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Clubes de futebol criam associação para combater pirataria de suas marcas


Vladimir Platonow
Agência Brasil


Rio de Janeiro - Clubes de futebol de diversos estados decidiram criar uma associação para combater a pirataria de suas marcas. Eles têm sofrido prejuízos milionários com a cópia ilegal de camisas e outros artigos esportivos, que são livremente vendidos em comércios populares de todo o país.

A decisão de criar a associação foi tomada ontem (15), após encontro no Rio de Janeiro, que contou com a presença de representantes do Ministério da Justiça. A gerente de licenciamento do Club de Regatas Vasco da Gama, Flávia Mayrink, disse que o prejuízo com a pirataria de uniformes e produtos com a marca dos times ainda não dá para ser estimado, mas passa de milhões de reais.

“A área de licenciamento do Vasco é uma das que mais cresceram nos últimos anos. De 2008 a 2010, aumentou mais de 1.000%. No ano passado, arrecadamos R$ 6,5 milhões só em licenciamento.” Ela ressaltou que se não houvesse pirataria o faturamento poderia dobrar.

A venda de produtos licenciados é importante principalmente para os clubes pequenos e médios. O Avaí, de Santa Catarina, por exemplo, cobre 60% de seus gastos com as categorias de base com a comercialização de camisas, chaveiros, canecas e outros artigos que levam a sua marca. Para a coordenadora de licenciamento do clube catarinense, Otília Pagani, o objetivo é chegar a 100% do financiamento com a venda de produtos do clube. “Nossa meta é que o processo de licenciamento venha a cobrir todos os nossos custos com as categorias de base. Quando o torcedor for comprar um produto, vai ajudar o clube a manter um talento que poderá surgir amanhã”, declarou.

A secretária executiva do Conselho Nacional de Combate à Pirataria do Ministério da Justiça, Ana Lúcia Medina, prometeu intensificar a repressão à venda de produtos piratas. Segundo ela, estão sendo feitos acordos com prefeituras de algumas cidades a fim de permitir a integração entre a Polícia Federal, Receita Federal e as guardas municipais, que vão atuar de forma conjunta na repressão da pirataria. Em três cidades – São Paulo, Curitiba e Brasília – já foram constituídos comitês de combate à pirataria.

“O projeto Cidade Livre de Pirataria é a municipalização do combate à pirataria, para fazermos ações conjuntas locais”, disse Ana Lúcia. As próximas cidades a integrarem o projeto serão Belo Horizonte, Recife, Osasco e Rio de Janeiro.

No caso específico da venda irregular de artigos esportivos, a secretária disse que além de se atuar na repressão ao crime, é preciso investir em campanhas de conscientização do consumidor e na oferta de produtos originais, a preços menores, voltados ao torcedor de baixa renda. Camisas oficiais dos clubes custam, em média, R$ 150, valor bem acima da capacidade de pagamento do consumidor médio brasileiro.

Embora não existam números exatos sobre o quanto é movimentado pela pirataria no Brasil, Ana Lúcia disse que só a Receita Federal apreendeu, entre 2004 e 2011, R$ 7 bilhões em produtos ilegais. Em todo o mundo, segundo ela, a Interpol calcula em US$ 520 bilhões o total movimentado por ano pela pirataria – mais do que movimenta o tráfico de drogas, estimado em US$ 360 bilhões.

 

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