Quinta-feira, 13 de outubro de 2011 - 16h44
A Faculdade São Lucas, através do Laboratório de Zoologia, coordena, no âmbito do estado de Rondônia, o projeto “Conhecendo os animais peçonhentos e venenosos”, idealizado pela Sedam (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental), com o apoio financeiro do Consórcio Santo Antônio Energia. O projeto visa à difusão do conhecimento que será disponibilizada e realizada pela equipe de pesquisadores, coordenada pelos biólogos Flávio Terassini e Saymon de Albuquerque, docentes da Faculdade São Lucas, que ofertará palestras e orientações que podem diminuir os casos de acidentes no estado. “A maioria dos casos ocorre pela falta de informação, seja na conduta errada perante o acidente, nos procedimentos adotados ou na demora em procurar o pronto socorro, quando procuram”, salienta Flávio Terassini. A meta, de acordo com Terassini, é difundir e disseminar informações específicas sobre animais peçonhentos e venenosos, com a proposta de formar agentes multiplicadores que vão atuar nos 52 municípios do estado.
Para Flávio Terassini, o projeto “Conhecendo os animais peçonhentos e venenosos” leva em conta que Rondônia é um dos estados que compõem o bioma amazônico, integrante da maior floresta tropical ombrófila do mundo, que serve de habitat para diversos animais, inclusive os peçonhentos e venenosos. “É importante ressaltar a necessidade de incentivar estudos e pesquisas que hoje são escassos em nossos municípios onde são relatados em torno de 700 acidentes todos os anos”, destaca. Segundo o biólogo da Faculdade São Lucas, nos últimos dez anos foram relatados aproximadamente 7 mil acidentes com animais peçonhentos. “Rondônia é um dos estados que apresentam índices mais altos de acidentes com animais peçonhentos, muitos dos quais evoluem ao óbito. Com o projeto, pretendemos orientar sobre as características de cada animal peçonhento e venenoso e ensinar como agir em caso de acidente”, acentua.
Terassini acrescenta que 90% dos acidentes com animais peçonhentos e venenosos atingem os membros inferiores e a maioria das mortes ocorre em conseqüência da demora no atendimento, justamente por falta de informações. Ele recomenda muita cautela no manuseio de animais peçonhentos e venenosos, dentre os quais cobras, aranhas. Escorpiões, lagartas, lacraias e abelhas, encontrados mais frequentemente no estado. Segundo o especialista em animais peçonhentos, em dez anos foram relatadas oito mortes de crianças com menos de 6 anos causadas por escorpiões. Para Carla Regina Alves, da Sedam, formar multiplicadores é fundamental para o sucesso do projeto, tendo em vista a necessidade de a população ser municiada com informações sobre os animais peçonhentos e venenosos. Ela disse que a meta do projeto é capacitar em torno de 240 pessoas em todo o estado ao longo de um ano. O diretor Acadêmico da Faculdade São Lucas, Professor Doutor José Dettoni, destaca a importância do projeto para a conscientização das pessoas quanto aos cuidados sobre os animais peçonhentos. “Rondônia está sendo um exemplo para todo o País no avanço nessa área”, acentua. “Todo ser vivo busca alimentar-se e proteger-se e, no fundo, os acidentes com animais peçonhentos podem ser analisados como um problema ecológico que abrange todos os seres vivos, principalmente porque a urbanização humana, mais acentuada ao longo das últimas décadas, trouxe grandes prejuízos aos animais. Isso leva-nos a uma reflexão de que temos de superar nossa ignorância quanto aos fatores ecológicos”, complementa Dettoni, enfatizando a importância de todos os parceiros envolvidos na execução do projeto. O trabalho também integra equipes do ICB5 (Universidade de São Paulo), UFRO (Universidade Federal de Rondônia), Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), BPA (Batalhão de Policiamento Ambiental), Corpo de Bombeiros Militar e Defesa Civil, Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Velho), Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), Agevisa (Agência de Vigilância Sanitária), Semusa (Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho), Sesau (Secretaria de Estado de Saúde) e MPRO (Ministério Público de Rondônia).
Fonte: Chagas Pereira
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