Terça-feira, 5 de julho de 2022 - 17h21
Os pequenos negócios geram renda em torno de R$ 420 bilhões por ano, o
equivalente a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
serviços produzidos) brasileiro. A estimativa consta do Atlas dos Pequenos
Negócios, lançado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), que hoje (5) completa 50 anos.
Segundo o levantamento inédito, os negócios de menor porte injetam R$ 35
bilhões por mês na economia brasileira. A pesquisa analisou a participação na
economia de microempresas, pequenas empresas e microempreendedores individuais
(MEI).
De acordo com a publicação, os MEI geram R$ 11 bilhões todos os meses, o
que significa R$ 140 bilhões por ano. As micro e pequenas empresas geram mensalmente
R$ 23 bilhões, movimentando R$ 280 bilhões por ano.
Atualmente, os negócios de menor porte correspondem a 30% do PIB.
Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a participação poderá chegar a
40% do PIB, caso o país cresça 3% ao ano nos próximos anos. “Em países
desenvolvidos, a participação dos pequenos negócios no PIB fica em torno de 40%
a 50%. Se em 10 anos conseguirmos promover esse crescimento, toda a economia
sai beneficiada, graças ao poder que as MPE [micro e pequenas empresas] têm de
gerar renda e empregos”, avaliou.
A pesquisa constatou que, de 15,3 milhões de donos de pequenos negócios
em atividade no Brasil, 11,5 milhões dependem exclusivamente da atividade
empresarial para sobreviver. Em relação aos MEI, a proporção chega a 78%, o que
equivale a cerca de 6,7 milhões de pessoas. Entre os donos de micro e pequenas
empresas, 71% têm no negócio de pequeno porte a principal fonte de renda, o que
representa cerca de 4,7 milhões de pessoas.
Crescimento
De 2012 a 2021, o número de trabalhadores por conta própria no Brasil
cresceu 26%, passando de 20,5 milhões para 25,9 milhões. No mesmo período, o
número de formalizações entre os MEI passou de 2,6 milhões para 11,3 milhões,
alta de 323%. Isso significa crescimento mais de 12 vezes maior entre os
microempreendedores individuais, comparado com os donos de negócios que não se
formalizaram.
Segundo a pesquisa do Sebrae, 28% dos MEI atuavam fora do mercado formal
ao adotar o regime especial de pagamento de imposto. Desse total, 13% tinham
como ocupação principal o empreendedorismo informal e 15% atuavam como
empregados sem carteira assinada. A proporção de informais vem caindo ao longo
do tempo. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram retiradas da informalidade (28%
de 8,7 milhões de microempreendedores individuais em atividade), por causa do
registro do MEI.
Em relação às micro e pequenas empresas, 13% dos empreendedores eram
informais antes da abertura do negócio. Desse total, 6% exerciam a atividade
como empreendedores informais e 7% eram empregados sem carteira assinada.
Regiões e estados
O Atlas dos Pequenos Negócios também revelou peculiaridades entre
regiões e estados. O Norte tem uma das maiores proporções de jovens e negros à
frente de um negócio. No Nordeste, Sergipe é um dos estados com a maior
proporção de empreendedores. No Centro-Oeste, o Distrito Federal tem uma das
maiores proporções de donos de negócios com ensino superior.
O Sul é a região com a maior proporção de empreendedores que contribuem
para a Previdência Social. O Sudeste tem o maior número de pequenos negócios,
com três estados – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – concentrando 40%
dos donos de empresas de pequeno porte no Brasil.
Em relação aos estados, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba e Sergipe têm
as maiores participações de microempreendedores individuais entre os
empreendimentos abertos. Maranhão, Amapá, Paraná e Piauí têm a maior proporção
de microempresas na abertura de negócios. Na abertura de empresas de pequeno
porte, lideram Mato Grosso, Pará, Amazonas e Amapá.
O estado do Rio de Janeiro, o Distrito Federal e o Sergipe têm as
maiores proporções de mulheres entre donos de negócio, com 38%, 37% e 37% do
total, respectivamente. A proporção de empreendedores que se classificam como
negros (pretos e pardos) chega a 84% do total dos donos de negócios no Amazonas
e no Acre. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a proporção de negros
chega a apenas 15%.
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