Quinta-feira, 6 de março de 2025 - 19h04
O Itaú Cultural apresenta de 6 a 16 de março o Conexões Norte Sul,
programação com foco nas artes cênicas produzidas no Rio Grande do Sul e em
Rondônia, pontos extremos do Brasil, e em suas peculiaridades e dificuldades de
circulação em um país de dimensões continentais. Com parceria do Sesc/RS e curadoria
de Jane Schoninger, coordenadora de Artes Cênicas, Visuais e Arte Educação da
instituição (Porto Alegre/RS) e Andressa Batista (Porto Velho/RO), artista,
gestora e produtora cultural, a grade reúne
espetáculos de linguagens e temáticas diversas e encontros reflexivos. Os
espetáculos serão realizados na Sala Itaú Cultural e no Bulevar do Rádio –
espaço ao ar livre, entre o IC e o Sesc Avenida Paulista.
Com linguagem teatral, os gaúchos apresentam danças
contemporâneas e urbanas e o teatro de manipulação de bonecos para tratar de
temas como etarismo, questões sociais e a literatura que inspira as artes
cênicas. A temática dos rondonienses passa pela expressão circense e do teatro
e gira em torno de questões raciais e de reflexões sobre o estado de espírito
dos artistas dentro e fora do palco.
“O Conexões
Norte Sul surge da necessidade de falarmos sobre circulação de espetáculos
produzidos em um país tão grande como o Brasil. Percebemos essa urgência
acompanhando programações em estados como Rondônia e Rio Grande do Sul”, conta
Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Curadorias e Programação Artística do Itaú
Cultural. “Observamos que o Norte ainda tem uma barreira geográfica que
dificulta a circulação de suas produções. No Sul, as consequências das
enchentes do ano passado ainda impactam fortemente as produções artísticas. O
resultado dessa tragédia persiste, mas já não é pauta para a mídia”,
complementa ela, que acrescenta: “Dividir essa curadoria com o Sesc RS traz
para perto um parceiro que também trabalha a proposta de fazer circular pelo
país espetáculos vindos de diferentes regiões, assim como oferece um olhar de
dentro de um dos estados atualmente mais impactados pela dificuldade de fazer
suas produções irem além das fronteiras.”
Para Jane Schoninger, “as produções de artes cênicas destes dois estados
sofrem dificuldades para conseguir espaços nas demais regiões do país, e é
sentida a necessidade de estabelecer conexões com esses outros locais, de
apresentar o que está sendo produzido localmente”. E a coordenadora do Sesc/RS pontua
ainda: “Sabemos que o desenvolvimento de uma cena
também se abastece dos intercâmbios entre os diferentes territórios. São
lugares que ainda arcam com as consequências de catástrofes climáticas
ocorridas no último ano. Aqui, por terras gaúchas, toda uma cadeia de
profissionais que recém superavam o período pandêmico, retomando ou recuperando
rotinas antigas, inventando novos caminhos, tiveram que enfrentar o cenário perverso
da histórica enchente. O Conexões Norte e Sul evidencia essa cena, traz
para a conversa uma produção que está ausente da maior parte das programações.
É a ausência no centro do debate”.
Como todas as atividades do Itaú Cultural, a programação é gratuita. Os
ingressos devem ser reservados na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú
Cultural
www.itaucultural.org.br, a partir das 12h
da terça-feira da semana da apresentação. A exceção são as ações que
acontecerão no Bulevar do Rádio (na), as quais são abertas ao público.
Primeira semana
A programação Conexões Norte Sul abre no dia 6 de março (quinta-feira), às 20h, na Sala Itaú Cultural, com o espetáculo gaúcho de dança contemporânea Novos Velhos Corpos 50+, que é reapresentado no dia seguinte, no mesmo horário. Com a proposta de ser uma coreografia-manifesto, a peça leva à cena uma mistura de dança, ao vivo, teatro e projeção de imagens de vídeo para falar sobre longevidade, desafiando preconceitos e estereótipos sobre o envelhecimento.
Nessa celebração à dança e à vida, as forças e as fragilidades são simbolizadas pelo jogo de aproximações e afastamentos feito pelos dançarinos em cena. Esses corpos, que se movem com prazer, sensualidade, humor e leveza, são de um elenco composto por artistas com mais de 56 anos: Eva Schul (76), Eduardo Severino (63), Mônica Dantas (56), Robson Duarte (63), Rossana Scorza (57) e Suzi Weber (60), que também assina a direção do espetáculo.
A questão etária também está presente no espetáculo rondoniense Meu Amigo Inglês, que os circenses Chicão Santos e Flávia Diniz apresentam no sábado e no domingo (dias 8 e 9), respectivamente às 20h e às 19h. A história se passa em um circo, onde um casal de palhaços faz o público rir, quando está no picadeiro. Fora do palco, no entanto, a realidade bate diferente: eles são simplesmente marido e mulher, com as dificuldades cotidianas e enfrentando um inimigo silencioso e desleal, o mal de Parkinson.
