Segunda-feira, 18 de novembro de 2024 - 08h05
O som dos
tambores ecoou no Bumbódromo Márcio Menacho, na madrugada deste domingo (17),
em Guajará-Mirim. Apesar do atraso causado pela chuva, o Duelo
da Fronteira apresentou um espetáculo repleto de
coreografias, fantasias exuberantes e enredos que celebraram a cultura e as
lendas amazônicas.
O Malhadinho
iniciou a batalha com o enredo "Tekohá - este chão é nossa essência".
O boi contou a lenda da "Mulher-Árvore", que faz a conexão entre a
história de uma jovem e a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Para representar a
personagem, uma alegoria gigante foi exibida na arena.
Enquanto o boi
contrário permanecia em silêncio, o Malhadinho destacou a importância da Festa
do Divino Espírito Santo, uma romaria católica aquática que percorre cidades de
Rondônia e da Bolívia.
A agremiação
também celebrou a força das mulheres, com ênfase na lenda das índias guerreiras
da Amazônia, e homenageou a liderança de Tereza de Benguela, chefe do Quilombo
do Quariterê, no Vale do Guaporé.
Povos
originários dançaram em prol da preservação da floresta, enquanto pássaros
gigantes levaram a cunhã-poranga para o Bumbódromo.
“Escolhi
torcer pelo boi Malhadinho, que vai ganhar este ano”, afirmou Margareth
Maloney, economista, de 63 anos, residente em Porto Velho. Ela participou do
festival pela primeira vez.
Após a
apresentação do Malhadinho, a programação fez uma pausa.
A torcida do Flor do Campo estava ansiosa pelo início da apresentação e
deu um show de animação. Uma alegoria gigante de arara vermelha conduziu a
porta-estandarte até a arena.
A agremiação abordou os malefícios da colonização para os indígenas e a
resistência desses povos. A chegada dos europeus foi ilustrada pela alegoria de
um barco. De dentro dele, surgiu uma anaconda, protetora dos rios.
Entoada por um berrante, uma toada ressaltou a importância do pescador
em Rondônia. O boi vermelho e branco saiu de dentro da alegoria de um peixe
gigante, surpreendendo os espectadores.
A agremiação também narrou a lenda de Matinta Perera, uma bruxa que, à
noite, se transforma em pássaro e aterroriza os povos da floresta. Alegorias
gigantes foram usadas para ilustrar essa história.
“É um festival muito bonito de se ver. São muitas pessoas envolvidas,
trabalhando para que essa festa aconteça. Sou Flor do Campo desde criança”,
salientou Jaqueline Faccas, médica, de 40 anos.
O segundo dia
de festival terminou já pela manhã deste domingo (17). As apresentações, com
duração entre 2h e 2h30, são avaliadas por três jurados. Eles julgam 21 itens,
coletivos e individuais, como levantador de toadas, ritual indígena, cunhã-poranga
alegoria e lenda amazônica.
O Duelo da
Fronteira começou
na sexta-feira (15) e segue até segunda-feira (18), com
entrada gratuita. O evento é organizado pela Secretaria de Estado da Juventude,
Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), em parceria com a Associação Waraji e a
Prefeitura de Guajará-Mirim.
O evento também
tem apoio da Assembleia Legislativa de Rondônia, que destinou recursos
financeiros por meio de emendas parlamentares. “Queremos valorizar e fortalecer
a nossa cultura, além de incentivar a economia”, enfatizou a deputada Dra.
Taíssa (Podemos), que representa a região.
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