Terça-feira, 2 de abril de 2024 - 10h56
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho
Calama, lembra o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Estabelecida pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, a data de 2 de abril foi escolhida
com o objetivo de prestar informação à população e conscientizá-la para reduzir
a discriminação e o preconceito contra as pessoas que apresentam o Transtorno
do Espectro Autista (TEA).
O autismo é um transtorno de desenvolvimento neurológico que
se apresenta de diferentes formas, podendo afetar a linguagem, a comunicação, a
interação e o comportamento social. Os graus do transtorno podem ser
diferenciados, sendo que algumas pessoas podem apresentar padrões de
comportamento repetitivos, interesses fixos e hiperfoco, baixa ou alta
sensibilidade a estímulos sensoriais. Os primeiros sinais podem ser percebidos
nos primeiros meses de vida, contudo, o diagnóstico pode ser estabelecido entre
dois a três anos de idade.
No Campus Porto
Velho Calama, os alunos que apresentam TEA são atendidos pela equipe de
profissionais do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais
Específicas (Napne), que é coordenado pela Pedagoga Lívia Catarina Matoso dos
Santos Telles, Doutora em Educação Escolar. De acordo com a Coordenadora,
quando o aluno ingressa por meio de cotas, é feita a identificação, porque ele
apresenta um laudo para confirmar o direito à cota. Logo quando inicia o ano
letivo, o Napne é apresentado a todos os alunos. Aos que procuram o Núcleo, é
feito um protocolo de entrevista. Muitas vezes, o laudo que o aluno traz já
apresenta o nível do suporte do autismo, porém, nem sempre indica o nível da
necessidade educacional específica, afirma a Pedagoga.
Segundo ela, esse protocolo é feito pelas profissionais do
Núcleo, pedagogas e psicopedagogas que vão estabelecer uma avaliação psicopedagógica
que indicará qual será a necessidade de aprendizado que o aluno terá e o
acompanhamento necessário. Quando o aluno tem o suporte adequado e tem
adaptação curricular, ele consegue evoluir no curso, exemplificando o caso de
um estudante autista que terminou o Curso Técnico em Informática Integrado ao
Ensino Médio, ingressou na graduação e hoje cursa Engenharia Civil.
Atualmente o Napne do Campus
Calama presta atendimento a 21 educandos com TEA. A equipe do NAPNE é formada
por Pedagogos, Tradutores e Intérpretes de Libras (Língua Brasileira de
Sinais), Audiodescritores de Braille, Cuidadores, Psicopedagogo, Auxiliar
Administrativo e Professores voluntários. O Núcleo faz um assessoramento para o
atendimento educacional dos educandos com deficiência, transtorno do espectro
autista e com altas habilidades ou superdotação. Tem por objetivo a promoção de
ações educacionais, a partir do respeito às diferenças e à igualdade de
oportunidades, que visem à superação das barreiras atitudinais, arquitetônicas,
comunicacionais e de informação, tecnológicas, sistêmicas e educacionais. Ao
todo, são atendidos 114 educandos nas diferentes categorias educacionais
especiais.
O estudante Breno Pires Cavalcante nasceu no Distrito de
Calama, mora com os pais em Porto Velho e tem um irmão mais velho. Ele cursa o
3º ano do Técnico em Informática. Breno disse que quando veio para o Campus Calama se sentia muito incomodado
com o barulho, mas agora já está aprendendo a lidar com as pessoas. Ele
estagiou e já trabalha como Jovem Aprendiz na Coordenação de Gestão e
Tecnologia da Informação (CGTI) do campus,
onde já está habilitado para fazer montagem e manutenção de computadores. Disse
que gosta muito de pesquisar e pensa em continuar os estudos na área de saúde,
pretendendo estudar medicina ou psicologia. Também pensa em cursar Análise em
Desenvolvimento de Sistemas no próprio Campus
Calama.
João Henrique Costa Fontele tem 18 anos e cursa o 2º ano do
Técnico em Informática. Mora no Bairro Aponiã e tem uma irmã mais nova, com 15
anos. Sua mãe trabalha numa escola para adolescentes em conflito com a lei e
seu pai trabalha numa casa de ração. Estudou nas escolas Major Guapindaia e 21
de Abril. Disse que acha a escola legal, com um método de ensino muito bom.
Segundo ele, os professores sabem ensinar bem. Ele está sendo acompanhado pela
Cuidadora Educacional Aline de Oliveira, que o auxilia nas atividades.
João Henrique disse que está conseguindo acompanhar melhor
as aulas de matemática, física e química por causa da ajuda. Também disse que é
boa a sua relação com os colegas. Afirmou que futuramente quer fazer um curso
de Gastronomia, pois gosta de cozinhar e já sabe fazer tortas e bolos, bife,
frango assado e estrogonofe. Não tem dificuldade porque pesquisa receitas na
internet. Se for possível, quer ter um restaurante. Também gosta de desenhar
personagens fictícios de história em quadrinhos. Gosta das disciplinas de
História, Língua Portuguesa e de Ciências.
A Coordenadora do Napne, Lívia Catarina, disse que é
surpreendente a evolução dos alunos acompanhados pelo núcleo, destacando ainda
o talento de João Henrique com os seus desenhos.
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