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Economia

As mudanças pós pandemia são inevitáveis


Vanderlei Oriani  - Gente de Opinião
Vanderlei Oriani

Não há mais o que discutir em relação ao debate, que já foi atual, sobre o isolamento social na pandemia do novo coronavírus. Antes até havia quem fosse contra a ideia de que o contato social deveria ser restrito aos grupos de risco, qual seja, pessoas com mais de 60 anos de idade ou que sejam portadoras de doenças crônicas, mas, esta discussão virou pó. O “Fique em Casa” parece, cada vez mais, alheado da realidade quando, o que se vê,  que o próprio povo, cansado de meses em casa, decretou o fim do confinamento. Não tem decreto nenhum mais que dê jeito. Nada, nem ninguém, vai mais fazer o povo ficar em casa. Não se trata apenas dos impactos econômicos do isolamento, que, para muitos especialistas, são maiores do que os seus benefícios em termos de saúde pública, como também os efeitos de saúde, em especial, mental. Agora o horizonte nos aponta a necessidade de pensar no futuro, ou seja, no “retorno à normalidade” ou uma nova normalidade, como querem muitos, o “novo normal”. É interessante notar que, alguns estudiosos, fazem uma analogia com o fim do século 19, que, dizem, terminou mesmo foi com as mortes da Primeira Grande Guerra e os efeitos de sua  capacidade destrutiva. Algo similar estaria acontecendo, agora, com o final do século 20, o século marcado pela tecnologia, se encerrando com um acontecimento que desafia os seus limites. De qualquer forma, chegamos a um ponto em que até mesmo, quando as pessoas estão voltando a frequentar espaços públicos, não se tem o fim das restrições. De fato, as empresas devem não somente pensar, como investir em estratégias para engajar os consumidores, criando locais que tragam a sensação de estar em casa, de se estar num lugar seguro. Ainda se observa que, mesmo onde não existem restrições legais, os bares, restaurantes, cafeterias, academias e coworkings se preocupam em redesenhar os seus espaços para reduzir a aglomeração, demonstrar preocupação com a higienização e proporcionar o acesso a produtos de higiene, como álcool em gel. Os espaços de convivência têm um grande desafio neste novo cenário. Porém, ao que parece, a pandemia acelerou as mudanças em curso, como o trabalho remoto, a educação à distância, a preocupação com a sustentabilidade e uma cobrança maior, por parte da sociedade, de responsabilidade social das empresas. Embora, na prática, não exista, como muitos desejam fazer crer, um questionamento mais profundo do modelo de sociedade capitalista. Não existe, como muitos pregam, embora isto possa ser verdade para uma minoria, uma sociedade baseado no consumismo e no lucro a qualquer custo. Há no meio empresarial, e as ações adotadas pela grande maioria dos empresários na crise provam isto, uma visão de que a própria existência de seus negócios está intimamente ligada à economia de sua cidade e ao bem estar e à renda de sua população. É evidente que, como empresários, temos que pensar no que será a vida pós pandemia. Com certeza, depois do vírus, a vida será diferente. Este período de extrema dificuldade nos obriga a pensar no futuro, a mudar comportamentos, a buscar novas formas de fazer negócios. Porém, até para mudar se passa pela economia, se passa pela necessidade de recursos e de investimentos, o que nos leva a crer que as transformações não se farão tão rapidamente quanto se pensa na medida em que, para nos recuperarmos dos efeitos desta pandemia, levaremos, no mínimo, dois anos. As mudanças são sim, inevitáveis, mas, não tão rápidas, exceto para uma minoria que teve menos problemas com a crise. 

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