Quarta-feira, 14 de maio de 2014 - 06h40
Agência Brasil
Os casos de violência e discriminação de gênero e orientação sexual trouxeram a fotógrafa Diana Blok ao Brasil. Nascida no Uruguai e radicada na Holanda, Blok chegou a terras brasileiras em setembro do ano passado com a missão de retratar a nobreza daqueles que “escolhem vias diferentes do padrão normal”. Passaram pelas lentes da fotógrafa, anônimos e famosos, como o cantor Ney Matogrosso e a cantora Ellen Oléria.
Diana esteve no Rio de Janeiro e em Brasília retratando a vida de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros em fotografias, vídeos e discussões sobre a temática. O trabalho "Eu te desafio a me amar" poderá ser visitado a partir de hoje (14) no Museu da República em Brasília. No dia 31, será levada para a Estrutural, cidade do Distrito Federal a aproximadamente 8 quilômetros da região central de Brasília. No Rio de Janeiro, a exposição passou pelo Complexo de Favelas da Maré e, a partir do dia 17 de maio, poderá ser visitada na sede da Anistia Internacional, em Laranjeiras. A programação está disponível no site da fotógrafa.
“Busco expressar o valor humano das pessoas. Para mim, é importante a nobreza dentro de cada ser humano. Entre nós, há uma diversidade incrível. Há muita gente linda, que vive com muito amor e respeito às coisas essenciais”, diz a Diana. “O Brasil tem índices altíssimos de homofobia. Quero conseguir pela arte, mostrar e trasnformar esse cenário”. destacou. A jornada da fotógrafa em defesa das minorias começou no início da carreira. “São pessoas com muita coragem de vida. Travestis e trans têm muita coragem”, diz.
A exposição de Diana faz parte da agenda do mês internacional contra a homofobia. O dia internacional é no próximo sábado (17). No país, o projeto está sob responsabilidade do Instituto de Estudos Socioeconômicos, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que atua na promoção dos direitos humanos no Brasil e no mundo.
Este ano, a luta contra a homofobia foi tema da 18ª Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, um dos maiores eventos em prol da diversidade sexual do mundo. Em 2013, segundo o Grupo Gay da Bahia, foram contabilizados 312 assassinatos, mortes e suicídios de gays, travestis, lésbicas e transexuais brasileiros vítimas de homofobia e transfobia. Estão incluídas a morte de uma transexual brasileira no Reino Unido e um gay morto na Espanha. A média é que ocorraa uma morte a cada 28 horas.
Um contator disponível na página do grupo, mostrava que, até ontem (13), foram documentados 131 homicídios no Brasil. Além disso, o Grupo Gay da Bahia estima que 44% de todos os casos de homofobia letal no mundo, ocorridos em 2012, ocorreram no Brasil.
“A homofobia, além de se constituir uma cultura, vem ganhando ares de palco eleitoral de políticos oportunistas, que alimentam o ódio de um setor que não respeita as liberdades individuais e acredita ter o direito de ditar comportamentos baseados em seus próprios códigos de conduta. Entram aí o fundamentalistas religiosos, os remanescentes nazistas e reacionários de toda sorte”, analisa o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), conhecido por defender a causa LGBT na Câmara dos Deputados.
Para ele, a questão da homofobia assemelha-se ao racismo. “Décadas depois da criminalização do racismo, a sociedade não está preparada para casos de racismo porque ela não se enxerga como racista”. Segundo levantamento feito pela equipe do deputado, há cerca de 40 projetos em tramitação que tratam do tema. No Senado, está o Projeto de Lei 122 de 2006, que tipifica a homofobia como crime, uma das principais bandeiras da parada gay paulista.
Há também projetos que, na opinião de ativistas, incentivam a homofobia, como o recentemente reapresentado Projeto de Decreto Legislativo nº 1.457, de 2014, que susta os efeitos da Resolução nº 1, de 22 de março de 1999, do Conselho Federal de Psicologia, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. Projeto que no ano passado foi apelidado de cura gay.
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