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Padre Júlio Lancellotti

Editora Calêndula lança Mãos de Deus, a biografia autorizada e completa de seus primeiros 75 anos de vida


Padre Júlio Lancellotti - Gente de Opinião

Escrita pelo multipremiado escritor paulistano Luiz Eduardo de Carvalho e apresentada com linguagem objetiva, predominantemente jornalística, salpicada com pontuais incursões literárias, que conferem emoção a alguns episódios narrados, Mãos de Deus – Biografia Autorizada do Padre Júlio Lancellotti conta a história do enfermeiro, pedagogo, teólogo e sacerdote Júlio Renato Lancellotti em tom quase memorialista, uma vez que é repleta de depoimentos e declarações do protagonista biografado a respeito de si mesmo, dos fatos que transcorreram em sua vida e das interações com pessoas que foram fundamentais para sua história e que, em todos os casos, marcaram sua trajetória positiva ou negativamente. Somam-se a isso, dezenas de outros depoentes a acrescentar visões diversificadas por pontos de vista coadjuvantes.

Considerando entrevistas, livros, periódicos, artigos, matérias, reportagens e participações em programas televisivos e radiofônicos, além dos artigos que ele publicou em jornais paulistanos, a monta de registros jornalísticos, bibliográficos ou acadêmicos envolvendo o relato a respeito do padre Júlio ultrapassa a casa de 900 ocorrências que foram cuidadosamente consultadas, decupadas e compiladas em Mãos de Deus, com o fito de fornecer um conjunto de informações articuladas que representa o mais largo e profundo perfil, na forma de uma biografia autorizada, já escrito a respeito deste importante personagem humanista contemporâneo.

A obra principia com um preâmbulo, no qual o autor expõe as motivações voltadas ao coletivo, seguidas das decorrentes de fomento pessoal e apresenta uma premiada crônica composta em homenagem ao biografado. O livro, a partir disso, deriva para a narrativa dos fatos circunstanciados pela história da vida do padre Júlio, desde a infância no período pré-escolar, atravessando toda sua formação, até se consumar com seu ordenamento como sacerdote.

A seguir, abre-se aos tópicos que mais marcaram sua vida eclesiástica, desde a influência de fatos históricos, de movimentos ideológicos, de mestres e ídolos, até a sua atuação junto às detentas do Presídio Feminino do Tatuapé, onde foi capelão por muitos anos; junto aos internos das diversas unidades da Febem, onde trabalhou por muitos tempo como funcionário direto e, depois, lotado na Pastoral do Menor, cuja fundamentação acompanhou desde o princípio; seu envolvimento visceral com a formulação do Estatuto da Criança e do Adolescente; a histórica luta pela abertura e manutenção da Casa Vida para o acolhimento de crianças portadoras do vírus HIV, o protagonismo expoente, desde a nascente e até os dias de hoje, na Pastoral do Povo de Rua, da qual é o vigário há exatos trinta anos.

Sempre sob duas vertentes são apresentadas sua prédica e sua práxis: a metodológica, que apresenta seus pensamentos e suas ações norteadas pelo embasamento teórico em todas as frentes em que atuou e a política, que determinou as tentativas, muitas delas exitosas, de consolidação dos resultados de sua luta como um legado permanente, mediante a instauração de marcos legais ou a incorporação em políticas públicas para assegurar a continuidade dos avanços pelos quais tanto se debateu, como, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a recente lei Júlio Lancellotti que combate a aporofobia..

Não poderiam faltar, decerto, os tantos reconhecimentos e as muitas oposições ao seu trabalho, desde os expressos em simples descontentamentos ou em orquestradas intrigas, passando pelos que tentaram constrangê-lo, denegri-lo ou derrubá-lo e culminando com circunstâncias em que ele esteve realmente em grande perigo de vida, sob ameaça de morte.

No encerramento, após um rol de mais de trinta depoimentos de pessoas e entidades ligadas ao ecumênico mundo religioso, ao político, ao social e ao de relações pessoais com ele, com juízos de cunho valorativo a respeito de sua pessoa, de suas ideias e de sua luta, são apresentadas ementas dos 268 artigos e crônicas que escreveu e publicou semanalmente por mais de 5 anos em um jornal de grande circulação em São Paulo, além de um pinga-fogo com perguntas que revelam seu perfil relacionado a assuntos mundanos e cotidianos.

O desfecho fica em aberto na expectativa dos próximos anos de sua vida que, certamente, renderão muitas outras histórias que, emanadas das mãos de Deus, convergirão para um reconhecimento ainda maior do que o juízo a respeito dos fatos narrados em Mãos de Deus possam criar na mente dos leitores dispostos a conhecerem o padre Júlio Lancellotti que, para muitos, é o mais representativo profeta vivo de nossos dias.

 

Depoimentos:

Além dos muitos entrevistados ouvidos no corpo da biografia, as orelhas do livro trazem uma apresentação escrita por Leonardo Boff e, na sessão de depoimentos, há uma série de testemunhos dados por personalidades do mundo religioso, político, cultural e acadêmico, em ordem alfabética: Ana Paula dos Santos, Dom Angélico Sândalo Bernardino, Berenice Giannella, Frei Betto, Carlos Bezerra Jr., Monja Coen, Pai Dinho D´Ogum – David Caceres, Eduardo Galeano, Eduardo Suplicy, Flávio Dino, Gabriel Chalita, Gilberto Kassab, Guilherme Boulos, Flávio Aguiar, João Campos, Pe. José Oscar Beozzo, Leandro Rodrigues, Leonardo Boff, Leonardo Sakamoto, Luiz Fernando Teixeira Ferreira, Luiza Erundina de Sousa, Maria Fernanda Elias Maglio, Marilda dos Santos Lima, Drª. Marinella Della Negra, Irmã Michael Mary Nolan, Ricardo Ramos Filho, Sheik Rodrigo Jalloul, Sílvio Almeida, Rogério Reis Bispo, Rabino Ruben Sternschein, Soninha Francine, Valdênia Aparecido Paulino Lanfranchi e Wellington Dias. Além disso, entidades como a Associação Rede Rua,          Bloco Tricolor Antifa, O Esquerdopata e Coletivo Saint George, Comissão Arns, Conectas Direitos Humanos e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, também contribuíram com depoimentos institucionais.

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