Quinta-feira, 4 de janeiro de 2024 - 11h23
As Confederações Nacionais do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC), da Agricultura e Pecuária (CNA), da Indústria (CNI) e
do Transporte (CNT) divulgaram hoje (4 de janeiro de 2024) uma nota conjunta
contra a reoneração da folha de pagamento de 17 setores produtivos. Conforme o
documento, a edição da Medida Provisória nº 1.202 vai na direção oposta ao
desenvolvimento social e econômico do Brasil, pois reduz ainda mais a
competitividade brasileira, já combalida pela alta carga tributária imposta aos
cidadãos e empresários.
Na nota, as entidades destacam o equívoco, do
ponto de vista econômico, além do caráter impositivo da MP que anula decisões
recentes do Congresso Nacional, que por duas vezes em 2023 decidiu pela
manutenção da desoneração da folha de pagamento.
As quatro Confederações apontam o alto custo da
reoneração da folha de pagamento e seu impacto na empregabilidade,
competitividade e concorrência dos negócios brasileiros no mercado exterior. As
entidades corroboram a necessidade de ajuste nas contas públicas; todavia,
ressaltam o papel fundamental do diálogo para que as políticas públicas cumpram
seus objetivos, respeitando a busca das convergências e entendimentos.
Confira abaixo a nota na íntegra:
EXPRESSÃO DE OPINIÃO
NOTA DO SETOR PRODUTIVO
O setor produtivo, representado pelas entidades
empresariais da agropecuária, do comércio, da indústria, dos serviços e dos
transportes, recebeu com surpresa e inconformismo as medidas de aumento de
tributação anunciadas no final de 2023 e a forma como foram efetivadas, por
meio da MP 1202, sem diálogo prévio com as entidades e em oposição a posições
recentemente tomadas pelo Congresso Nacional.
A MP 1202 reonera a folha de pagamentos de 17
setores da economia, limita o uso de créditos tributários decorrentes de
decisões judiciais definitivas para pagamento de tributos federais e revisa o
Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Todas essas
medidas aumentam o ônus tributário que recai sobre o setor produtivo, principal
e fundamental gerador de riquezas e empregos que levam ao desenvolvimento
econômico e social sustentável.
Além de equivocada do ponto de vista econômico,
a MP 1202 anula decisões recentes do Congresso Nacional, que por duas vezes em
2023 decidiu pela manutenção da desoneração da folha de pagamento, tendo sido
derrubado o veto da Presidência da República, numa demonstração inequívoca da
vontade política.
A reoneração da folha de pagamentos aumenta o
custo de empregar no Brasil e prejudica ainda mais a competitividade da
indústria e do comércio, que já enfrentam concorrência desigual com as
importações, em especial com o comércio eletrônico internacional, que não paga
os mesmos tributos pagos pelo setor produtivo nacional. Uma situação que já nos
impõe a necessidade de questionarmos judicialmente tal equívoco. E que, se
revertida, se converterá em uma grande oportunidade para, ao mesmo tempo,
aumentar a arrecadação federal e garantir a justiça tributária entre a produção
nacional e as importações.
O setor produtivo entende a importância de se
buscar o ajuste das contas públicas para que a economia possa crescer de forma
sustentada. No entanto, o que temos observado é o aumento das despesas do setor
público e a busca do equilíbrio fiscal com o aumento contínuo da receita. O
ônus do ajuste não pode cair apenas sobre o setor produtivo. O setor público
precisa dar sua contribuição, reduzindo e tornando mais eficientes os seus
gastos. Esperamos que o próprio governo reconsidere o envio da MP 1202. E, caso
não seja esse o entendimento, que o presidente do Congresso Nacional possa
devolver a MP.
As entidades que representam o setor produtivo
consideram que o diálogo é o único caminho para que as políticas públicas
cumpram seus objetivos. O crescimento econômico e o equilíbrio fiscal são
objetivos de toda a nação. Para alcançá-los, é preciso a participação de todos
na busca das convergências e dos entendimentos. O setor produtivo está
comprometido com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
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