Sexta-feira, 14 de março de 2014 - 09h20
Andreia Verdélio
Agência Brasil
As aulas em Porto Velho (RO) devem ser retomadas daqui a 15 dias, segundo previsão do governador de Rondônia, Confúcio Moura. Atualmente na capital e distritos, quase 2,5 mil famílias foram desalojadas pela cheia do Rio Madeira. "Grande parte das famílias está em casas de parentes e amigos, outra parte, em abrigos religiosos e em escolas estaduais e municipais. Há 15 escolas ocupadas”, disse o governador.
Ele explica que está sendo construído um novo abrigo, com apoio do Exército. “Serão barracas grandes, com banheiros químicos de qualidade, para todos ficarem concentrados. Isso facilita a estratégia de atendimento, distribuição de alimentos e água, segurança, além de abrirmos as escolas para as aulas”.
O governador esteve em Brasília esta semana e participou de várias reuniões com representantes do governo federal, buscando apoio para resolver os problemas causados pela cheia do Madeira, entre eles, o de moradia. “Em audiência com a presidenta Dilma [Rousseff], o prefeito de Porto Velho [Mauro Nazif] também se comprometeu de impedir o retorno das famílias para áreas de risco e abrigá-las em casas do Programa Minha Casa, Minha Vida”, disse Moura, ao explicar que estão sendo construídas 12 mil casas em Porto Velho – 2 mil devem ficar prontas em abril.
Segundo o governo, a presidenta Dilma garantiu que não há problema de limite de casas para Rondônia, desde que o estado faça um novo recadastramento e envie ao Planalto.
“Também temos alguns empreendimentos antigos paralisados e que dá para recuperar. São prédios inacabados, em que o valor ficou tão defasado que não tem quem continue as obras. Creio que a prefeitura [de Porto Velho] vai poder investir e abrigar a população”, explicou Confúcio Moura. Além das moradias, segundo a prefeitura de Porto Velho, 31 prédios públicos, de todas as esferas do poder, foram danificados.
Outro problema são os distritos, para onde, segundo o governador, as famílias devem repensar se voltam após a vazão do rio. “Temos distritos afogados, como eu chamo, porque não tem nenhuma casa respirando, todas estão submersas. E, embora o ribeirinho seja muito apegado à floresta, à vida extrativista, essa cheia amedrontou todo mundo. Então muitos vão pensar duas vezes se retornam”.
Para o governador, apesar de bem assistidas, as famílias abrigadas sentem o desconforto da mudança, a insegurança de estar nos abrigos sem saber quando retornam para suas casas. “Eles estão em locais sem privacidade, todos juntos, e as relações humanas começam a se deteriorar, começam a haver rompimentos. Então, temos que entender essa psicologia das tragédias para poder minimizar os conflitos entre as famílias”, disse.
O Rio Madeira alcançou ontem (13), às 15h, a marca de 19,09 metros de altura em relação ao leito. Segundo o governo, com informações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), com as fortes chuvas que ainda atingem a Bolívia e o Peru, o nível do Rio Madeira deve chegar aos 19,30 metros até o dia 20 de março. A cota de alerta do rio é 14 metros.
“É a maior cheia que se tem conhecimento e surpreendeu todos os antigos moradores. Já estou há 40 anos em Rondônia e nunca tinha visto isso acontecer”, ressaltou o governador do estado.
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