Quinta-feira, 26 de outubro de 2023 - 11h59
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio
(Icec) marcou 112,1 pontos em outubro, queda mensal de 3%, descontados os
efeitos sazonais. A retração do otimismo do comerciante neste mês foi maior que
a apresentada em setembro (0,7%), quando o índice atingiu 113,1 pontos. A
pesquisa, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC), apurou que este é o pior resultado desde janeiro
deste ano, quando a queda foi de 3,6%, atingindo 119 pontos.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, é
a retração mais intensa desde o começo do ano, em um momento que antecede datas
importantes para o comércio. “O setor sentiu a desaceleração da atividade
econômica, tendo uma margem de lucro mais apertada, além de a alavancagem e a
inadimplência empresarial estarem em níveis mais altos, o que desafia a gestão
de caixa”, avalia Tadros.
Queda de indicadores
O cenário geral é de queda de todos os indicadores,
no mês e no ano, com destaque para o fator de avaliação das condições atuais,
reduzido em 6,8%. Ainda segundo a pesquisa, 6 em cada 10 empresas consultadas
apontam piora na economia e no desempenho das vendas, neste início do último
semestre do ano.
Segundo dados recentes da Pesquisa Mensal do
Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após
o avanço do volume de vendas em agosto, o contexto atual é de desaceleração das
receitas e preços no varejo
Inadimplência continua crescendo
Desde a segunda metade de 2022, a inadimplência
acima de 90 dias nas linhas de crédito com recursos livres das pessoas
jurídicas cresce de forma acelerada, com 3,3% do total. Este é o maior
percentual desde agosto de 2018, conforme dados do Banco Central.
“Apesar do maior faturamento esperado nas festas de
fim de ano, quando comparamos com outubro do ano passado, a desaceleração da
atividade econômica e do varejo, com acirramento da gestão financeira das
empresas, e um consumidor mais cauteloso contribuem para que o comerciante
entre no último trimestre com menos disposição para investir na contratação
efetiva de funcionários e na ampliação dos estoques”, explica a economista da
CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira. Ela aponta que se intensificou o
movimento de redução do indicador de expectativas, tanto para o setor, quanto
para a economia e para a própria empresa, com queda de 1,6% no mês e 9,7% no
ano.
Isso vai ao encontro dos dados da pesquisa de
Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada mensalmente pela CNC,
que mostra desaceleração da intenção de compra por parte dos consumidores em
outubro, uma vez que eles estão mais cautelosos e preveem condições menos
favoráveis no mercado de trabalho, nos próximos meses.
Pessimismo nos setores de bens essenciais
A confiança do comércio de produtos de primeira
necessidade teve a maior queda em outubro (3,9%), em relação aos outros dois
grupos: semiduráveis (3,4%) e (2,7%) duráveis. Já na comparação anual, a
redução mais intensa do otimismo foi no grupo de bens duráveis (14,7%),
produtos de maior valor e que, portanto, sofrem mais com o crédito caro e
seleto.
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