Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 - 08h56
JBC é a escola Professor João Bento da
Costa da zona sul de Porto Velho. É uma escola pública mantida pelo Estado de
Rondônia. É relativamente nova, pois tem pouco mais de 20 anos de funcionamento.
Mas é uma escola muito diferente da triste realidade do falido sistema
educacional de Rondônia e do Brasil. Apesar de ser pública, a referida escola
pode ser comparada em alguns itens às melhores escolas particulares de Porto
Velho. Sou suspeito para falar da excelência deste estabelecimento de ensino,
já que trabalho lá há mais de duas décadas e onde há exatos 17 anos ajudei a
criar, com os professores José de Arimatéia de Geografia e Walfredo Tadeu de
História, o Projeto Terceirão na escola pública. O professor Suamy Vivecananda,
atual secretário de Estado da Educação nos ajudou muito nesta tarefa e foi um
dos seus primeiros diretores.
Com
o professor Suamy à frente do Projeto Terceirão, a escola JBC alcançou níveis
espetaculares de rendimentos para uma escola pública. Ano após ano, os alunos foram
sendo aprovados em vestibulares espalhados pelo país afora. Da Unir, a
Universidade Federal de Rondônia, às mais respeitadas universidades do sul do
país, os alunos do JBC conquistaram vagas e mais vagas com as suas notas.
Letras/Português, Licenciatura em História, em Química, Direito, Bacharelados,
Medicina, Engenharias, Psicologia, dentre muitos outros cursos, foram opções
dos “nossos meninos”. O trabalho de
excelência, no entanto, continuou com o professor Chiquinho Lopes na direção da
escola por oito anos seguidos e que a partir de agora tem nas professoras Lady Ribeiro
e Juci Graminholi, a certeza de continuidade da “escola pública que sempre deu certo”.
Claro
que Porto Velho e Rondônia têm algumas outras escolas públicas muito boas
também. Porém, o diferencial do JBC talvez sejam os professores. Além, claro,
de excelentes alunos que já passaram pelo estabelecimento de ensino. Das turmas
de primeiros anos até o Projeto Terceirão, há uma “simbiose” entre os mestres. Professor do João Bento não faz greve,
embora não concorde com o salário de miséria que recebe. “Aqui é proibido o aluno ter aula vaga”, diz um professor do
projeto. “Nós substituímos o colega que
está doente ou impossibilitado de ir trabalhar”, conclui. O JBC acompanha
as provas do ENEM e incentiva todos a estudar e dar o máximo de si. Por isso, os
alunos Estevão Belfort e Dawson Melo fizeram 980 pontos na redação. Teynan
Antônio e Luiz Henrique fizeram 960 pontos e Thiago Espósito e Francianni
Diniz, 940.
Mesmo com alunos obtendo notas de “aluno de qualquer escola particular”, o João Bento da Costa ainda tem sérios problemas de infraestrutura e a última reforma feita na escola, que durou “somente” o ano inteiro de 2018, trouxe sérios transtornos a professores, funcionários e alunos. Ainda assim, no ano passado, o JBC representou Rondônia nos Estados Unidos quando o diretor Chiquinho foi lá para receber o prêmio de gestão escolar/2017. “As aulas no JBC deveriam ser de turno integral já há tempos”, lamenta um dos professores do Projeto Terceirão. “Agora com o professor Suamy à frente da SEDUC este sonho pode se tornar uma realidade”, avalia. Os professores desta escola ganham a mesma coisa que os professores de outras escolas estaduais de Rondônia, mas fazem questão de dizer que escola pública de qualidade ainda é possível e se faz com muita garra. O João Bento quer ser diferente do outro João: o “açougue”.
*É
Professor em Porto Velho.
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