Quinta-feira, 20 de julho de 2023 - 09h37
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
registrou um aumento de 2,8% em julho, mostrando que os consumidores
brasileiros estão mais confiantes no emprego, no segundo semestre de 2023. O
índice, que é medido mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC), aproxima-se da zona favorável (acima dos 100
pontos), indicando uma recuperação do consumo após a crise econômica causada
pela pandemia.
O destaque da pesquisa foi o recorte por
gênero: embora o índice de intenção de compra esteja maior para os homens, o
otimismo das mulheres avançou mais em um ano, em relação ao emprego e ao
consumo. A intenção de consumir das mulheres aumentou 27,8%, enquanto entre o
público masculino cresceu 21%, mas ainda está em nível mais baixo (97,9 pontos
contra 100,6 dos homens). Além disso, do total de consumidoras, 40,6% apontam
que estão mais seguras no emprego atualmente, e 10,6% afirmam estar
desempregadas. Entre os homens, 42,5% afirmam estar mais seguros no trabalho, e
somente 7,8% apontam desocupação.
A maior segurança no emprego é reflexo da
geração de vagas formais, principalmente nos setores de serviços e construção
civil, que contrataram mais pessoas de menor nível de escolaridade e renda. O
indicador de satisfação com o emprego atual alcançou o maior nível desde março
de 2015 (123,8 pontos). A perspectiva profissional também avançou em ambos os
gêneros, alta de 3,5%, para os homens, e 3,3% entre as mulheres,
respectivamente).
“O aumento da confiança no emprego se reflete
na maior satisfação com o nível de consumo atual e na perspectiva de consumo no
curto prazo”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Esses dois
indicadores também já se encontram no quadrante positivo, ou seja, acima dos
100 pontos. Tadros ressalta, ainda, que a inflação corrente anual em queda e a
renda disponível maior também contribuíram para o aumento do consumo das
famílias.
No entanto, ainda há obstáculos para o consumo,
como o endividamento elevado, os juros altos e o acesso ao crédito restrito.
Esses fatores limitam a capacidade de compra de produtos duráveis, como
eletrodomésticos, móveis e veículos. O indicador de intenção de compra de
duráveis foi o menor entre os sete que compõem a ICF, com apenas 60,8 pontos.
“Temos a confiança de que a redução da
inadimplência com o programa Desenrola, do governo federal, e a queda dos
juros, esperada para o terceiro trimestre, facilitem o acesso ao crédito e
estimulem o consumo das famílias brasileiras nos próximos meses”, pontua o
presidente da Confederação.
Consumidor de rendas
baixa e média mais otimista
Conforme a economista da CNC responsável pela
ICF, Izis Ferreira, o avanço na intenção de consumir em julho foi mais
expressivo entre os consumidores de rendas média e baixa (com alta de 3%) do
que entre os consumidores de renda alta (alta de 2,4%). Segundo ela, a maior
intenção de compra entre os com menos de 10 salários mínimos foi provocada pela
melhor perspectiva profissional para os próximos meses, indicador que mais
cresceu para o grupo (elevação de 4%). Além de mais seguros no emprego hoje,
cerca de 52% desses consumidores de menor renda acreditam que terão melhores
condições de trabalho nos próximos meses, a maior proporção desde abril de
2015.
Entre os consumidores de maior renda, a
perspectiva profissional também avançou, mas em menor escala (3,5%).
Inflação em queda
favorece o consumo
A economista Izis Ferreira indica que um dos
fatores impulsionadores da expectativa de consumo das famílias foi a queda da
inflação corrente anual. Em junho de 2022, a inflação anual no Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava alta de 11,9%, apertando os orçamentos
domésticos e corroendo o poder de compra da grande maioria das famílias. Em
junho de 2023, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou
deflação dos preços, em que a inflação está aproximadamente quatro vezes menor
do que há um ano (3,2% a.a.).
“A queda da inflação foi resultado da redução
dos preços dos alimentos e dos combustíveis que são itens de grande peso na
cesta de consumo das famílias”, explica Izis Ferreira. Ela aponta que, nesse
contexto, os consumidores se sentem mais satisfeitos com o nível de consumo
atual (alta de 2,8%).
Crédito ainda é um
entrave para o consumo
“Apesar da melhora da confiança e da intenção
de consumo das famílias, o crédito ainda é um entrave para a compra de produtos
duráveis, como eletrodomésticos, móveis e veículos”, analisa a economista Izis
Ferreira. O indicador de intenção de compra de duráveis foi o menor dentre os
sete que compõem a ICF, com apenas 60,8 pontos, quando a dispersão varia de 0 a
200 pontos.
O acesso ao crédito está pior na visão de 38%
dos consumidores consultados, proporção que caiu em relação aos 42,1% de julho
do ano passado. A cada dez consumidores, quatro ainda apontam dificuldades na
contratação do crédito.
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