Domingo, 22 de junho de 2014 - 14h48
O clima de paz e integração entre torcidas nas partidas da Copa do Mundo em Porto Alegre tem sido constante. Com França x Honduras e Austrália x Holanda, a cidade viveu uma festa intensa. Mas os momentos que precederam Coreia do Sul x Argélia, na tarde deste domingo (22.06), conseguiu uma façanha e tanto. O ambiente amistoso proporcionado pelos poucos, mas muito visíveis fãs desses dois países contagiou rivais históricos.
Argelinos e coreanos percorreram os diferentes caminhos ao Beira Rio cantando e conversando em seus grupos. Mas a cada encontro um novo foco de conversação, brincadeiras, provocações e abraços se formava. Não houve como gremistas e colorados fugirem ao clima de harmonia. Acabaram se juntando para posar em fotos e conversar com os visitantes. Mas como Grêmio e Inter são mesmo antagônicos, até na torcida muitos se dividiram. No fim, preferiram as duas bandeiras.
Torcedores argelinos e coreanos dão lição de paz
Do lado de fora do estádio, encontraram-se por acaso Sang Joo Park e Houari Belaidi. O coreano e o argelino foram interpelados diversas vezes para posar em fotos com brasileiros. Acabaram entrando no clima e seguiram conversando. “Estamos aqui somente pela festa. Não há por que ficar bravo por conta do futebol. Não nos conhecemos, mas aqui somos amigos”, disse Park. Os dois concordaram até que o jogo teria um vencedor. Só não chegaram a um acordo sobre quem seria. O coreano apostou em 2 x 0 para seu país. “Não! Vamos ganhar por 1 x 0”, garantiu entre risos o argelino. Na hora de serem fotografados, abraçaram-se e deram as mãos, numa legítima aula de respeito às diferenças.
A lição de paz uniu até brasileiros, argentinos e uruguaios em um animado bate-papo sobre o andamento do torneio e as sucessivas surpresas em campo. “Essa Copa tem de ser conquistada por um sul-americano. É aqui, temos de vencer”, pregou o uruguaio Adrian Perretti. Os argentinos Pablo Memmo e Ricardo López concordaram, renovando a rivalidade com as seleções europeias.
Os amigos Benno Büttenbender, 62 anos, e Luiz Lélio Moraes, 66, partiram de Morro Reuter por volta das 11h rumo ao Beira Rio. De carro, percorreram os cerca de 60 quilômetros até Porto Alegre e seguiram a rota do palco do jogo. Com a credencial para acesso de cadeirante em mãos, passaram pela triagem e estacionaram junto ao estádio. Em poucos instantes já estavam no local indicado para assistirem ao confronto entre Coreia e Argélia.
Portador de uma doença degenerativa congênita, Moraes depende de auxílio para se locomover há 30 anos. Amigos e colorados antigos, eles ainda não conheciam o Beira Rio reformado. “Queríamos ver o novo estádio em um jogo de Copa. E ficamos muito satisfeitos, pois tudo funcionou tranquilamente. Essa partida não tem tanta grife, mas as duas equipes irão jogar para vencer, pois querem avançar. Será uma experiência e tanto”, projetava Moraes, apoiado pelo parceiro de jogo.
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