Terça-feira, 16 de dezembro de 2014 - 05h44
Nesta segunda-feira, 15, estreiou D´Água e Lama, espetáculo de dança contemporâneo contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2013 e que tem como tema a vivência ribeirinha em seus costumes. A concepção do espetáculo surgiu a partir da pesquisa fotográfica de Michele Saraiva. O material foi desconstruído e transformado em dança numa transformação que surpreende. Para o diretor Fabiano Barros é um resgate da relação do ribeirinho com suas raízes. "A coreógrafa Gilca Lobo faz um trabalho em cima da pesquisa imagética da Michele e junto com as interpretes Ana Paula Venâncio e Cecí traz ao público essa relação que essa pessoa ribeirinha tem com o rio e automaticamente com a água e a lama do rio, mostrando o que esses elementos influenciam dentro do corpo”, explica Fabiano.
A coreógrafa do espetáculo, Gilca Lobo diz que foi uma oportunidade de intensificar seu trabalho em elementos que ela já utiliza em sua pesquisa, incutindo nas bailarinas a percepção corporal de si e do outro e do espaço no qual elas trabalham. Gilca aponta a diferenciação desse trabalho que é um mergulho em outra dimensão, num tempo próprio, único, mais lento. “O tempo ribeirinho que é uma coisa tão bonita, que não é um tempo, que é câmera lenta, que a gente apelidou até que é um minuto de relógio grande, ele é mais ampliado então os movimentos eles têm um tempo próprio de ser e a relação com a argila que traz um ritual muito próprio também, só quem está manipulando que sente essa magia”. O trabalho vem sendo desenvolvido numa construção coletiva há aproximadamente dois meses com ensaios diários de aproximadamente três horas por dia.
Um dos objetivos das bailarinas Cecí e Ana Paula Venâncio foi deixar de lado os vícios urbanos e imergir no cotidiano ribeirinho através da dança. "O maior desafio pra mim foi construir novamente a identidade ribeirinha, porque pelo cotidiano a gente vem adaptando novas culturas”, diz Cecí. A bailarina Ana Paula Venâncio destaca a importância desse trabalho pela oportunidade de mostrar como o ribeirinho vive. “Os ribeirinhos tem um contato maior com a natureza, que nós da cidade não temos e isso é uma coisa fantástica porque quando a gente começa a imaginar o que seria o movimento do banzeiro, o calor do sol, o vento, a chuva, essa mistura toda e poder trazer isso para dentro do corpo e para o palco é muito bacana e o nosso propósito é transmitir essas sensações para o público através do nosso corpo”.
Cia de Artes Fiasco
A Cia de Artes Fiasco nasceu do encontro de alguns artistas da cidade de Porto Velho. Artistas de vários lugares, iniciantes e iniciados, determinaram um conceito novo de cia. onde a produção estava na luta à favor da popularização e na criação de público ativo para a cena portovelhense.
Iniciou sua pesquisa do cotidiano ribeirinho durante a construção do espetáculo teatral “As nove luas”, ganhador do Prêmio Funarte Myriam Muniz, que aborda a lenda do boto. Da busca de informações para esse projeto surgiram várias outros elementos que resgatam a história desses ribeirinhos e que a Cia pretende dar continuidade a esse trabalho. “A Cia de Artes Fiasco dá sequência a esse pensamento. A gente inicia no Nove Luas, perpassa pelo D´Água e Lama e ano que vem já temos outro espetáculo em vista que é a Ópera do Beradeiro, que vamos falar dessa questão do garimpeiro, de onde eles vêm, como são e relacionar a lenda da Yara”, afirma Fabiano Barros.
Apresentações em comunidades
Além de Porto Velho o espetáculo será apresentado em Candeias do Jamari, Triunfo, Santo Antônio Associação Comunitária e Comunidade São Carlos, oportunizando, principalmente aos ribeirinhos a se verem através da dança, a identificarem seus movimentos na coreografia de D´Àgua e Lama.
Ficha Técnica
Direção Geral: Fabiano Barros
Direção coreográfica: Gilca Lobo
Fotografia: Michele dos Santos Saraiva
Intérpretes: Cecí e Ana Paula Venâncio
Direção Musical: Bira Lourenço e Rinaldo Santos
Produção: Marya Braga
Técnica: Osias Cardoso e Davi Macieira
Serviço
Espetáculo de dança D´água e lama
Data: 15 a 20 de dezembro
Horário: 20h
Classificação: 12 anos
Duração: 30 minutos
Entrada gratuita
Local: Sesc Esplanada
Endereço: Av. Presidente Dutra, 4175 - Olaria
Fonte: Eliane Viana
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