“Cultura é investimento e não gasto”. A frase é do presidente da Fundação Cultural de Porto Velho (Funcultural), Marcos Nobre, proferida no contexto de algumas explicações dadas acerca de três shows realizados recentemente com apoio municipal. Segundo os cálculos da Funcultural, cerca de 635 mil reais foram aplicados nos eventos, sendo eles o show com a Banda Cidade Negra, o show com o cantor Alceu Valença e o show do cantor gospel, Fernandinho, que encerrou o evento “Marcha para Jesus”, na última quinta-feira (18).
Além de cumprir com a atribuição constitucional de possibilitar acesso da sociedade a produtos e serviços culturais, a Funcultural, por meio dos eventos, pode ajudar a fomentar mais a economia municipal. Essa afirmação de Nobre tem por base o cálculo do quantitativo geral de público dos eventos, em cerca de 85 mil pessoas, considerando dez mil no show do Cidade Negra, vinte e cinco mil no do Alceu Valença e cinquenta mil no do Fernandinho, em conformidade aos dados passados pela Polícia Militar. “Essa multidão deve ter gasto numa média mínima de dez reais, cada um seja com combustível, transporte público, lanche, água ou outras coisas. Isso significa um fomento de, pelo menos, uns 850 mil reais na economia municipal, valor superior ao que foi investido pela Funcultural nos shows. Assim, afirmamos que cultura não significa gasto para os cofres municipais, mas investimento”, frisou.
Nobre salientou também a presença na cidade de muitas pessoas atraídas de outras regiões para acompanharem os eventos. Isso significa considerar gastos com hotéis, lanchonetes, restaurantes e táxis. Também houve estímulo às atividades dos pequenos ambulantes e dos profissionais ligados a realização de grandes eventos, tais como técnicos de som, de palco, de iluminação etc.
Nobre disse que a Virada Cultural em São Paulo conta com investimentos da ordem de 14 milhões de reais e que esse investimento todo ocorre anualmente numa cidade com muitos problemas urbanos, sem que haja estranhamentos quanto a esse tipo de investimento. “A informação que a mídia nacional passa é que o show do Caetano Veloso, só o cachê, custou 150 mil reais, portanto, mais barato que os valores gastos aqui com os shows de Cidade Negra ou Alceu Valença. As pessoas não levam em conta que São Paulo e Rio de Janeiro são os eixos de cultura e que todos os artistas querem se apresentar lá. É óbvio que os gastos deles serão menores que os nossos para cada show. Depois, não existem tabelas para esses espetáculos. Cada artista cobra o que quer. Portanto, nossos custos são maiores para atrair os artistas e também são maiores nossos custos com infraestrutura para a realização de shows”, afirmou.
Levando em conta esses e outros pontos similares, Nobre acredita poder considerar lazer e cultura como peças fundamentais para o desenvolvimento sociocultural da região e fator eficiente de fomento à economia e ao desenvolvimento social da região. “Com base nessa certeza a Funcultural se vê motivada a continuar realizando diversos outros grandes eventos ao longo deste e do próximo ano”, finalizou o presidente.
Fonte: Renato Menghi