Quinta-feira, 14 de setembro de 2023 - 15h47
O grupo de extensão e
pesquisa Bloco de Ações em Rap, Rádio e Ausências Sonoras (BARRAS), da
Universidade Federal de Rondônia, irá organizar um debate e show nesta
sexta-feira (15) na Universidade de Brasília (UnB). Na ocasião, os rappers
angolanos Cheick Hata, Samussuku e Mbonzo Lima irão debater o tema “Memória,
Acervo e Rap”, no Teatro de Arena, a partir das 16h. Além dos convidados de
Angola, estarão na atividade o rapper brasileiro GOG e o professor
universitário Carlos Mossoró, da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Além
do BARRAS, a Batalha da Escada, projeto de extensão da UnB, estará na
organização.
O tema faz referência
aos 50 anos do Movimento Hip Hop, que foram completados em 11 de agosto de
2023. Durante este ano, foi pautada a construção da memória do hip-hop no
Brasil, como forma de reivindicar políticas públicas. Cada estado ficou
responsável por fazer um inventário sobre as ações realizadas, para mostrar a
relevância social do movimento. No entanto, houve dificuldade de catalogar
essas histórias, devido ao fato de os próprios hip-hoppers não terem
documentado as ações que vivenciaram.
Assim, o debate se
constituirá em apresentar um comparativo entre Brasil e Angola nessa
memorização. Logo após o debate, os artistas irão se apresentar às 18h30min,
com um show completo do Movimento Extremista Terceira Divisão e participação de
Carlos Mossoró.
Sobre os convidados
Cheick Hata,
Samussuku e Mbonzo Lima são membros do grupo Movimento Extremista Terceira
Divisão. Eles são conhecidos por realizarem diversas críticas ao Movimento Pela
Libertação de Angola (MPLA), que está no poder desde 1975, impondo um regime de
censuras e retaliações. Além de shows, o grupo promove debates de formação
política.
Samussuku e Cheick
Hata estiveram presos no midiático caso 15+2, quando 17 ativistas ficaram
reclusos entre junho de 2015 e junho de 2016 apenas por estarem debatendo um
livro em uma biblioteca. O livro em questão tinha como título “Ferramentas
para destruir o ditador e evitar uma nova ditadura. Filosofia política da
libertação para Angola”, e é de autoria de Domingos da Cruz, pesquisador
que estava no debate e também foi preso.
Mbonzo Lima não
esteve no caso do 15+2, mas também foi detido inúmeras vezes, devido as suas
produções que criticam o sistema angolano. O artista afirma inclusive que as
detenções o inspiraram para continuar com as críticas sociais.
Durante a prisão do caso 15+2, GOG produziu uma música em homenagem aos
artistas. Essa música foi denominada “Iê” e fazia parte de um álbum solidário
que buscava fundos para a família dos ativistas presos. A música de GOG contava
com recortes musicais (sample) do músico Artur Nunes, morto em 1977
pelas mãos do MPLA.
Já Carlos Mossoró
estudou sobre o rap angolano durante a tese de doutorado, defendida em 2020 na
Universidade de Coimbra, além de ter publicado artigos científicos que
mencionam o próprio Movimento Extremista Terceira Divisão.
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