Sábado, 12 de julho de 2014 - 17h36
Carolina Gonçalves
Agência Brasil
Pouco antes do começo da partida da disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo, no Estádio Nacional de Brasília, torcedores brasileiros tentavam manter o otimismo e alegria para enfrentar a Holanda. A chegada ao estádio, conhecido como Mané Garrincha, revelava uma imagem que se confirmou na arquibancada: presença majoritariamente brasileira e poucos estrangeiros na plateia do terceiro lugar.
Do lado de fora, a recepção foi em ritmo tipicamente brasileiro. O samba tocado por um grupo de percussão de estudantes medicina em Brasília atraia os passantes, que se surpreendiam ao ver a cor laranja das roupas dos percussionistas. “Foi uma coincidência. Essa é a cor da nossa faculdade”, explicou, bem-humorada, a estudante Luísa Real, 21 anos. Segundo ela, esse foi o segundo jogo que o grupo decidiu animar do lado de fora para quem não tinha ingresso. “Como a faculdade é aqui perto do estádio, a gente passa lá, pega os instrumentos e vem para cá. Hoje vieram 20 integrantes”, contou.
O fato da disputa entre as duas seleções ser pelo terceiro lugar não desanimou quem tinha ingresso. A relações governamentais Haykel Pinheiro Barbosa, grávida de 39 semanas de um menino chamava atenção de quem chegava ao estádio. “Pode nascer a qualquer hora, pode até nascer no estádio. Acho que a Copa está preparada, tem ambulância e corpo médico que pode me levar direto para a maternidade”, disse, otimista.
Segundo Haykel o esforço vale mesmo que seja para torcer pelo terceiro lugar, opinião compartilhada pela bancária e psicóloga Renata Rodrigues. “Não esperava ver o Brasil disputando o terceiro lugar. É muito triste, mas estou confiante que vamos conseguir o terceiro, pelo menos, e amanhã sou Alemanha desde criancinha”, afirmou.
A torcida brasileira ainda recebeu o apoio de torcedores de outras países. O francês Andre Gau fez questão de declarar sua paixão pelo futebol verde-amarelo. Aposentado, Gau chegou de Paris há algumas semanas e disse que já esteve em várias cidades brasileiras, como Salvador e Rio de Janeiro. “Eu adorei o Brasil. É a primeira vez e o que mais gosto daqui é o futebol”, disse, ao admitiu que pretende voltar.
O estudante chineses Yujian Wang e a amiga Gwan Xin, ambos de 20 anos, também pareciam maravilhados com o país e adotaram o discurso da maioria da torcida canarinho. “Estamos adorando e o que mais gostei foram os brasileiros que são muito legais. Hoje somos Brasil e amanhã somos Alemanha”, contou Yujian. A chef de cozinha peruana Joana Rojas mora no país há dois anos, estava com os filhos em frente ao estádio e disse que, sem ingresso, torceriam ali mesmo. Todos com a camiseta verde e amarela, “mas amanhã torcemos para Argentina”, disse.
Apesar de outros países aderirem à torcida canarinho, entre brasileiros houve dissidências. Júlia Catarina de Aquino, biomédica de 26 anos, estampava as cores e a blusa da seleção holandesa. “Não vou entrar no estádio, mas vou torcer para Holanda porque estou torcendo para eles desde o início da Copa. O Brasil vai ganhar, mas a Holanda vai dar trabalho. Acho que dá 1 x 0”, arriscou.
Dentro do estádio a previsão não se confirmou no primeiro tempo, que terminou em 2 x 0 para os europeus. Quem se aproximou mais do resultado dos primeiros 45 minutos de jogo foi o analista holandês Ruud Dautzenberg. Minutos antes da partida, Dautzenberg disse que gostou muito do Brasil e quer voltar, mas, segundo ele, o dia hoje é da Holanda. Ele e uma amiga, que estavam totalmente fantasiados, viraram sensação em frente ao Mané Guarrincha e tiveram que parar a cada dez passos para tirar fotos com brasileiros. “Cheguei há seis semanas e volto na próxima semana para meu país. Está tudo muito bom”, afirmou.
Ainda do lado de fora, o estudante de educação física Lucas Mariano quis aproveitar o jogo para divulgar um novo esporte. Ele conseguiu reunir alguns colegas para mostrar, em frente à arena, um jogo criado há dois anos em Brasília. “Chama futemanobol. É novo, mas tem regras muito definidas. A parte do pé é igual ao futebol, mas o jogador que não tem tanta habilidade com os pés pode usar o braço ou as mãos. O tamanho do time depende da área que temos para jogar”, explicou.
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