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Brasileiros tentaram manter o otimismo diante da Holanda


 
Carolina Gonçalves
Agência Brasil

Pouco antes do começo da partida da disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo, no Estádio Nacional de Brasília, torcedores brasileiros tentavam manter o otimismo e alegria para enfrentar a Holanda. A chegada ao estádio, conhecido como Mané Garrincha, revelava uma imagem que se confirmou na arquibancada: presença majoritariamente brasileira e poucos estrangeiros na plateia do terceiro lugar.

Do lado de fora, a recepção foi em ritmo tipicamente brasileiro. O samba tocado por um grupo de percussão de estudantes medicina em Brasília atraia os passantes, que se surpreendiam ao ver a cor laranja das roupas dos percussionistas. “Foi uma coincidência. Essa é a cor da nossa faculdade”, explicou, bem-humorada, a estudante Luísa Real, 21 anos. Segundo ela, esse foi o segundo jogo que o grupo decidiu animar do lado de fora para quem não tinha ingresso. “Como a faculdade é aqui perto do estádio, a gente passa lá, pega os instrumentos e vem para cá. Hoje vieram 20 integrantes”, contou.

O fato da disputa entre as duas seleções ser pelo terceiro lugar não desanimou quem tinha ingresso. A relações governamentais Haykel Pinheiro Barbosa, grávida de 39 semanas de um menino chamava atenção de quem chegava ao estádio. “Pode nascer a qualquer hora, pode até nascer no estádio. Acho que a Copa está preparada, tem ambulância e corpo médico que pode me levar direto para a maternidade”, disse, otimista.

Segundo Haykel o esforço vale mesmo que seja para torcer pelo terceiro lugar, opinião compartilhada pela bancária e psicóloga Renata Rodrigues. “Não esperava ver o Brasil disputando o terceiro lugar. É muito triste, mas estou confiante que vamos conseguir o terceiro, pelo menos, e amanhã sou Alemanha desde criancinha”, afirmou.

A torcida brasileira ainda recebeu o apoio de torcedores de outras países. O francês Andre Gau fez questão de declarar sua paixão pelo futebol verde-amarelo. Aposentado, Gau chegou de Paris há algumas semanas e disse que já esteve em várias cidades brasileiras, como Salvador e Rio de Janeiro. “Eu adorei o Brasil. É a primeira vez e o que mais gosto daqui é o futebol”, disse, ao admitiu que pretende voltar.

O estudante chineses Yujian Wang e a amiga Gwan Xin, ambos de 20 anos, também pareciam maravilhados com o país e adotaram o discurso da maioria da torcida canarinho. “Estamos adorando e o que mais gostei foram os brasileiros que são muito legais. Hoje somos Brasil e amanhã somos Alemanha”, contou Yujian. A chef de cozinha peruana Joana Rojas mora no país há dois anos, estava com os filhos em frente ao estádio e disse que, sem ingresso, torceriam ali mesmo. Todos com a camiseta verde e amarela, “mas amanhã torcemos para Argentina”, disse.

Apesar de outros países aderirem à torcida canarinho, entre brasileiros houve dissidências. Júlia Catarina de Aquino, biomédica de 26 anos, estampava as cores e a blusa da seleção holandesa. “Não vou entrar no estádio, mas vou torcer para Holanda porque estou torcendo para eles desde o início da Copa. O Brasil vai ganhar, mas a Holanda vai dar trabalho. Acho que dá 1 x 0”, arriscou.

Dentro do estádio a previsão não se confirmou no primeiro tempo, que terminou em 2 x 0 para os europeus. Quem se aproximou mais do resultado dos primeiros 45 minutos de jogo foi o analista holandês Ruud Dautzenberg. Minutos antes da partida, Dautzenberg disse que gostou muito do Brasil e quer voltar, mas, segundo ele, o dia hoje é da Holanda. Ele e uma amiga, que estavam totalmente fantasiados, viraram sensação em frente ao Mané Guarrincha e tiveram que parar a cada dez passos para tirar fotos com brasileiros. “Cheguei há seis semanas e volto na próxima semana para meu país. Está tudo muito bom”, afirmou.

Ainda do lado de fora, o estudante de educação física Lucas Mariano quis aproveitar o jogo para divulgar um novo esporte. Ele conseguiu reunir alguns colegas para mostrar, em frente à arena, um jogo criado há dois anos em Brasília. “Chama futemanobol. É novo, mas tem regras muito definidas. A parte do pé é igual ao futebol, mas o jogador que não tem tanta habilidade com os pés pode usar o braço ou as mãos. O tamanho do time depende da área que temos para jogar”, explicou.

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