Sexta-feira, 23 de julho de 2021 - 18h13
O Governo de Rondônia, por meio da Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), vai promover no domingo (25), às 18h, no Teatro Rio Guaporé, em Porto Velho, o primeiro prêmio Tereza de Benguela, com o objetivo de promover um intercâmbio entre a comunidade acadêmica e os agentes desenvolvedores e criadores de atividades artísticas e culturais no Estado. Durante o evento, haverá apresentações de capoeira, entre outras exibições de cultura e religiões afro-brasileiras.
O evento irá homenagear 15 mulheres negras com a Comenda Tereza de Benguela, estabelecendo um debate sobre a contribuição cultural das populações negras na construção de uma nação, cuja cultura seja alicerçada no princípio da igualdade racial das populações nacionais e estaduais, contribuindo na construção de uma cultura de paz e tolerância, além de propor formas de combate às práticas de intolerância racial, especialmente em relação às mulheres negras, considerado como grupo feminino mais vulnerável às práticas de discriminação por meio de palestras.
O superintendente da Sejucel, Jobson Bandeira, diz que ações como essa contribui para o desenvolvimento de relações mais ecumênicas, levando os participantes a uma reflexão sobre a necessidade de um convívio mais harmonioso e pacífico entre os seres humanos.
Ainda, o titular da pasta acentua que de modo geral, “ainda são raros os livros que tratam desses brasileiros e brasileiras que pertencem a populações indígenas e negras, como é o caso da rainha Tereza de Benguela, que irá ajudar em melhorar a autoestima dessas comunidades, por outro lado, contribuindo na construção de uma sociedade mais solidária, tolerante e fraternal”.
DIA DA MULHER NEGRA
Celebrado em 25 de julho, o Dia da Mulher Negra foi instituído pelo Governo Federal por meio da Lei nº 12.987/2014. Em Rondônia, a data valoriza a “Memória de Tereza de Benguela”, por meio da Lei nº 4.266/2018, que a reconhece como guardiã da cultura dos afrodescendentes do Estado de Rondônia.
TEREZA DE BENGUELA
Em Rondônia, uma grande parcela da população negra é constituída por descendentes de remanescentes quilombolas, provenientes do Vale do Guaporé, representando uma importante parcela da sociedade nacional, trabalhando, produzindo e gerando riquezas, mantendo importantes tradições culturais e lutando pelo estabelecimento de maior igualdade social.
Na história regional, a rainha quilombola Tereza de Benguela, que no Século XVIII, estabeleceu seu quilombo do Queiterê às margens do rio Galera, afluente do rio Guaporé, possui uma força extraordinária, pois ainda vive na memória coletiva das comunidades quilombolas e ribeirinhas do Vale do Guaporé, tendo deixado frutos que foram colhidos e ampliados no Século XX.
Ao longo do Século XX, mulheres negras de origem barbadiana e caribenha, destacaram-se uns dos primeiros grupos nacionais de enfermeiras negras, atendendo a princípio, no Hospital da Candelária e ainda hoje, suas descendentes atuam na cultura e na formação profissional em Porto Velho.
De acordo com o técnico encarregado pelos assuntos referentes ao Patrimônio Histórico e Cultural da Sejucel e doutor em Ciência Política, Alécio Valois Pereira de Araújo, Tereza de Benguela nos faz refletir sobre os papéis desempenhados por mulheres negras na construção de uma sociedade brasileira, cuja cultura seja pautada na tolerância, tendo em vista que, desde a escravidão até os dias atuais, se faz necessária a celebração das conquistas culturais, convidando os participantes a uma reflexão sobre o lugar da mulher negra na sociedade.
PRÊMIO
Durante o evento, serão homenageadas 15 mulheres negras com a distinção honorífica com a Comenda Tereza de Benguela por seus trabalhos em prol da construção de uma cultura de paz, tolerância e igualdade racial. Cinco mulheres serão escolhidas pelo poder público e outras cinco, serão escolhidas pelo Conselho Estadual da Promoção da Igualdade Racial (Cepir).
Para o superintendente da Sejucel, o evento será especial para mostrar que a sociedade pode ser alicerçada no princípio de igualdade racial, solidariedade e tolerância. “Estaremos dando visibilidade e voz a população negra, mostrando o protagonismo destas guerreiras, herdeiras de Tereza de Benguela, que tanto contribuíram e contribuem na construção da identidade cultural de nosso Estado e da nação brasileira”, conclui.
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