Terça-feira, 12 de agosto de 2014 - 11h10
Mais de 300 pessoas acompanharam o lançamento do documentário “As Nove Luas” na noite desta segunda-feira (11), na Casa de Cultura Ivan Marrocos, em Porto Velho. A produção relata o processo de criação e montagem do espetáculo que leva o mesmo nome. Após percorrer quatro municípios do estado, a Cia de Artes Fiasco escolheu a capital para finalizar a agenda de apresentações da montagem. Já o documentário deve seguir rodando o país inteiro.
Estudantes, classe artística e o público porto-velhense em geral acompanhou a última apresentação de “As Nove Luas” que, de acordo com a produção, foi assistida por mais de 2,4 mil pessoas em 15 dias de temporada, passando pelos municípios de Cacoal, incluindo o distrito de Riozinho, Ji-Paraná, Ariquemes e Candeias do Jamari, recebendo uma avaliação positiva do público. A peça busca estabelecer uma reflexão sobre a cosmologia indígena a partir da lenda do boto e como essa mitologia serve para justificar abusos sofridos por meninas ribeirinhas.
A atriz Ana Paula Venâncio, que integra o elenco de “As Nove Luas”, avalia a passagem da companhia pelo interior do estado, que pôde se apresentar para comunidades mais distantes, não tão acostumadas às produções teatrais da região. “Foi muito gratificante, prazeroso para nós, artistas, porque o intuito é esse. Nós não fazemos teatro para só uma determinada classe, mas sim para que todos possam ver, ler, ouvir, de forma geral”, diz.
Sobre o documentário, Ana Paula revela que todos estavam ansiosos, por nem mesmo o elenco conhecia o resultado final. Segundo ela, além de relatos de mulheres que sofreram abusos, o documentário também apresenta depoimentos de profissionais e estudiosos acerca do tema.
Para Jhon Santana Silva, “As Nove Luas” se trata de um espetáculo diferente, provocador, sensível, que, aliado ao documentário, que traz relatos reais de mulheres de comunidades ribeirinhas, vítimas desses abusos, tem utilidade social. “A gente percebe todas as perspectivas em cima deste tema, tanto social, antropológica, jurídica, artística. É uma iniciativa louvável”, salienta o espectador.
A estudante Jaíne Dantas, de 16 anos, conta que chegou até ao espetáculo através dos professores e que a encenação, assim como o documentário, lhe trouxe aprendizados sobre a situação de abusos. “Também serve como um alerta. A gente sabe que na nossa cidade isso acontece muito, então se alguém vir, ou perceber, deve comunicar uma autoridade”, diz a jovem.
Em 2013 a Cia de Artes Fiasco foi contemplada com o prêmio Funarte de Teatro Myrian Muniz e desde o dia 27 de julho já percorreu as cidades de Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Candeias do Jamari. Desde o dia 2 de agosto a companhia apresenta seu espetáculo em Porto Velho.
Sobre a Cia de Artes Fiasco
Dirigida pelo dramaturgo Fabiano Barros, a Cia de Artes Fiasco vem se dedicando desde 2001 a pesquisas nas áreas de teatro, dança e performances. Apoiando-se nas mais diversificadas experimentações, foca os trabalhos na realidade do cotidiano amazônico, desenvolvendo uma investigação sustentada nos vários cenários étnicos, respeitando a realidade e o imaginário dos povos, concentrados na presença do artista, considerado a essencial ferramenta para o fazer artístico da companhia.
Ficha Técnica
O elenco do espetáculo é composto por Ana Paula Venâncio, Gisele Stering, Marcela Bonfim e Adrian Shasse, e conta com direção musical de Rinaldo Santos e direção de Fabiano Barros.
Direção e dramaturgia: Fabiano Barros
Cenografia e objetos: Fabiano Barros
Confecção de cenografia: Ismael
Figurinos: Michele Saraiva e Fabiano Barros
Maquiagem: Michele Saraiva e Fabiano Barros
Luz e operação: Fabiano Barros, Marya Braga e Osias Cardoso
Música e direção musical: Rinaldo Santos
Preparação de elenco: Michele Saraiva e Cláudio Zarco
Imagens (vídeo e fotos): Michele Saraiva
Programação visual: Michele Saraiva
Direção de produção: Marya Braga
Idealização do projeto: Cia de Artes Fiasco
Apoio técnico: Cláudio Zarco, Luiz Reis, Michele Saraiva, Maria Braga Osias Cardoso
Fonte: Folk Produções
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