Sábado, 10 de julho de 2010 - 16h09
Akemi Nitahara
Agência Brasil
Brasília - Um dos principais legados que uma Copa do Mundo pode deixar para as cidades-sede é a melhoria do sistema de transporte.
Tudo tem que estar previsto no caderno de compromissos, apresentado à Federação Internacional de Futebol (Fifa) ainda durante a candidatura das cidades, explica a secretária-geral para Grandes Eventos Esportivos da França, Thérèse Salvador.
“O dossiê de candidatura se volta, evidentemente, sobre os equipamentos esportivos, porque é preciso respeitar uma lista de exigências. As infraestruturas, normalmente, ficam um pouco longe das cidades e, muitas vezes, fora do estádio. É preciso melhorar tudo o que diz respeito ao acesso, às rodovias, aos trens, aos aviões, dobrar a capacidade de recepção para transportar uma quantidade enorme de pessoas ao mesmo tempo, sem criar riscos para a população”.
Tanto a França em 1998 quanto a Alemanha em 2006 não fizeram muita coisa, pois já havia um bom sistema de transportes. Na França, a região de Saint Dennis, na periferia de Paris, onde foi construído o estádio para a Copa, ganhou novas estações de metrô e de trem. O bonde e o ônibus complementam essa rede para atender a toda a cidade.
O jornalista esportivo Thomas Kilchenstein, de Frankfurt, lembrou que as principais construções que o país recebeu foram as reformas dos estádios. “A infraestrutura é grande, tudo já estava aí. Os estádios velhos foram demolidos e reconstruídos. Mesmo durante o campeonato nacional, enquanto ocorriam os jogos na parte velha, a parte nova estava sendo construída e assim por diante”.
A diretora da Secretaria de Transportes de Frankfurt, Nora Pullmann, explicou que todo o sistema foi melhorado nos preparativos para a Copa do Mundo. “Nada foi novo, mas todo o sistema foi ampliado. As estações receberam alargamento nas plataformas, para suportar mais passageiros, as ruas foram alargadas, o compartimento dos estacionamentos e garagens foi bem fixado para garantir organização e mais lugares. Não fizemos nada que não existisse, nós desenvolvemos, reconstruímos e ampliamos tudo nos transportes”.
De acordo com ela, todo o planejamento foi feito pensando no longo prazo. “Já ficou claro desde o início que nada seria feito ou construído que fosse usado somente durante a Copa do Mundo. Tudo foi feito, como as vias de acesso, a modernização de pontos e estações dos bondes, dos metrôs e trens, a construção de estradas, as garagens, guias, os sinais de itinerário com estabilidade e vai durar por muito tempo. Será usado durante os jogos da liga nacional e outros eventos”.
Na África do Sul, o transporte mais usado nas cidades é o táxi, mas as sedes também têm sistemas de metrô e ônibus.
Para 2014, o Brasil vai investir quase R$ 11,5 bilhões em projetos de transporte nas 12 cidades-sede. O ministro das Cidades, Márcio Fortes, lembrou que foi lançado, no começo do ano, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa do Mundo e, simultaneamente, o PAC da Mobilidade Urbana na Copa.
“É importante a circulação rápida e segura dos torcedores e turistas entre o estádio e a rede hoteleira, o aeroporto, a rodoviária e também aqueles lugares onde haverá telões. Por outro lado, também deixar um legado para a cidade”. De acordo com o ministro, o PAC da Mobilidade é para atender à Copa e deixar uma contribuição para a melhoria do transporte nas cidades.
Márcio Fortes explicou que foram selecionados projetos que tenham um cronograma confortável para execução até 2014. “Todas as sedes têm projetos, seja o monotrilho para duas cidades, o VLT [Veículo Leve Sobre Trilho], uma espécie de bondinho de cidade, também foi atendido para duas cidades, 21 BRTs, que são corredores exclusivo de ônibus.” Além disso, o ministro cita obras viárias para melhorar o acesso às cidades e a circulação dentro delas, como o alargamento de uma avenida ou a construção de um viaduto.
Mesmo com a mudança de governo a partir de 2011, Márcio Fortes garantiu que não haverá problemas com os recursos dos projetos, já que a verba é do programa Pró-Transporte, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e já foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.
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