Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019 - 12h45
Iniciativas apoiadas pela Fundação Banco do Brasil reforçam a relevância dos povos na história, cultura e preservação do meio ambiente
A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas. De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) as línguas faladas pelos povos indígenas estão desaparecendo em um ritmo alarmante. Pelo menos 190 idiomas estão em risco no Brasil, conforme o Atlas das Línguas Indígenas da Unesco.
O país é o segundo com mais idiomas que podem entrar em extinção, ficando atrás apenas dos EUA. O diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho, destaca que “no Brasil, a cada dois ou três anos desaparece um idioma. Para uma língua não ser ameaçada tem que haver mais de 1 milhão de falantes, ou seja, das 190 línguas faladas por 817 mil indígenas estão ameaçadas” avalia Levinho.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 817 mil pessoas são declaradas indígenas no Brasil, com cerca de 270 etnias e mais de 190 línguas. O Museu do Índio, desde 2009, faz um trabalho de documentação que compreende a formação de pesquisadores indígenas e transferência de conhecimento por meio de programas de computador, que servem para documentar, além dos registros audiovisuais e fotográficos, construção de dicionários e de gramáticas pedagógicas. Esses documentos são instrumentos para os professores lecionar nas comunidades indígenas. Até este ano, foram 27 línguas registradas e catalogadas pelo Museu.
Cada língua perdida não é apenas um idioma, é uma história e uma cultura que não será mais possível registrar e manter como riqueza cultural. A estudante de Humanidades, Îã Gwarini, da etnia Tupinambá, esclarece que são poucas pessoas do povo dela, que vivem na região de Ilhéus (BA), que falam tupi. As crianças crescem falando português e isto contribui para o desaparecimento do idioma. “Meu povo luta e resiste para que o tupi continue existindo porque a língua é nossa identidade. Outros povos conseguem aprender a língua nativa e depois o português é ensinado nas escolas”. Îã Gwarini diz que é importante a Unesco criar a data para as pessoas saberem que há outros idiomas falados no país e sugere que as línguas indígenas poderiam ser ensinadas nas escolas. “Repassar para as crianças para conhecerem estes idiomas, porque fortalece a cultura indígena”, diz Îã Gwarini.
Para a coordenadora interina de Cultura da Unesco no Brasil, Isabel de Paula, o Ano Internacional das Línguas Indígenas tem uma importância crucial para chamar atenção de todo o mundo sobre os riscos críticos enfrentados pelos povos indígenas e as suas línguas. “A perda de uma língua indígena pode significar a perda de um conhecimento vital que poderia ser aproveitado para o progresso da humanidade e para o próprio desenvolvimento sustentável. Os povos indígenas têm conhecimentos ancestrais sobre proteção ambiental, medicina, costumes, rituais, e tudo isso é transmitido de geração para geração por meio da língua. Portanto é muito importante garantir a preservação das línguas para, consequentemente, podermos garantir a preservação das culturas”, diz.
Atuação da Fundação nas causas indígenas
Atenta a esse cenário, a Fundação Banco do Brasil dedica-se às questões indígenas como uma de suas prioridades. Ao longo dos seus 33 anos de existência, a entidade não mede esforços para que os povos tradicionais sejam contemplados nos seus programas e projetos. Essas ações são direcionadas à preservação da língua, permanência e manutenção dos povos na terra, à geração de trabalho e renda, alfabetização, inclusão digital, reaplicação de tecnologias sociais e resgate da cultura e tradições, e na melhoria das condições de vida.
O estado com a maior população é o Amazonas. São Gabriel da Cachoeira é o município recordista, onde 29.017 pessoas declararam fazer parte da raça, o equivalente a quase 80% da população. O município de São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, foi contemplado com 14 projetos apoiados pela Fundação BB nas áreas de geração de renda, educação de jovens e adultos, inclusão digital e documentação de línguas e culturas indígenas, totalizando o investimento social de R$ 1,1 milhão.
