Segunda-feira, 24 de outubro de 2022 - 11h09
No dia
último dia 20 de outubro de 2022, amanhecemos com uma triste denúncia de que um
professor, chefe de departamento, havia sofrido assédio pela administração da
UNIR em razão de ter reclamado da situação da infraestrutura do campus de Porto
Velho, no momento em que, mais uma vez, as aulas do campus estariam suspensas,
primeiro por falta de energia elétrica, agora por falta de água.
Disse o
professor numa postagem em rede social: “Infelizmente esta situação que
estamos vivenciando na UNIR desde o retorno ao presencial está vergonhosa,
ultrapassa os limites do imprevisto e beira a ingerência” E questiona: “Como
gestor que possui mais de 28 anos de mercado, sendo 23 anos atuando nas áreas
operacional, tática e estratégica de organizações, incluindo organizações
educacionais, pq não fazemos a gestão do risco e melhoramos nossa comunicação
interna? Eu fico imaginando esta forma de gestão, se aplicada a um hospital ou
a um controle de tráfego aéreo, pois, a meu ver, seria uma catástrofe”. No
desabafo o professor disse: “Estou exausto de trabalhar no limite da
dignidade humana, com mais de 250 alunos e atualmente 14 professores, em um
curso com mais de 40 anos, que representa um esteio na UNIR, sendo o 5° curso
mais procurado por candidatos. Precisamos rever nossas práticas e decisões
estratégicas. E propôs: “Vamos trabalhar com simulação, gestão de risco,
envolver outras áreas. Os docentes do [departamento]
sempre estiveram muito prontos para contribuir, quando solicitados. Poderia
dizer que sinto muito pelo meu desabafo, mas não sinto. Sinto muito por ver os
alunos, os técnicos e os docentes passarem por essas intempéries”.
Após a
postagem o professor recebeu uma mensagem no particular com tom de ameaça de
uma pessoa que ocupa um cargo na administração da UNIR, recomendando que o
mesmo apagasse o post “devido a repercussões institucionais e pessoais”. Tendo
conhecimento sobre os fatos no grupo de WhatsApp, a ADUNIR não poderia deixar
de se pronunciar, resguardando o nome do professor, seu departamento e nome do
assediador (a). Constatamos que o professor sofreu um explícito
assédio moral. Este não é o primeiro caso de assédio ao docente em questão
e a ADUNIR tem conhecimento sobre outros casos similares.
O assédio
moral, também chamado de humilhação no trabalho ou terror psicológico, acontece
quando se estabelece uma hierarquia autoritária. Essa prática tem sido
corriqueira nos últimos tempos. Há várias outras denúncias de assédio moral e
sexual contra professores, técnicos e estudantes em nossa instituição. Se a
própria administração da UNIR que deveria coagir o assédio também o pratica, o
único caminho possível acaba sendo a judicialização e a denúncia pública. É
importante lembrar que o pedido de desculpas pelo assediador (a) não pode ser
suficiente para apagar essa agressão à dignidade humana.
O que
ocorreu no caso desse professor é também restrição ao direito à liberdade de
expressão. Todos temos direito de expressar nossa opinião no âmbito da
universidade e de exercer nossa liberdade de cátedra. O pensamento crítico e a
liberdade de expressão não devem ser restringidos em nenhum espaço da
sociedade, em especial numa universidade que é por excelência o lugar do
debate, da crítica, da diversidade e da contradição. O que caracteriza a
universidade é a liberdade de pensamento e opinião sobre qualquer assunto.
Oras, não se pode fazer uma cobrança em relação às nossas condições de
trabalho, como fez o professor? As condições de trabalho e estudo na UNIR estão
cada vez piores e precisamos discutir isso coletivamente. Os problemas de
infraestrutura não afetam apenas a UNIR, mas todas as IFEs.
Uma gestão autoritária ocasiona a destruição do coletivo no local de trabalho.
O modo gerencial de gestão que presenciamos na UNIR tem todos os elementos para
que o assédio moral, a humilhação, o abuso verbal, venham a se intensificar. A
prática do assédio moral contra os servidores na universidade é um processo que
fecha as portas para qualquer debate político de valorização do trabalho e dos
trabalhadores.
A
diretoria da ADUNIR declara seu total repúdio a esse gravíssimo caso de assédio
moral sofrido pelo professor e repercutido em toda a UNIR. É imprescindível
que seja instaurada uma investigação e que condutas abomináveis como essas não
fiquem impunes.
A ADUNIR
se manifesta em favor deste professor e de buscar segurança para outras vítimas
fazerem denúncias em casos correlatos, sem temerem ou verem a gravidade dos
supostos crimes ser relativizada. A luta contra todas as formas de assédio deve
ser parte de uma política permanente do nosso sindicato, no sentido de
intensificar a luta contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual
e moral com base na identidade de gênero, orientação sexual e raça.
Cabe a
todos nós lutarmos pela defesa e ampliação dos espaços de denúncia desse tipo
de prática abominável em qualquer tempo e espaço e sobretudo na academia. Com
assédio moral não há democracia na universidade! Reafirmamos a defesa da vida,
dos direitos individuais e coletivos e da liberdade de expressão.
Assediadores
(as), não passarão!!
Todo
apoio às vítimas de assédio e qualquer forma de violência!
ASSOCIAÇÃO
DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA-ADUNIR-SSIND-Seção Sindical do
ANDES-SN
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