Segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022 - 09h57
Após 13 meses de alta, o número de famílias que relataram ter
dívidas apresentou a primeira redução. De acordo com a Pesquisa Nacional de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o total de endividados
no País alcançou 76,1% em janeiro, representando uma queda de 0,2 ponto
percentual em relação ao mês anterior. Já na comparação anual, o indicador teve
aumento de 9,6 p.p.
Segundo a análise, a retração pode ser
explicada pelo encarecimento dos juros, que acabou freando a contratação de
dívidas neste início de ano. Os dados recentes disponibilizados pelo Banco
Central (Bacen), em dezembro de 2021, apontaram aumento de 37,2% para 45,1% nas
taxas médias das linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas. Além
disso, mesmo tendo apresentado crescimento de 10,6% em termos reais em 2021, de
novembro para dezembro, as concessões de crédito tiveram queda de 22,2% na
média diária.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros,
avalia que, apesar da pequena queda mensal, a situação ainda merece atenção.
"O endividamento segue em patamar elevado, e essa redução é reflexo de um
cenário desfavorável, em que o encarecimento do crédito pelos juros mais altos
afeta a dinâmica de contratação de dívidas dos consumidores", observa.
Na contramão do endividamento, a taxa de
inadimplência apresentou alta. O indicador registrou crescimento mensal de 0,2
p.p. e anual de 1,6 p.p., atingindo 26,4% do total de famílias no País, o maior
nível desde agosto de 2020 e a maior proporção para meses de janeiro observada
na série histórica da Peic. A parcela das famílias que declararam não ter
condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerão
inadimplentes também apresentou leve expansão, de 0,1 p.p. Na comparação com
janeiro de 2021, entretanto, o percentual contou com queda de 0,8 ponto.
Comportamentos dos grupos de renda
diferem
Na avaliação por faixas de renda, o
endividamento apontou direções distintas para os dois grupos, revertendo a
tendência predominante desde abril do ano passado. Entre as famílias com ganhos
de até dez salários mínimos, o percentual de endividados teve redução de 0,3
p.p., alcançando 77,4%, a primeira queda desde outubro de 2020. Já para a parcela
de famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, o endividamento
cresceu 0,3 p.p., atingindo a maior proporção histórica de endividados, 71,2%.
A economista da CNC responsável pela
pesquisa, Izis Ferreira, atribui esse crescimento ao avanço na vacinação e à
menor letalidade da variante Ômicron. "Com a maior flexibilização, as
famílias no grupo de renda mais elevada têm revertido suas poupanças, ampliadas
durante a pandemia, para o consumo, especialmente de serviços”, observa.
Por outro lado, no indicador
de inadimplência, as tendências entre as duas faixas foram semelhantes. No
grupo com ganhos de até dez salários mínimos, a proporção de famílias com
contas ou dívidas em atraso apresentou avanço mensal de 0,2 p.p., chegando a
29,7% do total de famílias nesse grupo. Na comparação anual, o crescimento foi
de 1,8 p.p. Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o
aumento entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 também foi de 0,2 p.p.,
alcançando 12%. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a expansão foi de 0,5
p.p
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