Terça-feira, 14 de novembro de 2023 - 15h35
O endividamento
das famílias no Brasil começou a aumentar significativamente a partir da década
do início do século. Vários fatores contribuíram para isto, mas, é evidente,
que o aumento do acesso ao crédito e seu alargamento, feito nos governos do PT,
quando houve uma expansão do crédito facilitada por políticas econômicas que
buscavam estimular o crescimento. Isto também ocorreu por causa do sucesso do
Plano Real, no governo de Fernando Henrique Cardoso, que com a estabilidade
econômica e a queda nas taxas de juros também contribuíram para um maior acesso
ao crédito por parte das famílias brasileiras. Porém, no final do governo FHC
os crediários eram, no máximo, em 10 vezes e a participação do crédito em
relação ao PIB-Produto Interno Bruto de 22%. Foi no governo Lula da Silva que
subiu para 45% do PIB e os prazos foram se alargando para 48, 60 meses até
chegar aos 96 meses, que são ofertados, por exemplo, nos consignados. Durante
este período as pessoas foram aumentando o consumo, se acostumando a se endividar
no longo prazo. O aumento no endividamento parecia uma boa coisa, pois
proporcionava maior consumo e acesso ao bens, movimentava o comércio e criou a
cultura do parcelamento, mas também trouxe grandes desafios, pois muitas
famílias passaram a se acostumar a viver endividadas e a enfrentar dificuldades
para pagar suas dívidas.
Causas
do endividamento das famílias
É preciso
ver que quando falamos do endividamento das famílias, das pessoas físicas, existem
duas vertentes que devem ser observadas: os tipos dos devedores e os produtos
que geram endividamento. E isto também varia ao longo do tempo. É fato que, nos
últimos cinco anos, o perfil dos devedores tem sido, na sua maioria, constituído
por mulheres, com jovens numa ponta e, na outra, idosos e pessoas com baixa
escolaridade. A questão dos jovens reside no acesso a cartões de crédito-muito
facilitado-que usam e não conseguem pagar porque estão sem emprego. Os idosos,
muitas vezes, quando se aposentam, enfrentam uma diminuição de sua renda.
Não há a
menor dúvida de que o cartão de crédito seja o maior fator de endividamento das
pessoas. Depois, vem o cheque especial e os empréstimos. Numa quantidade menor,
mas aparecem os financiamentos, imóveis e veículos. E, por fim, as contas de
varejo e de consumo, que por possuírem um tíquete menor e por necessidade, as
pessoas se organizam para pagar primeiro.
Quais as
causas do endividamento? Existem dois grandes fatores. O primeiro são os
imprevistos que acontecem. A pandemia foi uma prova disto, de vez que o aumento
do índice de inadimplência que estamos vendo ainda tem relação com ela, pois
muitas pessoas perderam seus empregos ou suas fontes de renda. Mas, há casos em
que nasce um filho não planejado ou alguém fica doente, um acidente, roubos, um
veículo batido, enfim há inúmeros problemas que podem desorganizar a vida
financeira. O segundo está reside na falta de planejamento. É certo que
planejar e ter controle sobre as finanças, seja através de um aplicativo, de um
formulário ou de um caderno, não faz parte da nossa cultura. Não aprendemos isto
nas escolas e nem em casa. Também vivemos num mundo consumista. E de muita
propaganda. Não é de espantar que as pessoas caiam na armadilha de querer viver
com padrões de vida que, muitas vezes, não cabem na renda familiar. Gastos
superiores a renda, sem organização, são a porta de entrada numa situação de
endividamento sem que percebam. Depois é muito mais difícil sair deste buraco.
Entrou vira uma situação muito difícil de se controlar. O bom é evitar chegar
nesta situação.
A
projeção do aumento de endividamento em Rondônia em 2024
O
endividamento das famílias brasileiras, em outubro do ano passado, correspondia
a 79,2%, ou seja, era 3% maior do que em outubro de 2023, mas estava se
mantendo estável com leve tendência a queda, embora, por conta da desaceleração
da economia aumentasse em 30% o número de famílias que confessavam não ter
condições de pagar suas dívidas, segundo os dados da Pesquisa de Endividamento
e Inadimplência do Consumidor-PEIC da Confederação Nacional do Comércio. Quando
olhamos, porém para o endividamento de Rondônia, a primeira grande constatação
provém de que, em outubro deste ano, ela é de 78,7% das famílias, ou seja, é
2,3% maior do que a nacional. E quando se compara com outubro de 2022, quando
era de 77,8%, se percebe que, ao
contrário da situação nacional, o endividamento das famílias de Rondônia piorou
1,2%. Esta situação é mais agravada ainda porque 38,6% das famílias possuem
contas em atraso e 17,1%, um aumento de 85% das famílias que dizem não ter
condições de pagar suas contas. Em resumo: 129.275 famílias estão endividadas,
63.410 possuem contas em atraso e 28.823 não possuem condições de pagar suas
contas! A situação fica pior ainda quando se observa que, também ao contrário
do padrão do país, outubro foi o sexto mês consecutivo em que o endividamento
vem aumentando. É, por esta razão, que as projeções para 2024 são muito
negativas. De uma forma ou de outra as famílias sempre gastam mais neste
período de festas e a conta chega em janeiro, de modo que as perspectivas são
sombrias. Ainda mais que o Senado aprovou, e é bem possível que seja aprovada
também na Câmara, a reforma tributária com o IVA mais alto do mundo. O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, projeta uma alíquota de 27,5%, mas, segundo a
advogada tributarista Mary Elbe, ela pode ser bem mais alta, por volta de 36%,
com as alterações que atingem as micros e pequenas empresas e o setor de
serviços. Rondônia ainda recebeu mais o presente de grego da Assembleia
Legislativa e do governador Marcos Rocha de aumento da alíquota de ICMS para
19,5%, que passa a vigorar em janeiro.
Produtos
como cigarros e bebidas vão ficar mais caros em Rondônia a partir de 12 de
janeiro. O imposto nas operações sobre
cigarros, charutos e tabacos vai a 37%. Será a maior alíquota de ICMS no estado
a partir de janeiro. Nos demais produtos, o ICMS ficará em 19,5%, enquanto a
cerveja vai ter uma alíquota de 34%, o maior imposto sobre a bebida do Brasil. As
famílias rondonienses vão ficar muito mais endividadas. Vai faltar dinheiro antes do fim do mês e o
rondoniense vai se atolar na dívida. O consumo deve diminuir, as vendas também
e a arrecadação vai cair.
Ilustração:
Educando seu Bolso.
Fonte:
Usina de Ideias, com material do Fundo Nacional Contra a Pirataria-FNCP, da
CNC-Confederação Nacional do Comércio e da Advogada Tributarista Mary Elbe
Queiroz, da Queiroz Advogados Associados.
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