O texto revela os bastidores da arte, quando os artistas são pessoas comuns, sujeitas aos mesmos sofrimentos e alegrias das outras. Embora mostre as fragilidades do dia a dia longe dos holofotes, a peça também traz pitadas de humor, uma vez que seus personagens são eternamente palhaços, dentro e fora do picadeiro.
No mesmo fim de semana, às 15h do domingo, dia 9, a programação segue do lado de fora do prédio do Itaú Cultural, com a apresentação de Ensaio Geral no Bulevar do Rádio. Neste espetáculo de Rondônia, e igualmente de linguagem circense, o Palhaço Pingo interpretado por Klindson Cruz, compartilha com o público a sua aflição ao fazer um ensaio geral na véspera da estreia e notar a ausência da diretora. Ele faz uma analogia a essa situação a bordo de um barquinho que aprendeu a velejar sem direção.
Novas conexões
Na quinta-feira e sexta-feira (dias 13 e 14), às 20h, tem mais uma produção de Rondônia. Trata-se de A Cabeça de Tereza, peça com dramaturgia e atuação da multiartista e mulher afroamazônida Jam Soares
A trama dirigida por Luiz Lerro se passa em 2035, quando a defensora pública e ativista dos direitos humanos Tereza Sankofa se torna uma foragida procurada pelo regime antidemocrático Estado Fundador que condena à pena de morte quem infringir suas determinações: pessoas não brancas não podem exercer funções de poder; é proibido se rebelar contra o Estado Fundador e ter lembranças é um ato subversivo.
Encerrando a programação, no sábado e no domingo (dias 15 e 16) são apresentadas duas produções gaúchas. Uma delas é o espetáculo de dança breaking Trivial – Um Espetáculo de B-boys, que sobe ao palco do Itaú Cultural no sábado (dia 15), às 20h, e no domingo (dia 16), às 19h, com direção e coreografia de Driko Oliveira.
Em cena, a B-girl Naju e os Bboys Daniel Cavalheiro, T2, Deaf, B-Boy Julinho RC e César RC mostram o paradoxo existente entre as trivialidades cotidianas de jovens dançarinos de periferia e as suas realidades diárias como profissionais liberais, pais de família e membros de uma sociedade desigual. Nesse ambiente, o breaking é, ao mesmo tempo, uma forma de expressão e uma profissão, que os sustenta emocional e financeiramente.
Por fim, também no domingo, mas a partir das 11h, a mostra Conexões Norte Sul toma mais uma vez o Bulevar do Rádio, com o espetáculo de manipulação de bonecos Teatro dos Seres Imaginários, da Cia. Seres Imaginários. Inspirada no Livro dos Seres Imaginários (1957), dos escritores argentinos Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero, a montagem traz como personagens criaturas oriundas de mitologias, religiões e da imaginação de autores universais.
A encenação acontece em uma caixa de tecido suspensa a 1, 5 metro do chão, com escotilhas na base para que os espectadores coloquem a cabeça e acompanhem tudo o que se passa ali dentro à altura dos olhos. Os personagens sobrevoam neste espaço cenográfico, proporcionando ao público um mergulho em um universo inesperado, no qual o próprio Borges surge como um personagem ilustre. As apresentações acontecem em sessões de 10 minutos assistidas por até 18 pessoas, ao longo de três horas.
Além da cena, debates
Em paralelo às apresentações, a programação Conexões Norte Sul conta com momentos de olhares mais profundos sobre os espetáculos, assim como com mesas sobre a circulação e os modos de produção nestes territórios.
Pulsações é um bate-papo realizado pelo Itaú Cultural, com a participação de artistas, espectadores e um especialista das artes cênicas, é um deles. Os encontros acontecem às sextas-feiras e sábados, sempre após os espetáculos apresentados na Sala Itaú Cultural: no dia 6, depois da apresentação de Novos Velhos Corpos 50+; no dia 8, após Meu Amigo Inglês; no dia 13, na sequência de A Cabeça de Tereza; e no dia 16, após Trivial – Um Espetáculo de B-boys.
Nos dias 11 e 12 (quarta-feira e quinta-feira), sempre às 20h, são realizadas mesas com o propósito de mergulhar sobre a produção e a circulação de trabalhos de artes cênicas produzidos nas regiões que dão nome à programação. Na região Norte, o foco é Rondônia; na Sul, o Rio Grande do Sul.
No primeiro dia, Kil Abreu, jornalista, crítico e curador de teatro, conduz o encontro Modos de Produção e seus operários. No segundo, a conversa aborda Curadorias, circulações, com a participação de Jane Schoninger, coordenadora de Artes Cênicas do Sesc RS.
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