O estado do Acre concentra 23 mil indígenas e entre eles o povo Ashaninka, que em 2015 recebeu benefícios por meio do projeto “Fortalecendo Experiências Socioprodutivas Sustentáveis no Alto Juruá”, no município de Marechal Thaumaturgo. O investimento do Fundo Amazônia, que é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Fundação BB foi de R$ 1,5 milhão, aplicado em experiências socioprodutivas sustentáveis e em ações de apoio ao manejo agroflorestal e piscicultura. A iniciativa atendeu, prioritariamente, três comunidades pertencentes à Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, Terra Indígena Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu e do Projeto de Assentamento Amônia. Com o recurso, foi possível construir açudes para o desenvolvimento da criação de peixes associada a sistemas agroflorestais.
Também no estado do Acre, os indígenas das aldeias Txanayá e Nova Mudança - situadas nos municípios de Feijó e Santa Rosa do Purus foram beneficiados por ações da Fundação BB. Um projeto no valor de R$ 204 mil foi aplicado na região para melhorar a produção agroecológica, garantindo às famílias uma alimentação nutritiva e saudável por meio do cultivo de mandioca, feijão, banana e amendoim. Fez parte da iniciativa apoio logístico ao escoamento da produção, além da contribuição ao desenvolvimento econômico aliado à preservação do meio ambiente, capacitações voltadas para o aperfeiçoamento da produção e comercialização dos produtos. Outra etnia beneficiada no Acre foi a Huni Kui, que recebeu recurso para melhorar a produção agroecológica. O projeto contou com o apoio da Fundação BB para beneficiar os indígenas das aldeias Txanayá e Nova Mudança - situadas nos municípios de Feijó e Santa Rosa do Purus - com auxílio logístico ao escoamento da produção, além da contribuição ao desenvolvimento econômico aliado à preservação do meio ambiente. O valor de R$ 204 mil foi usado na aquisição de máquinas, ferramentas e dois barcos. Foram realizadas capacitações voltadas ao aperfeiçoamento da produção e comercialização dos produtos.
Os Wai Wai, do estado de Roraima, que vivem a 400 quilômetros de Boa Vista (RR), no município de Caroebe, foram beneficiados por intermédio da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Banana entre Rios – Aprubers. A entidade prioriza o fortalecimento da agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável do município. O investimento social da Fundação BB foi para o projeto “Agroecologia”, que tem como público alvo indígenas e agricultores familiares não indígenas, que vivem às margens da rodovia BR-210 – perímetro Norte, e que trabalham na produção de banana. O recurso no valor de R$ 200 mil foi usado na aquisição de um caminhão com carroceria, kits para irrigação, materiais para viveiros de mudas, despolpadoras, carrinhos de mão, trituradores de resíduos, sacos plásticos transparentes, entre outros materiais para adequação de uma estufa de propagação de plantas e enraizamento de partes de vegetais (estacas).
Tecnologia social certificada
Lembrado pela Organização das Nações Unidas, a Kalivono:kalihunoe Ike Vo’um é uma tecnologia social certificada pelo Prêmio Fundação BB, em 2017. A metodologia Formação Continuada de Professores para o Trabalhocom a Língua, Arte e Cultura, certificada pela Fundação BB em 2015, produziu material didático bilíngue português-terena para o ensino fundamental. A proposta é a reaplicação da tecnologia, dessa vez, direcionada à educação infantil – seguindo os parâmetros de construção a partir da realidade dos indígenas da etnia terena, no município de Miranda, no Mato Grosso do Sul. O foco central é a valorização do uso da língua materna e dos conhecimentos tradicionais da cultura no ambiente escolar, em especial nas séries iniciais.
Cuidar da saúde, educação, qualidade de vida e da cultura indígena são deveres de todos. E a preservação das línguas indígenas só será garantida se for feita em parceria com eles que têm na floresta a sua casa e a sua vida.
Palestra e Roda de Conversa encerram programação de Novembro Negro no IFRO
No dia 28 de novembro, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), Campus Calama, promoverá do
Prefeitura de Porto Velho alerta para chamada escolar que começa nesta terça-feira (26)
A Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), iniciará a Chamada Escolar para o ano letivo de 2025, no período de
Mulheres rondonienses podem disputar bolsas de estudo gratuitas em Londres
O Santander Universidades abre as inscrições para a bolsa Santander Women | SW50 Leadership 2025 – LSE. O programa oferece 50 vagas para mulheres qu
Os mais de 43 mil alunos matriculados na rede municipal de ensino de Porto Velho no ensino infantil e fundamental, divididos em 141 escolas, sendo 84