Quinta-feira, 20 de abril de 2023 - 10h40
As cerca
de 1700 pessoas que formam o povo indígena Paiter Suruí habitam os 248 mil
hectares, entre os estados de Mato Grosso e Rondônia, onde fica a maior parte
do território, e se dividem em 30 aldeias. Uma delas está entre as mais
antigas, é a Lapetanha, situada na Terra Indígena Sete de Setembro, em
Rondônia, de onde surgiu um convite histórico, vindo do grande líder indígena
Almir Suruí, para que o presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Rondônia (FIERO), e do Instituto Amazônia +21 Marcelo Thomé o visitasse: “A
gente quer que o mercado valorize nosso esforço como indígenas, por isso que a
gente convida vocês para visitar nossa aldeia e falar de negócios, porque a
gente precisa se aproximar e entender um ao outro, conhecer os desafios e os
avanços, ver onde nós podemos andar juntos, valorizar nossos conhecimentos e
conservar a floresta”, afirma Almir.
Thomé
aceitou o convite e visitou o povo Paiter Suruí no último dia 23 de março. Ele
foi acompanhado por equipes de trabalho da FIERO e do Instituto Amazônia +21.
“Estamos aqui para entender de que maneira podemos trabalhar com os Suruí, que
têm uma história incrível de superação e também de iniciativa empreendedora,
muito significativa; já desenvolvem uma série de atividades, e na medida em que
a gente consiga apoiá-los, podemos construir aqui uma nova história de respeito
e reconhecimento de valores entre os povos originários e os setores produtivos
de Rondônia e do Brasil”, afirma.
A visita
começou pelo projeto local de agrofloresta, onde a comunidade trabalha desde
2005 com 32 espécies de plantas nativas, numa área de cultivo em que já
plantaram aproximadamente um milhão de mudas, produzidas de forma sustentável,
e com dicas de Almir Suruí, como: “aqueles que querem recuperar suas nascentes,
plantem plantas que vão produzir depois, e apoiar economicamente também”.
Na trilha
inspiradora da floresta Suruí, é possível contemplar alguns dos 800 pés de
castanheiras, que geram aproximadamente 80 toneladas de castanhas com o selo
FSC - certificação internacional de produtos que garante a origem responsável
dos produtos florestais.
O
reconhecimento da qualidade dos agricultores indígenas também está comprovado
pelo café robusta da Amazônia que é cultivado por eles, com o método ILPF - A
Integração Lavoura Pecuária Floresta, que é a integração de diferentes sistemas
produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Cada
família tem sua roça, e faz do seu jeito.
E por
falar em café, é lá que vive a primeira barista indígena do Brasil, Celeste Suruí,
que tem feito sucesso por onde passa.
A
Educação SESI-SENAI também esteve em pauta na ocasião. Seus representantes
integrantes da equipe, propuseram parceria para ensinamentos técnicos em
inúmeras possibilidades de formação profissional que compõem seu portfólio,
para os moradores da aldeia, como manutenção de máquinas, mecânica de motores,
instalação elétrica, sistemas hidráulicos, e ainda boas práticas de fabricação,
beneficiamento de matérias-primas, processamento de alimentos, melhorias de
cultivos, segurança do trabalho, embalagens, e o fomento do pensamento de
mercado como veículo de vendas.
O
Instituto Amazônia +21 atuará nessa parceria, reafirmando seu compromisso de
aperfeiçoamento de ações que mantém a Amazônia em pé, propondo a adoção de
modelos de governança integrada, com a idealização de um plano de
desenvolvimento completo, capaz de promover mudanças com possibilidades reais
de alavancagem e verticalização de alguns setores, como otimização da produção
de cacau, café, castanha, banana, mandioca e babaçu. Expansão do turismo.
Implantação de piscicultura, regeneração de solos degradados, destinação de
resíduos sólidos orgânicos para produtos comerciais. E geração de oportunidades
de negócios em alta, como comercialização de créditos de carbono.
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