Domingo, 1 de fevereiro de 2015 - 07h55
As escolas da rede estadual se preparam para receber seus alunos para o início do ano letivo no próximo dia 3. “Estou aqui fazendo a minha parte para incentivar outros pais”, declara o conselheiro, pai e avô de alunos, Samuel Moreira Sales. Pedreiro de profissão, voluntário e membro do Conselho Escolar, que desde o período de matrículas está empenhado em contribuir para tornar o ambiente mais agradável para os 300 alunos de 6 a 14 anos que estudam na escola Luiz Soares de Cássia, na zona Leste de Porto Velho. Os recursos para a compra dos materiais são oriundos de repasses do governo do Estado para as escolas.
A equipe de reportagem visitou, além da Luiz Soares de Cássia, outras duas escolas da Zona Leste. A Maria Carmosina Pinheiro, no bairro Tiradentes e a Marcos de Barros Freire, no Ronaldo Aragão. Nos três estabelecimentos estaduais de ensino diretores e voluntários procuram melhorar o ambiente escolar para o novo ano letivo limpando, pintando ou instalando novos equipamentos.
A escola Luiz Soares de Cássia, localizada na zona Leste, completa oito anos e desde o início a família Moreira Sales a tem frequentado. “Primeiro foram os dois filhos mais velhos e agora chegou a vez da segunda geração, o filho caçula”, informa o Conselheiro. Além da pintura nas cinco salas de aula, na quinta-feira (29) ele se preparava para roçar a área. A servidora Joveniana Santos além de fazer a limpeza das salas, organizou as mesas e carteiras. “Os alunos merecem encontrar tudo arrumadinho, assim fica melhor para estudar”.
As professoras Maria Ozélia Albuquerque e Claudia Lopes, são a diretora e vice, reconduzidas ao cargo na última eleição. Segundo elas, a escola tem recebido o apoio da comunidade, que também reivindica uma ampliação com mais salas de aula. “Temos um projeto na Seduc para a construção de três pavimentos com cinco salas cada um, sendo dois para novas salas de aula e um para suporte aos professores, como sala de multimídia, biblioteca e outros”, destaca Maria Ozélia. A escola encerrou o período de matrícula com 318 alunos, para as turmas do 1º ao 5º ano. Mas segundo a diretora há uma grande demanda e o projeto prevê a ampliação para atender o ensino fundamental completo, ou seja, até ao 9º ano. Enquanto isso não acontece, os concluintes do 5º ano são encaminhados para a Escola Flora Calheiros, que está mais próxima.
Dentro do projeto Mais Educação a escola Luiz Soares de Cássia conta com seis estagiários que fazem o acompanhamento dos alunos inseridos no projeto onde, além do reforço escolar nas disciplinas de Português e Matemática, incluindo a alfabetização, as crianças têm atividades de atletismo, futebol e canto coral. Segundo a vice-diretora, Claudia Lopes, os pais tem se interessado muito pelas atividades do Mais Educação e os alunos, tão logo são inseridos, não querem abandonar as atividades.
A Escola Maria Carmosina tem um universo de 1.520 alunos e ainda conta com algumas vagas, salienta a vice-diretora Maria do Livramento Campos. Os interessados não param de chegar, mas a disponibilidade não são para todas as séries. Rosa Silva diz que a filha de 16 anos saiu do programa de Aceleração e está matriculada no 1º ano do ensino médio. “Para mim e para minha filha esta escola tem sido muito boa, aqui ela teve ajuda para superar as dificuldades, especialmente na Matemática”, destaca. “Ela agora gosta mais de estudar”. A Escola tem procurado fazer a sua parte salienta a vice-diretora.
São três turnos de aulas com alunos que vão desde o 2º ano do ensino fundamental, ao 3º do ensino médio. “Muitos dos nossos alunos alcançaram boas notas no Enem e já estão indo para a universidade”, ressalta Maria do Livramento. O ambiente da escola, com salas temáticas, de acordo com o diretor Freire Júnior, tem contribuído para melhor desempenho dos alunos. Todas as salas são coloridas, com desenhos de paisagens, rios e peixes. Esse trabalho é desenvolvido pela artista plástica Nara Regina Cruz, que restaurando algumas pinturas e produzindo outras.
