Segunda-feira, 11 de novembro de 2013 - 19h24
O que se descobre nesta obra é um diálogo não apenas sobre a arte efêmera, como também sobre a efemeridade da arte em suas manifestações populares que, por mais que se mostrem humildes e simples, surgem com a profundidade e a riqueza de experiências ímpares que apenas a subjetividade enraizada na existência autêntica do indivíduo singular permite. Assim destaca o editor Fransmar Costa Lima, da Editora LiberArs, de São Paulo, sobre o livro “O Repente: Valores antropológicos da arte efêmera”, escrito pelo Prof. Dr. José Dettoni, Chanceler da Faculdade São Lucas, em Porto Velho. Fransmar Lima observou que quando apresentado ao Conselho Editorial, a obra de José Dettoni causou estranheza, principalmente por tratar o repente, estilo de poesia musicada geralmente associada ao nordeste brasileiro, com tons de galpão gaúcho, acompanhado pela viola ou acordeão. O lançamento do livro será realizado em cerimônia no dia 18 deste mês, às 19h30, no auditório da Faculdade São Lucas.
De acordo com o autor José Dettoni, o repente, a arte popular do verso improvisado, apresenta-se como tema de reflexão acadêmica por ser um tema pouco ou nada explorado pelos filósofos. “Pode até não ser um grande tema, mas por trás dele podem estar grandes valores antropológicos, e o que nos ocupa é a descrição fenomenológica e o desvelamento desses valores porque o repente permite que retomemos uma ideia e busquemos o aprofundamento, procurando fazer aflorar o que está no subsolo, no mais profundo, ou seja, os valores que subjazem a toda manifestação poético-popular dessa arte efêmera”, destaca. Dettoni disse que o repente é um assunto do qual sempre gostou por ser popular no campo da arte. “Pensei em fazer um trabalho filosófico sem estar direcionado aos filósofos, levando em conta que a produção de versos improvisados, unindo poesia e música, é algo simplesmente fantástico e motivador. Daí ter decidido destacar os valores antropológicos como proposta para mostrar os valores humanos nessa arte efêmera”, informa o autor. (Reveja entrevista de José Dettoni concedida ao jornalista Sérgio Melo no Papo News).
Tem valor uma arte produzida sem perspectivas de continuidade? José Dettoni entende que sim, especialmente quando essa arte se preocupa em transmitir informações que proporcionam reflexões sobre os valores humanos. “Uma arte normalmente é produzida para ser permanente, visando a sua imortalidade. Mas, a arte efêmera, num contraste histórico e cultural, evidencia que a vida é passageira, que a vida é o presente e que temos que aceitar que somos seres mortais. Como arte efêmera, o repente não se preocupa com a imortalidade, mas faz-nos entender a nossa condição de simples passageiros e mostra ao homem a importância de vivenciar cada momento”, argumenta o escritor. Dettoni diz que “O Repente: Valores antropológicos da arte efêmera” é um livro que busca proporcionar reflexão sobre os valores humanos, baseando-se na liberdade e no lúdico, e consiste numa questão de inspiração sobre o quanto é fundamental valorizar a vida.
O livro dá um enfoque na infancialidade como uma conquista de vida, oferecendo oportunidade para que os adultos possam refletir sobre as características boas peculiares à infância. “Preocupa-se em mostrar que as pessoas, independentemente de sua faixa etária, precisam continuar sendo crianças, mas sem serem infantis, porque a infancialidade é uma qualidade adquirida pelos adultos que conseguem viver as características predominantes na infância, dentre as quais a espontaneidade e a ausência de preconceitos. A criança normalmente vive a infância e a vivência repentista tem essa característica”, pontua o autor, acrescentando que este seu trabalho está baseado na busca de fenômenos que possam contribuir para o aprofundamento dessa arte genuinamente brasileira. Gaúcho da cidade de Ilópolis, José Dettoni é Repentista, Formado em Filosofia e Direito, com Especialização em Orientação Educacional, Mestrado em Filosofia e Doutor em Educação pela Unicamp (Universidade de Campinas/SP). Por 15 anos foi docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina), foi Reitor da UFRO (Universidade Federal de Rondônia), Diretor Acadêmico da Faculdade São Lucas e agora o seu Chanceler.
Fonte: Chagas Pereira
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