Se você quiser fazer deste Grêmio e São Paulo um documento para a história do futebol brasileiro, aqui vai um prato cheio. A virada por 2 a 1 diante São Paulo e de 46 mil torcedores no penúltimo domingo de jogo no Olímpico foi tão flamante quanto os 58 anos de vida do estádio. Homenagem assim é demais.
O Grêmio assumiu o segundo lugar do Brasileirão e enfrenta Portuguesa e Figueirense pelo Campeonato Nacional, até chegar o Gre-Nal na última rodada.
Equilíbrio e susto na primeira etapa
Talvez foram esses últimos momentos do Olímpico que levaram Zé Roberto a fazer um discurso ao grupo de jogadores abraçado em pleno túnel - e o pedido do próprio camisa 10, de dedo em riste, foi de força total nesta tarde.
E começou assim quando o Grêmio entrou em campo. Mas encontrou um São Paulo bem assentado. O nervosismo tomou conta de alguns jogadores como Anderson Pico, que mal conseguia o rápido Lucas.
Houve momentos em que Léo Gago e Souza tiveram de dar socorro na lateral esquerda porque visivelmente Pico não conseguia se sobrepor ao atacante paulista. A todo momento, Vanderlei Luxemburgo fazia gestos à beira do gramado, pedia calma, e não era ouvido.
Até o meio do primeiro tempo, Luís Fabiano havia cabeceado e Grohe defendido e Léo Gago havia acertado um chute de 30 metros, com a bola caindo sobre o travessão do goleiro Rogério Ceni completamente imóvel.
O primeiro momento tenso da tarde histórica no Olímpico ocorreu contra o Grêmio e sua torcida. A 41 minutos, o zagueiro Saimon poderia livrar-se da bola recuada, até porque Osvaldo estava por perto. Mas o zagueiro, o último homem, perdeu meio segundo, tentou driblar Osvaldo, mas complicou-se. A bola rebateu no adversário e subiu dentro da grande área, Marcelo Grohe chegou desesperado ao lance e, antes disso, Saimon forçou o choque sobre Osvaldo, que se estatelou. O árbitro Wilson Pereira Sampaio, bem pertinho, apitou o pênalti com a maior das convicções.
Rogério Ceni apresentou-se para bater: aos 39 anos, 103 gols marcados numa das carreiras mais espetaculares do futebol mundial, aquela cena também pareceu uma homenagem emocional a um dos últimos jogos da história do estádio. Então Ceni deu dois passos e chutou seco, a bola se aninhou no canto esquerdo, do lado do placar eletrônico, Grohe mal se atirou no esquerdo. O primeiro tempo foi de muita tensão e pouco lance de gol.
Virada e festa no segundo tempo
Mas no segundo tempo o nervosismo aumentou justamente pela sequência de lances de gol. Antes de tudo, porque Zé Roberto assumiu o jogo como se estivesse sob a benção de Osvaldo Roll, o Foguinho. Em dois lances, Zé Roberto quase marcou, no mais perigoso ele passou em velocidade por três são-paulinos e chutou rasante, a centímetros do poste de esquerdo de Ceni.
O Grêmio encurralou o São Paulo, trocou Souza por André Lima, e a torcida não entendeu a razão da mudança até que o atacante venceu Rogério Ceni com um chute da entrada da grande área. O 1 a 1 era justo, mas podia ser mais.
Zé Roberto continuou com suas diabruras, Moreno ameaçou, Pico acertou de fora da área e, aos 39 minutos, Pará cortou para dentro e cruzou na medida para Moreno cabecear no canto de Ceni. O velho goleiro não teve nenhuma chance.
FICHA TÉCNICA - BRASILEIRÃO, 35ª RODADA, 11/11/2012
GRÊMIO - 2
Marcelo Grohe; Pará, Saimon, Naldo e Anderson Pico; Fernando, Souza (André Lima, 10'/2ºT), Léo Gago, Marco Antonio (Marquinhos, 30'/2ºT) e Zé Roberto; Marcelo Moreno (Vilson, 41'/2ºT)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
SÃO PAULO - 1
Rogério Ceni; Douglas, Rafael Toloi, Rhodolfo e Cortez; Denilson, Casemiro (Ademilson, 27'/2ºT) , Jadson (Willian José, 38'/2ºT) e Lucas; Luís Fabiano e Osvaldo (Maicon, 10'/2ºT)
Técnico: Ney Franco
Gols: Rogério Ceni (43'/1ºT) (S); André Lima (15'/2ºT) e Marcelo Moreno (39'/2ºT)
Cartões amarelos: Douglas, Luis Fabiano, Rhodolfo (S); Marcelo Moreno, Saimon, Souza, Fernando, André Lima (G)