Com um gol aos 45 minutos do segundo tempo, o Grêmio venceu a Ponte Preta por 1 a 0, na noite deste sábado, no Estádio Olímpico, e se manteve na terceira colocação no Campeonato Brasileiro, com 63 pontos.
Sem brilho, sem um grande futebol, com muitos erros de passes, pouca criatividade e baixíssima produção ofensiva, o time superou as adversidades na base da insistência e da vontade.
Com Julio Cesar expulso na etapa final — ele havia substituído Pico no final do primeiro tempo —, a equipe teve de passar por cima de uma Ponte Preta que, na maior parte do jogo, esteve melhor postada taticamente e criou as melhores oportunidades.
Primeiro tempo
O Grêmio ensaiou a pressão, conseguiu três escanteios antes dos cinco minutos, cruzou inúmeras bolas para a área, mas os lances de maior perigo foram da Ponte Preta nos contra-ataques. Sem mobilidade no meio, o time parecia sentir a ausência de Elano. Sozinho, Zé Roberto era o responsável pela criação. Sem êxito.
Os erros de passe pareciam deixar o time apressado e impreciso, incapaz de prender a bola e fazê-la chegar na frente com qualidade, pelo chão, seja pelo meio ou pelas pontas. Com uma zaga adversária alta, as tentativas de cruzamentos gremistas eram sempre cortadas pelos defensores Cleber, Ferron e Tiago Alves.
Com a criatividade em baixa, com muitos erros de passes e sofrendo com os contra-ataques da Ponte Preta, a melhor chance do Grêmio em todo o primeiro tempo ocorreu, justa e ironicamente, em uma bola alta: uma cabeçada sem direção de Marcelo Moreno, que tentou escorar cruzamento de Pará, vindo da direita.
A Ponte, por outro lado, colecionou oportunidades e só não abriu o placar pelas defesas que, se não exigiram elasticidade, confirmaram a boa colocação de Marcelo Grohe embaixo das traves. Aos 13, a troca de passes levou a Ponte à grande área. Pico tocou para a linha de fundo. No escanteio, Cleber subiu sozinho e a bola passou por cima, muito perto.
Aos 20 minutos, Luan se livrou da marcação na meia direita, entrou na área e rolou para Roger, que chutou para firme defesa de Grohe. Aos 28, Nikão cortou para o meio e arrematou forte. A bola passou por cima, muito perto do travessão. Aos 33, uma saída errada de Pará e Werley resultou em uma chance claríssima de gol: cara a cara com Grohe, Roger chutou para fora.
Em uma falta na intermediária já aos 40 minutos, Zé Roberto cruzou para a área e Roberto espalmou de maneira estranha, para trás. Escanteio. Que não deu em nada. Quatro minutos depois, a melhor oportunidade da partida. Da Ponte. Em jogada pela esquerda, Luan arrancou e rolou para o meio. Sozinho, frente a frente com Marcelo, Roger chutou para fora. No lance, Pico machucou o braço e deixou o gramado para a entrada de Julio Cesar.
Um primeiro tempo, que teve pouco futebol pelo lado do Grêmio — com inúmeros passes errados, jogadas equivocadas pelo meio e pelas pontas, praticamente sem chances de gols —, terminou em vaias no Olímpico. Afinal, não seria surpresa se a Ponte Preta tivesse terminado a etapa inicial com um ou até dois gols de vantagem. As melhores chances, nitidamente, foram paulistas. Taticamente, a Ponte também foi superior.
Segundo tempo
Tudo o que a torcida gremista esperava para a etapa complementar, ou seja, mudança de atitude e mais futebol, não se confirmou. A tônica do segundo tempo foi idêntica à do primeiro, com a Ponte melhor postada taticamente, embora tenha chegado com bem menos contundência e intensidade do que nos 45 minutos iniciais.
O Grêmio seguiu errando passes e só construiu uma boa jogada aos nove minutos, quando Pará entrou pela direita, invadiu a área e chutou para fora. Foi o primeiro chute a gol do time na partida.
Embolado no meio, o jogo pouco mudou a partir das entradas de André Lima e Elano — nos lugares de Leandro e Fernando, respectivamente —, mas se alterou principalmente depois da expulsão de Julio Cesar, aos 25 minutos. Um carrinho violento desferido contra Rildo, que arrancava em um contra-ataque pela ponta esquerda, terminou em cartão vermelho. E com o Olímpico e o Grêmio incendiados.
Com um a menos, a equipe gaúcha insistiu, tentou por cima, por baixo, martelou nos cruzamentos, procurou nos escanteios. Sem sucesso. Com um a mais, o time paulista quase marcou aos 43, quando Grohe se esticou para defender, no chão, um chute de Giancarlo já dentro da grande área.
Aos 45, no apagar das luzes, a redenção: o escanteio cobrado por Zé Roberto encontrou a cabeça de André Lima, que se antecipou ao goleiro Roberto e desviou para marcar o gol da vitória e também para enlouquecer de vez o Olímpico: 1 a 0.
Os três pontos na conta tiveram um sabor a mais não apenas pelo fato de o time, neste domingo, poder garantir vaga na Libertadores 2013 em caso de derrotas de Botafogo, Vasco e Inter. Premiou um Grêmio que venceu com a cabeça na persistência, baseada nas vozes dos mais de 40 mil torcedores que foram ao Olímpico.
O Grêmio não jogou bem, nem mesmo fez por merecer. Talvez tenha sido a pior partida da equipe em todo o campeonato. O futebol, no fim das contas, é instigante também por isso.
FICHA TÉCNICA:
BRASILEIRÃO, 34ª RODADA, 3/11/2012
GRÊMIO - 1
Marcelo Grohe; Pará, Werley, Naldo, Pico (Julio Cesar, 45'/1ºT); Fernando (Elano, 14'/2ºT), Souza, Zé Roberto, Elano; Leandro (André Lima, 24'/2ºT), Marcelo Moreno. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
PONTE PRETA - 0
Roberto; Tiago Alves, Cleber, Ferron e João Paulo; Baraka, Wendell, Renê Júnior e Nikão (Marcinho, 31'/2ºT); Luan (Rildo, 20'/2ºT) e Roger (Giancarlo, 37'/2ºT). Técnico: Guto Ferreira.
Gol: André Lima (45'/2ºT)
Cartões amarelos: Luan, Renê Júnior (Ponte Preta); Marco Antonio, Werley (Grêmio)
Cartões vermelhos: Julio Cesar (Grêmio).
Arbitragem: André Luiz de Freitas Castro (GO), auxiliado por Rodrigo Pereira Joia (RJ)e Fabiano da Silva Ramires (ES).
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Público: 40.760 torcedores
Renda: R$ 577.215,00