Quinta-feira, 29 de maio de 2014 - 20h44
A rua sem asfalto e mal cuidada denuncia a região carente, onde as casas não tem acabamento e os muros estão sujos da lama jogada pelos carros que passam. Mas o alarido dos estudantes revela um ambiente alegre. No interior da Escola de Ensino Médio e Fundamental Ulisses Guimarães, no bairro Jardim Santana, dezenas de alunos trajando quimonos brancos, têm aula de jiu-jitsu, ministrada por um voluntário, que é policial militar. “Tudo mudou por aqui. Há menos violência, a autoestima melhorou e os parceiros estão surgindo”, diz sem esconder a emoção, a professora Regina Cláudia Ramos da Silva, a diretora do estabelecimento.
A doméstica Elimara Cândido da Silva, mora no bairro Jardim Santana há 10 anos e testemunha as mudanças e comemora. “Meus netos vêm para a escola e eu fico despreocupada. Sei que a Polícia Militar está aqui para nos proteger e nos ajudar. Eles também não tem medo algum. Sabem que estão num ambiente seguro”, diz com um sorriso nos lábios.
Diferença
O que estudantes vestindo quimono e policiais fazem num ambiente escolar, num dos bairros mais distantes do centro da capital é a consequência do projeto “Polícia Militar na Escola – Exercendo e Promovendo Cidadania”. Este trabalho está reduzindo a criminalidade na região, tranquilizando a comunidade e, conforme a diretora Regina Cláudia, mostrando que é possível produzir transformações numa região onde a paz era apenas um sonho.
“Há algum tempo, não havia pessoas querendo trabalhar aqui. A escola foi furtada 17 vezes após a saída dos vigilantes. As aulas precisavam se encerradas às 17h, quando o nosso ginásio passava a ser ocupado por grupos violentos que, dizem, consumiam drogas”, lembra a diretora. Elimara, a avó que tem netos na escola complementa: “havia uma onda de estupros por aqui. Uma das vítimas foi uma senhora de 38 anos. Mas, tudo mudou”.
A mudança iniciou quando o tenente coronel Alexandre Luiz Freitas Almeida, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, que tem sob sua jurisdição o bairro Jardim Santana, foi conhecer a escola Ulisses Guimarães, pois tinha recebido informações sobre a criminalidade que afetava o estabelecimento.
Projeto
Do entendimento entre o comandante Almeida e a diretora Regina Cláudia, nasceu o projeto “Polícia Militar na Escola”, que tem como base o serviço voluntário, que é realizado por policiais. O resultado está aprovado e o tenente coronel Almeida não esconde que seu sonho é ampliar a experiência para outros estabelecimentos de ensino de sua região.
Os policiais militares que se oferecem para atuar como voluntários têm, necessariamente, que se enquadrar num perfil pré-definido. Eles ministram aulas de karatê, jiu-jitsu, futsal e voleibol. Há, ainda, iniciação musical e coral.
A diretora Regina Cláudia explica que já é possível formar uma fanfarra, mas há poucos instrumentos. Ela espera conseguir parceiros para montar a banda da escola Ulisses Guimarães.
Os policiais-voluntários atendem 1.374 alunos dos turnos da manhã tarde de noite, sendo que no turno da noite há apenas palestres. A escola oferece ainda palestras com informações sobre direitos e deveres, cidadania e advertências sobre drogas,
Cidadania
A diretora Regina Cláudia e o vice-diretor Valdeci Ramos da Silva confirmam que a ação do 5º Batalhão da Polícia Militar é fundamental para transformar a escola Ulisses Guimarães numa referência para outras regiões da cidade onde a violência prejudica a missão dos educadores. “Estes voluntários nos dão segurança, mas trazem também a cidadania. E nossas crianças sabem que não precisam ter medo. Eles estão aqui para nos ajudar”, acrescenta o professor Valdeci Ramos. A atividade ostensiva da PM continua com as rondas regulares, o que deixa a certeza de que o projeto está devidamente consolidado. A maior prova é de que a escola Ulisses Guimarães é detentora do segundo maior Índice de Desenvolvimento de Educação Básica – Ideb da Zona Leste da cidade, sendo superada apenas pelo um colégio particular.
O sucesso do projeto passa também pelas parcerias que surgem porque o trabalho tem propósitos claros. O Porto Velho Shopping, por exemplo, vai doar os quimonos para todos os alunos atendidos. E surgem, também, outras manifestações de solidariedade que vão fortalecer a escola Ulisses Guimarães como referência na educação em Rondônia.
Fonte
Texto: Nonato Cruz
Fotos: Marcos Freire
Decom - Governo de Rondônia
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