Domingo, 13 de julho de 2014 - 20h55
Um gol no segundo tempo da prorrogação da grande final da Copa do Mundo calou quase 20 mil argentinos que eram a absoluta maioria dentro da FIFA Fan Fest do Rio de Janeiro na praia de Copacabana – outros 20 mil ficaram do lado de fora. Os sul-americanos, que compareceram em massa ao local e forçaram o fechamento dos portões com o esgotamento da capacidade da arena duas horas antes do jogo, passaram o jogo nervosos, cantando menos do que o normal. Quando Mario Göetze deu o golpe fatal na esperança dos seguidores de Messi, entoaram um curto “olê, olê, olá, cada dia te quiero más, soy argentino, és un sentiminento, no puedo parar”. Mas se deixaram tomar pela frustração ao contrário do que prega o canto.
Ricardo Gauga chegou de Corrientes na manhã deste domingo (13.07). Viajou 36 horas de ônibus para vivenciar o clima de uma final de Copa do Mundo e, quem sabe, de um título. Viu seu desejo impedido. “Faz parte do futebol. Não me arrependo. Não estou triste. É claro que é frustrante perder, mas com o jogo do jeito que foi quem fizesse o primeiro gol seria o campeão. Infelizmente a Alemanha marcou”, disse o argentino, que volta para casa ainda nesta noite.
Um pequeno grupo de alemães dentro da Fan Fest vibrou – e tentou desviar de copos de refrigerante e cerveja direcionados para eles num ato de descontrole de alguns poucos argentinos. Outro grupo, de cerca de 200 torcedores germânicos parados fora da arena, teve de fugir quando uma quantidade maior de argentinos tentou extravasar a frustração de forma violenta. Policiais intervieram para conter os ânimos.
“Não conseguimos ver o apito final no telão porque tivemos de sair, mas estamos muito felizes. Buscamos este título desde 2002 quando o Brasil merecidamente venceu aquela Copa. Em 2006 passamos uma frustração muito grande, mas acreditávamos que esta ótima geração tinha condições de conquistar a taça. Felizmente isso estava marcado para acontecer no país do futebol”, afirmou o alemão Alexander Devrient, 28 anos, que acompanhou todo o Mundial viajando pelo país.
Apesar do breve susto da final, o alemão está muito satisfeito com o título e a organização do evento. “Viajei para todos os jogos da Alemanha. Apenas um dos voos atrasou e foi pouco tempo. Tudo funcionou muito bem em todas as cidades, os estádios são excelentes. Não chegou nem perto do caos que a mídia estava anunciando”, explicou Devrient.
Depois da partida, os alemães que estavam em Copacabana se dirigiram para um quiosque no Leme onde pretendem comemorar o título até o sol raiar. Ou quem sabe serem convidados pela delegação campeã para celebrar em outro lugar. “Vamos ficar atentos. Queremos encontrar os jogadores. Eles são grandes heróis para nós, estamos muito felizes”, disse Sebastian Guster, 31 anos.
Guster chegou ao Rio de Janeiro na última sexta-feira. Antes, estava em Belo Horizonte, onde o time da Alemanha aplicou a histórica goleada de 7 a 1 sobre o Brasil. “Desculpem-me. Aquilo foi uma fatalidade, não é normal. Mas ali passei a ficar muito confiante no título.”
O alemão achou que o jogo final foi mais difícil do que imaginava. “A Argentina armou uma defesa muito sólida. Sabíamos que não seria fácil, mas foi bem complicado. É aquilo, a final não é apenas uma partida de futebol, é uma guerra de nervos. Importante é que o gol saiu”, contou ele com uma cerveja alemã na mão. “Agora o plano é celebrar até cansar.”
Giuliander Carpes, do Portal da Copa no Rio de Janeiro
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