A movimentação de trabalhadores na Maria Carmosina é grande. Na última quinta-feira eram pelo menos doze profissionais atuando para deixar a escola como nova para alunos e professores. No pátio as servidoras Rute Marques Fausto de 60 anos e Joana Galvão, de 62, faziam a lavagem do local. As duas estão se preparando para a aposentadoria mas, enquanto isso não acontecem, vão dispondo a força física para contribuir com os estudantes. “Hoje aqui está bem tranqüilo, mas na terça-feira vai estar fervendo”, salientou dona Rute, referindo-se a presença dos alunos.
Excetuando os servidores do quadro, os trabalhadores avulsos são remunerados com verbas destinadas à escola. Além de poder contratar mão de obra, a direção tem também condições de fazer a aquisição de materiais para as reformas, desde que previstas nos programas.
Em 2014 a escola atendeu 300 alunos no projeto Mais Educação, mas este ano a previsão é de atender 480. Além das atividades esportivas e de reforço escolar os alunos do programa tem acesso a informática; rádio escola, onde eles mesmos produzem notícias de interesse da comunidade estudantil e divulgam nos intervalos e têm as refeições garantidas. Para Maria do Livramento, que atua há 17 anos na educação, o projeto Mais Educação é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento dos estudantes, que contam com o acompanhamento de monitores. Segundo ela, há uma grande procura por parte dos pais. “Se permitíssemos, 100% dos alunos estariam no Mais Educação”. Para a seleção dos que serão inseridos no programa, a escola avalia a necessidade social, especialmente de crianças cujos pais passam o dia fora de casa e em segundo lugar pela deficiência na aprendizagem nas disciplinas de Português e Matemática.
Localizado no Ronaldo Aragão, o bairro mais afastado do centro comercial de Porto Velho, a escola Marcos Freire tem características especiais. Uma delas é a presença dos ex-alunos, que retornam à escola para prestarem serviços. “Hoje entre os nossos ex-alunos temos médicos, engenheiros, professores e muitos outros profissionais”, diz a diretora Maria José de Lima.
Outra peculiaridade é o 3º ano do ensino médio no turno da tarde, que não consegue fechar turma. “Os alunos precisam sair para trabalhar e optam por escolas mais centrais, próximas aos locais de trabalho”, lamenta Maria José. Mesmo assim, a direção não desiste a abre pelo menos uma turma anualmente, só que não consegue número suficiente de alunos.
São 1.150 alunos nos três turnos, com possibilidade de aumentar, visto que a escola ainda dispõe de vagas. São fornecidas refeições aos alunos, inclusive jantar. Diariamente são 60 quilos de carne. Lucimar de Oliveira é uma das cozinheiras da escola e diz que a alimentação é sempre preparada com cuidado, não importa qual seja o turno. Para melhorar as condições de trabalho na cozinha, dois novos fogões foram adquiridos, com recursos da própria escola.
Três salas também estão ganhando piso de cerâmica. “O cimentado está muito gasto, cheio de buracos, o ideal seria se pudéssemos arrumar o piso das 17
salas”, diz Maria José. Além de pinturas nas salas e área externa, a Escola Marcos Freire está sendo reequipada com novas câmeras e sensores de alarme, além de DVR (gravador de vídeo digital) e monitores, uma vez que foram furtados recentemente. “Esses equipamentos são imprescindíveis para a segurança da escola”, observa a diretora.
A professora Eugênia Aidar é a coordenadora de dois projetos, o Mais Educação e Guaporé. O segundo, pela falta de pessoal, acabou sendo absorvido pelo Mais Educação, que atende o total de 660 estudantes, já gerou um coral de 30 vozes e uma pequena orquestra de violão. Além disso, o projeto também se dedica ao acompanhamento pedagógico dos alunos. A coordenadora destaca que boa parte dos monitores dos projetos são oriundos da própria escola. “Eles se formam e retornam para nos auxiliar, liderando as atividades das quais eles mesmos fizeram parte”.
A escola está sendo equipada com móveis, carteiras e outros utensílios, mas uma das necessidades urgentes é a climatização. “Os aparelhos que temos são muito antigos”, diz Maria José.
Fonte
Texto: Alice Thomaz
Fotos: Bruno Corsino
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