de 100 autores nacionais e estrangeiros.

 

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