Quinta-feira, 5 de janeiro de 2023 - 12h09
A medalhista olímpica e ex-jogadora
de vôlei Ana Moser assumiu, oficialmente, o comando do Ministério do Esporte
nesta quarta-feira (04/01). Em solenidade de transmissão de cargo, realizada em
Brasília, a ministra enfatizou a necessidade de tornar a prática esportiva
acessível para todos e de desenvolver o esporte amador. Ela brincou que a
missão é mais difícil que a vivida com a Seleção Brasileira nas quadras contra
Cuba.
“Muito mais que honra, essa é uma missão que recebo em nome de uma
causa, que é garantir o direito de todos ao esporte”, afirmou a ministra. “Este
foi o pedido feito pelo presidente: fazer uma revolução no esporte, uma
revolução do esporte na educação, na saúde, na assistência social, dentro dos
municípios. Oferecer acesso ao esporte e à atividade física na vida de todos e
todas, e também desenvolver o esporte amador”, completou.
Para tornar a prática esportiva mais democrática e ampla, Ana
Moser acredita que a pasta precisará focar na base da pirâmide. “É inverter a
lógica que sempre colocou como prioridade o esporte de rendimento, o topo da
pirâmide, de uma estrutura que deveria ser garantidora, na prática, do direito
de todos ao esporte que está previsto na Constituição”, defendeu.
A ex-atleta lembrou ainda os altos índices de sedentarismo no
Brasil, agravados pela pandemia de Covid-19, e pediu a integração entre as
pastas e os poderes públicos. “Sempre foi um grande desafio sensibilizar as
lideranças para entenderem realmente o potencial do esporte e defenderem que
ele aconteça na vida das pessoas. Precisamos desenvolver a cultura da prática
motora, da prática esportiva, inserida nas famílias, nos bairros, nas cidades”,
convocou.
“Eu diria que um milagre aconteceu para quem defende o esporte
como um direito de todos. Acho que não seria eu nessa cadeira se não fosse essa
intenção”, definiu. “Nossa proposta é buscar estratégias, recursos e parcerias
para implantar o acesso ao esporte e à atividade física em todo o país, para a
maior parte da população que possamos atender”, acrescentou.
A ministra destacou ainda que trabalhará com o Congresso Nacional
no avanço da Lei Geral do Esporte e do Plano Nacional do Esporte. “Vamos dar um
foco grande na conversa com o Legislativo e com os outros setores para que
essas legislações avancem e possam dar a base para termos mais gente praticando
esporte”, disse Ana Moser, que ainda aproveitou o evento para homenagear três
ídolos brasileiros: Sócrates, Pelé e Isabel Salgado, também ex-jogadora de
vôlei e que faleceu em novembro.
Apoio
O Ministério do Esporte volta à Esplanada dos Ministérios com o
suporte de outros ex-atletas no comando da pasta. Marta Sobral, duas vezes
medalhista olímpica com a seleção brasileira de basquete (prata em Atlanta 1996
e bronze em Sydney 2000), foi anunciada como nova secretária de Esporte de Alto
Rendimento. Diogo Silva, um dos maiores nomes do taekwondo brasileiro e ouro
nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, integra a nova equipe. A Secretaria Nacional
de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor ficará a cargo do professor José
Luís Ferrarezi.
“A volta do ministério com uma mulher é perfeita. Fico feliz e
arrepiada porque a gente sabe a importância que a mulher tem. A Ana Moser tem
projetos sociais e não é de hoje. Ela sabe as dificuldades que o atleta tem”,
ressaltou Marta Sobral. “O esporte impacta no SUS, na economia, na segurança
pública. Então, ele não pode estar isolado”, ponderou Diogo Silva.
Participaram da solenidade os ex-ministros do Esporte Orlando
Silva e Leandro Cruz. Também estiveram os atuais ministros da Educação, Camilo
Santana, do Trabalho, Luiz Marinho, da Saúde, Nísia Trindade, da Gestão e
Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, da Mulher, Cida Gonçalves, da
Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Controladoria-Geral da União (CGU),
Vinícius de Carvalho.
Engrenagens esportivas
O evento também contou com a presença de diversos representantes
de entidades esportivas, que comemoraram a recriação da pasta. “O Comitê
Olímpico do Brasil está, como sempre esteve, parceiro do Governo Federal.
Felicitamos a Ana Moser pela investidura nesse cargo, importantíssimo para o
esporte brasileiro, e parabenizamos o presidente Lula pela escolha e por
recriar o Ministério do Esporte, que era uma ausência sentida pelo movimento
olímpico”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira.
“Trazer o esporte para o status de ministério de novo é
importante. O esporte é muito mais do que medalha, o esporte é educação. E que
bacana ver que a ministra tem essa agenda de fazer com que o esporte de
participação e educacional seja de acesso a todos no Brasil”, comemorou o
presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na siga em inglês), Andrew
Parsons.
Também estiveram presentes o presidente do Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, o presidente da Confederação Brasileira do
Desporto Escolar (CBDE), Antônio Hora Filho, o presidente do Comitê Brasileiro
de Clubes (CBC), Paulo Maciel, o diretor-geral do COB, Rogério Sampaio,
treinadores, atletas e ex-atletas.
Perfil
Catarinense de Blumenau, Ana Moser tem 54 anos e é ex-atleta de
voleibol. Foi capitã da seleção brasileira de vôlei e conquistou a medalha de
bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA, em 1996. Integrou a equipe
vice-campeã mundial em 1994 e conquistou o tricampeonato do Grand Prix. Em
2009, entrou para o Hall da Fama do voleibol.
A ex-atleta é uma das criadoras do Instituto Esporte &
Educação (IEE), entidade do Terceiro Setor fundada em março de 2001 e presidida
por Ana Moser em 2021. A ONG desenvolve projetos de atendimento direto a
crianças e adolescentes em atividades esportivas e socioeducativas, na formação
de professores e estagiários, na sensibilização de políticas públicas e no
desenvolvimento de metodologia de esporte educacional.
Em 2005, em parceria com o Unicef e com o canal ESPN Brasil, criou
a Caravana do Esporte, "movimento de ação e mobilização social pelo
direito das crianças ao esporte, ao lazer, à educação e à cultura“.
Ana Moser também atuou à frente da ONG Atletas Pelo Brasil, sendo
uma das articuladoras da sociedade civil em prol da Lei Geral do Esporte e do
Plano Nacional do Desporto. Na área pública, atuou como diretora do Centro
Olímpico do Parque do Ibirapuera, vinculado à Secretaria de Esportes de São
Paulo, e integrou o Conselho Nacional do Esporte
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