Segunda-feira, 20 de julho de 2020 - 11h12
Em todo país, estados e municípios começam a traçar
planos para a retomada presencial dos estudos em meio a
dúvidas crescentes sobre quais medidas devem ser adotadas para garantir a
segurança de alunos, professores e funcionários das escolas. Parte
desses questionamentos foi debatida nos últimos meses pelo Sesc,
que mantém 213 unidades escolares e atende cerca de 70 mil estudantes em todo o
país. A discussão deu origem a um protocolo amplo, que aponta
número máximo de pessoas por metro quadrado nas salas, indica os procedimentos
em caso de registros de sintomas em estudantes e profissionais, sugere metodologias
de avaliação, entre outras orientações.
O documento elaborado pelo Sesc
serve de guia para todas as escolas que integram o sistema educacional da
Instituição e,
também, pode ser acessado por administradores públicos e privados que
estão elaborando seus próprios protocolos .
"O protocolo que elaboramos
teve que ser detalhado e amplo o suficiente para atender as condições das
unidades que temos do Oiapoque ao Chuí. Convivendo com realidades tão
diferentes, acreditamos que é uma referência nacional que pode servir de base
para administrações públicas e demais estabelecimentos escolares", comenta
a gerente de Educação do Sesc, Cynthia Rodrigues.
O documento do Sesc prevê que
os cuidados com a saúde devem
balizar todas as atividades curriculares, o rearranjo dos espaços físicos e as
avaliações pedagógicas das escolas. O planejamento das ações só deve prosseguir
se o formato definido for o mais adequado para reduzir os riscos de contágio. E
deve sempre observar as observações de pais e alunos.
Para a organização do novo
espaço, o
protocolo recomenda desmontar o layout atual das salas de aula, alocando o
mobiliário que não poderá ser utilizado em outro lugar e abrindo espaço para a
circulação e o distanciamento seguros entre os alunos.
Com o intuito de garantir o
cumprimento das medidas sanitárias devidas, será necessário atender à proporção
de número de estudantes por metro quadrado do espaço. As salas de aula devem
ser organizadas respeitando a disposição de no máximo quatro estudantes a cada
10 metros. Dessa forma, uma sala de aproximadamente 40 m² deve acomodar até 16
pessoas, incluindo o professor.
Essas recomendações de
distanciamento levam em conta os estudantes do Ensino Fundamental e Médio. Para a Educação Infantil, há
critérios específicos, também abordados pelo protocolo desenvolvido pelo Sesc.
Para vencer esse obstáculo de
salas com menos alunos, é oportuno planejar a ocupação dos diferentes
espaços livres da escola, explorando áreas com contato com a natureza e
liberdade para movimentos amplos. O protocolo recomenda que diariamente deve-se
prever momentos de uso dos locais externos por todas as turmas da escola.
O documento elaborado pelo Sesc
trata ainda das questões pedagógicas, sugerindo uma avaliação diagnóstica e
como deve se dar a conclusão do ano letivo. Nas unidades da Instituição, a
orientação é adequar os tempos ao ritmo de cada estudante, evitando a
reprovação e garantindo a todos o direito de aprendizagem. Para isso, é
sugerida a reorganização do currículo em ciclos de progressão continuada, que
permite o alcance dos objetivos curriculares.
Para concluir a carga horária
prevista, o Sesc recomenda a manutenção das aulas remotas com o rodízio das
aulas presenciais e a inclusão das horas de estudo remoto para concluir as
metas estabelecidas.
Em caso de contaminação
O protocolo aponta ainda os
procedimentos que devem ser adotados caso alunos, professores ou funcionários
sintam sintomas relacionados com o novo coronavírus, um risco que deve ser
considerado e informado à comunidade escolar para que todos compreendam a
reação adequada nesses episódios.
Caso o estudante ou profissional
apresente sintomas durante o horário de funcionamento da escola, deve ser
encaminhado a um espaço previamente reservado para acolhê-lo, enquanto são
tomadas as providências cabíveis. Se isso ocorrer durante a aula, a orientação
é que a família tenha ciência de que deverá retirar o aluno da escola com
urgência e encaminhá-lo ao sistema de saúde para os primeiros cuidados.
Os sintomas mais recorrentes e
indicados para o monitoramento dos alunos são: tosse, espirro, falta de ar, dor
de garganta, fadiga, problemas digestivos e sensação de febre. Após o relato
dos sintomas e o isolamento do estudante ou do profissional da escola, deve ser
feita a limpeza minuciosa da sala em que a pessoa foi isolada após uma latência
de algumas horas. O doente só poderá retornar à unidade com atestado médico.
Família e comunidade
Além das medidas relacionadas
diretamente com as atividades de ensino e do ambiente escolar, o protocolo do
Sesc aponta que a construção de um ambiente seguro para retomada presencial dos
estudos depende fundamentalmente do estabelecimento de normas de convivência
que sejam debatidas e assimiladas pelos alunos, familiares e a comunidade
escolar.
Uma das orientações do protocolo
criado pelo Sesc é que a volta às aulas deve ser debatida com os serviços de
atendimento aos cidadãos como os Centros de Referência de Assistência Social
(CRAS), os Centros de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS),
os postos de saúde de família, os conselhos tutelares, as demais escolas da
região, entre outros órgãos públicos e parceiros privados. Esse é um importante
ponto de partida para organizar as ações em cada território, considerando o que
já está estabelecido e traçando outras estratégias.
"É muito importante essa
pactuação, trazer a família e os estudantes para o debate e torná-los
construtores da solução. Há pais que ainda vão resistir à volta dos filhos para
a escola e será preciso pensar num caminho para não deixar esses alunos para
trás", explica a analista de educação do Sesc, Nathalia Carvalho.
Os pais, estudantes e a comunidade
escolar também precisam estar convencidos de que o protocolo adotado está em
linha com as melhores recomendações de especialistas, por isso é importante
indicar as fontes usadas para o manual de volta às aulas.
"Esse documento não é de
aplicação obrigatória, mas é importante destacar que para sua elaboração
consultamos os protocolos adotados em outros países como a França, as orientações
do Banco Mundial, da OMS e outras fontes nacionais e internacionais. Ele será
também uma guia viva, porque pode ser ajustado de acordo com o retorno das
aulas presenciais com situações que ainda não haviam sido previstas",
explica Nathalia.
Educação no Sesc
O Sesc conta com uma rede escolar
de 213 unidades espalhadas por todas as regiões do país, com exceção de São
Paulo que atua com a educação não-formal. Cerca de 70 mil estudantes frequentam
as unidades educacionais do Sesc, sendo o maior contingente no Ensino
Fundamental, com mais de 32 mil alunos. Na Educação Infantil, a Instituição
atende a mais de 20 mil crianças.
No Ensino Médio, mais de 3 mil
alunos estudam no Sesc e há ainda mais de 14 mil estudantes dos módulos de
Educação de Jovens e Adultos. Todos eles estão sendo atendidos por aulas
remotas durante a pandemia do novo coronavírus.
"O Sesc não tem data
unificada para volta às aulas, porque isso depende da realidade local de cada
unidade, mas há previsão, por exemplo, do retorno das atividades presenciais no
Distrito Federal, mas isso dependerá ainda da avaliação dos gestores
locais", explica Cynthia.
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