Segunda-feira, 26 de julho de 2021 - 15h04
O Governo de Rondônia por meio da Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e do Lazer (Sejucel) entregou neste domingo (25), no Teatro Guaporé, as comendas do 1º Prêmio Tereza de Benguela a 15 mulheres negras selecionadas pelo Conselho Estadual de Cultura em comemoração ao Dia da Mulher Negra que foi instituído pelo Governo Federal, através da Lei nº 12.987/2014.
O governador Marcos Rocha relembrou logo após receber o troféu Tereza de Benguela, que sua bisavó era negra nascida no Rio de Janeiro e destacou que “a homenagem marca o Dia da Mulher Negra celebrado em 25 de julho também em âmbito estadual. Essa comenda é mais do que justa para essas mulheres pela contribuição cultural das populações negras na construção da nossa nação, cuja cultura precisa estar alicerçada no princípio da igualdade racial das populações nacionais e estaduais, contribuindo na construção de uma cultura de paz e tolerância”, ressaltou o governador.
A data de 25 de julho institui também o marco à “Memória de Tereza de Benguela e o Dia da Mulher Negra”, que foi instituído por meio da Lei nº 4.266/2018. Segundo o superintendente da Sejucel, Jobson Bandeira, “o Estado reconhece Tereza de Benguela como um símbolo do papel da mulher negra como guardiã da cultura dos afrodescendentes no Estado de Rondônia. Queremos homenagear essas mulheres em vida. Essas ações contribuem para o desenvolvimento de relações mais ecumênicas, levando a uma reflexão sobre a necessidade de um convívio mais harmonioso e pacífico entre os seres humanos”, explicou o superintendente.
A data do Dia da Mulher Negra foi inspirada no Dia da Mulher Negra Afro latino Americana e Caribenha (dia 31 de julho), criado em julho de 1992. O Dia da Mulher Negra é comemorado desde o início do século XXI e tem por objetivo valorizar as contribuições culturais das mulheres negras de todo o país e exaltar seu papel na constituição do tecido cultural e social nacional.
Essa data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no Vale do Guaporé na antiga capitania do Mato Grosso e Cuiabá, no século XVIII, tendo liderado o Quilombo do Quariterê ou Piolho.
Ao falar em nome das homenageadas a professora Úrsula Maloney destacou todas as mulheres negras inclusive as que não estão mais aqui, a exemplo da professora Aurélia Banfield entre outras muitas que atuaram em prol da educação de Rondônia. “Já sofri muita discriminação, mas não me abalo. A cor da pele não nos define. Somos todos brasileiros e filhos de Deus”, salientou a homenageada.
A professora Eunice Luíza Johnson, conta que foi aluna da professora Aurélia no Colégio Barão do Solimões e também foi uma das homenageadas. Com um currículo invejável, Eunice Johnson foi a primeira professora do Estado a concluir o mestrado no Rio de Janeiro, voltou a Rondônia para contribuir na fundação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Hoje aos 79 anos ela agradeceu o reconhecimento. “A gente não trabalha pensando em recompensa. O que nós fizemos foi para engrandecer, modificar uma situação visando o crescimento. Eu comecei a trabalhar no magistério nos anos 50 e não era fácil, mas tive o incentivo dos meus pais, mesmo com toda discriminação que era muito forte, mas eu consegui. Naquela época chamavam os pais de crianças negras e diziam que era melhor dar uma carroça para os filhos porque estudo não era para eles. Aquilo me rasgava a alma”, relembra a professora homenageada.
Rosalino Mendes, recebeu a comenda em nome da irmã Aniceta Mendes de 80 anos, descendente direta de Tereza de Benguela e que continua morando na comunidade do Quilombo Pedras Negras no distrito com o mesmo nome em São Francisco do Guaporé. “Estou muito emocionado e agradeço a homenagem que considero justa. Representa o reconhecimento por tudo que ela fez na comunidade do Vale do Guaporé”, salientou.
A ativista cultural Marcela Bonfim também foi homenageada por indicação do Conselho Estadual de Cultura. “Hoje comemorar essa data em âmbito Estadual é para gente muito significativo. É esse amanhã que a gente vem construindo, então para mim hoje mais um passo do Poder Público em relação a a esses movimentos que o negro mesmo faz por si só, o indígena também que é a reparação. Isso é bastante positivo, ver as coisas acontecendo, mas sabemos ainda que tem muito por vir”, destacou a homenageada.
Durante o evento houve também diversas apresentações de capoeira, além de outras exibições de cultura e religiões afro-brasileiras.
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