Quarta-feira, 22 de março de 2017 - 09h40
Rondônia deu um salto na discussão sobre pessoas com epilepsia, essa foi a constatação dos participantes do Seminário Epilepsia em Debate realizado na terça-feira (21), no auditório da escola estadual Major Guapindaia, em Porto Velho. Representantes da rede de Educação e Saúde do Estado, da prefeitura de Porto Velho e do Ministério Público apontaram que mais que uma questão de saúde pública, o desafio é enfrentar o preconceito.
Edmilson Barros conhece essas dificuldades de perto. A esposa Andreia Maria Seixas, 36 anos e a filha Maria Eduarda, 9 anos, foram diagnosticadas com epilepsia. Diante das dificuldades que enfrentou em família ele decidiu abraçar a causa e criou em 2009 a Associação de Pessoas com Epilepsia do Estado de Rondônia (Apeeron).
‘‘Muitos epiléticos são discriminados, são mal vistos pela sociedade, comprometendo até a própria cidadania. Não consegue um emprego, porque quando consegue na primeira crise o chefe manda embora’’, desabafa emocionado. Edmilson relata que a luta é árdua e a esposa reconhece o esforço do marido.
‘‘Se não fosse ele que cuida para que eu tome os medicamentos controlados não sei o que seria de mim e minha preocupação também é com nossa filha porque se nós duas tivermos uma crise não poderei ajudar’’, conta. Com receio que a esposa e a filha tenham crises de epilepsia, Edmilson está sempre por perto.
Ele convoca outras pessoas a também se sensibilizarem com a causa e informou que na próxima segunda-feira (27) estará na Policlínica Oswaldo Cruz (POC) fazendo o cadastro de novos associados e também de pessoas interessadas em fazer parte da diretoria da associação.
COMO SOCORRER?
O palestrante e neurologista do Hospital Cosme e Damião, Sérgio da Costa Morais, explica que ainda há muito desinformação sobre a epilepsia. ‘‘Em pleno século 21 ainda tem pessoas que acham que epilepsia é contagiosa e não querem ajudar que está em uma crise comendo de entrar em contato com a baba do epilético em crise convulsiva e ser transmitida’’, considera.
O médico explica as causas da epilepsia. ‘‘A maioria das crises de epilepsias, mais de 90%, é devido causas genéticas por um erro durante a construção do cérebro durante o período da gestação. A segunda causa é hereditária, pode ser herdada de familiares e a terceira causa são aquelas que tiveram problema de oxigenação no final da gestação, o que acontece principalmente em crianças prematuras’’, aponta.
A epilepsia tem cura. ‘‘Pode acontecer espontaneamente durante o período medicamentoso ou com tratamento cirúrgico, mas nem todos atingem essa cura. A cura para epilepsia é uma graça alcançada’’. Além de combater o preconceito contra a pessoa que tem epilepsia, o médico aponta a necessidade de conscientizar a sociedade da forma correta de socorrer em casos de crises.
O seminário faz parte Semana de Estudos sobre Epilepsia e suas Manifestações Neuropsiquiátricas e Viscerais no Estado de Rondônia que segue com programação até sexta-feira (24) organizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau). O público- alvo foram educadores e orientadores de escolas estaduais.
‘‘Esse evento é importantíssimo, pois nos temos em nossas escolas crianças com epilepsia, mas somos leigos no assunto. Então esse debate vem nos proporcionar maior conhecimento nessa área, um seminário voltado para a saúde, mas muito pertinente para a educação e esperamos que daqui nossos orientadores e diretores saiam cientes de como deve ser feito o encaminhamento de alunos com epilepsia’’, avalia a coordenadora regional de Educação da Seduc, em Porto Velho, Irani Oliveira.
A gerente de Programas Estratégicos de Saúde da Sesau Delcy Mazzarelo Cavalcante, que no evento esteve representando o secretário Williames Pimentel, avalia que o tratamento aos epiléticos avançou em Rondônia nos últimos anos. ‘‘Na gestão do governador Confúcio Moura e do secretário Williames Pimentel foram contratados médicos neurologistas que estão prestando assistência em um laboratório especializado dentro da Policíclica Oswaldo Cruz’’.
E complementou: ‘‘A rede de atendimento a pessoas com epilepsia inicia com consulta na atenção básica através das unidades de saúde e posteriormente são encaminhadas para o laboratório especializado na Policíclica Oswaldo Cruz onde há neurologistas clínicos e especializados que fazem parte do Instituto Neurológico da Amazônia Ocidental (Inao)’’.
ESPECIALIZAÇÃO
O diretor do Inao, neurocirurgião André Motta de Oliveira, explica os ganhos que Rondônia teve através da parceria do governo do estado com o instituto. ‘‘O instituto é parceiro do estado de Rondônia desde 2010 , uma empresa que presta serviço terceirizado através de licitação pública e que possibilitou ao estado praticamente quadruplicar os atendimento nesta área da saúde’’.
Com essa parceria, Rondônia passou a dar um tratamento mais humanizado e com equipamentos modernos a demanda neurológica, o que inclui pacientes epiléticos. ‘‘Temos duas salas com equipamentos modernos no centro cirúrgico’’. As cirurgias para epiléticos são direcionados aqueles casos de esclerose mesial temporal, mais comum das epilepsias refratárias (Aqueles com dificuldade de controlar crises mesmo com uso de medicamento).
‘‘Para esses casos de esclerose mesial temporal, o Estado através do instituto vem desde 2012 realizando cirurgias para o tratamento dessa patologia. Temos dezenas de pacientes operados, alguns inclusive com a epilepsia totalmente controlada’’, conta o diretor. Agora o instituto busca tratar os demais casos de epilepsias refratárias através da implantação do exame de vídeo eletroencefalograma.
‘‘São pessoas que a gente não consegue detectar a lesão através do exame de imagem, precisamos do exame de vídeo eletroencefalograma que é uma unidade com estrutura de UTI que o paciente de interna por um dia e é suspenso o uso de medicamento. Ele é monitorado e filmado e no momento da crise é possível localizar a região do cérebro que perdeu o controle da eletricidade’’.
Segundo o diretor, o projeto para implantação desse exame já foi apresentado aos representantes de Saúde do Estado. ‘‘Esse é o exame que falta para a gente falar que Rondônia está independente de outros serviços nacionais em tratamento de epilepsia’’, considera. Atualmente, o Estado tem atendido cerca de 4 mil casos neurológicos, cerca de 20% devido epilepsia.
Programação:
Ações de sensibilização e mobilização sobre epilepsia
Local: Faculdade Integrada Aparício Carvalho (Fimca)
Horário: 19h
Data: 22,23 e 24 de março
Fonte
Texto: Vanessa Moura
Fotos: Daiane Mendonça
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