Sessenta e quatro anos depois de ter sido vítima daquela que é considerada a maior zebra da história das Copas do Mundo, a Inglaterra volta a Belo Horizonte para encarar outra surpresa. No primeiro Mundial realizado no Brasil, em 1950, os favoritíssimos ingleses foram derrotados por 1 x 0, no Estádio Independência, na capital mineira, por uma seleção dos Estados Unidos formada por amadores e foram embora mais cedo para casa. Nesta terça-feira (23.06), a partir das 13h, o adversário é a Costa Rica e o estádio, o Mineirão.
A partida vai marcar o adeus dos britânicos, que perderam os dois primeiros jogos no Grupo D para Itália e Uruguai e entram em campo já eliminados para enfrentar os costarriquenhos. A seleção da América Central, por sua vez, é a maior surpresa do campeonato. Considerados os azarões de uma chave dificílima, os costarriquenhos superaram os dois campeões mundiais Uruguai e Itália e agora buscam pelo menos um empate para garantir o primeiro lugar no grupo.
“Eu acho que 1950 foi bem antes de qualquer dos nossos jogadores ter nascido, então não adianta muito falar de 1950, apenas que é uma curiosidade. Não viemos aqui para perder”, disse o técnico inglês Roy Hodgson, descartando qualquer relação entre a zebra de sessenta e quatro anos atrás e a Costa Rica.
“Eu prefiro ver o jogo como um jogo contra a principal equipe do grupo, uma equipe que excedeu todas as expectativas e surpreendeu o mundo futebolístico não somente pelos resultados, mas pelo futebol mostrado. Espero que possamos competir com essa equipe e mostrar aos nossos torcedores que temos um grande orgulho ainda”, acrescentou o treinador, garantindo que, mesmo já eliminada, sua equipe vai encarar a partida com seriedade.
Para o veterano meio-campista Frank Lampard, de 36 anos, a partida vai servir como um “teste de caráter”. “Não vamos mentir, viemos aqui com a intenção de termos resultados melhores do que tivemos. Acho que todos já falaram de sua decepção, mas somos homens e temos que prosseguir e estamos aqui para jogar pela Inglaterra. A possibilidade de jogar pela Inglaterra é maior que as decepções”, afirmou.
O treinador Hodgson adiantou que deve mandar a campo uma equipe bastante mudada em relação ao time que jogou as duas primeiras partidas, inclusive com muitos jovens como titulares. “Quero que todos os jogadores, pelo menos o maior número possível, tenham a oportunidade de participar, não apenas dos treinos, mas dos jogos. Sabemos que nossos torcedores estão decepcionados e tristes como nós, mas ainda recebemos todo apoio e entusiasmo e espero que eles possam estar no jogo e nos incentivar”, disse.
O comandante inglês disse também que a desclassificação antecipada deixa lições. “Aprendi o quão doloroso é criar esperanças e ver muita preparação não adiantar nada, porque não chegamos aonde queríamos chegar. Acho que esse jogo vai me dizer muito sobre os jogadores. Esses últimos dias foram muito difíceis. É difícil você se levantar para jogar um jogo que na verdade não vai te ajudar a prosseguir, mas vou dar a eles a oportunidade de jogarem porque acredito que eles podem vencer”, encerrou.
Ingleses treinam no Mineirão antes do jogo contra a Costa Rica. Para Lampard (D), partida será "teste de caráter"
Alegria costarriquenha
Se do lado inglês imperavam as lamentações, os costarriquenhos eram só alegria no treino de reconhecimento do gramado do Mineirão na véspera da partida diante dos britânicos. A atividade teve muitas brincadeiras e sorrisos e o clima na entrevista coletiva foi de satisfação, embora o técnico da Costa Rica, Jorge Luis Pinto, tenha pregado respeito à Inglaterra. “A Inglaterra sempre foi e será favorita. Eles têm história, um bom time e querem fazer uma despedida digna da Copa”, disse o treinador.
As duas vitórias e a classificação antecipada, no entanto, deram confiança à Costa Rica. “A boa campanha é resultado de um trabalho de muito tempo. O equilíbrio emocional foi fundamental para conseguirmos vencer os jogos”, disse Jorge Luis. A surpreendente campanha incendiou os torcedores costarriquenhos, que festejam nas arquibancadas e nas ruas do país. “Conseguimos algo muito importante para o país. Por isso, estamos confiantes”, orgulhou-se o zagueiro Roy Miller, que deve entrar como titular na partida desta terça.
Segurança e transporte
O planejamento de segurança e transporte para o jogo desta terça no Mineirão seguirá o mesmo modelo que foi utilizado nos outros três jogos da Copa do Mundo realizados em Belo Horizonte. Os portões vão abrir às 10h, três horas antes do início da partida.
Serão seis delegacias especializadas para o turista, uma exclusiva para ocorrências com manifestantes e uma delegacia móvel da Polícia Civil, com cela para caso de prisão. Além disso, haverá plantão de perícia criminal, plantão do Detran, duas plataformas de observação elevada, um helicóptero com imageador, kit antibomba, robô antibomba e Centro Integrado de Comando e Controle. Cerca de 20 mil agentes estarão envolvidos na operação.
Serviços de transporte especial partirão de Terminais Copa, além das opções do BRT Move e de linhas regulares de ônibus. Serão cerca de 400 ônibus especiais. Os embarques para ida acontecem das 8h às 12h e, para a volta, das 14h30 às 18h.
O torcedor deverá guardar o cartão bilhete, pois será a garantia de acesso aos ônibus especiais na volta. O cartão bilhete custa R$ 15, vale para ida e volta e será vendido nos dias de jogos nos Terminais Copa (até uma hora e meia antes da partida) e, antecipadamente, nos postos Transfácil (rua Aquiles Lobo, 504, Floresta, e rua Professor Moraes, 216, Savassi). Já o bilhete do Terminal Copa do Aeroporto de Confins custará R$ 20 para ida e volta ou R$ 10 por trecho, com venda no aeroporto e no Mineirão. Eles começarão a ser vendidos, na ida, 6 horas antes dos jogos e, na volta, a partir do término do jogo.
Quem optar pelo BRT Move, que liga a área central da capital mineira à Estação Pampulha, poderá parar nas Estações de Transferência UFMG e Mineirão. Os torcedores também terão o serviço regular de transporte coletivo, utilizando linhas que passam pela região. Para os torcedores com mobilidade reduzida que desembarcarem nos Terminais Copa e na Estação Mineirão do BRT Move, será disponibilizado um serviço de traslado até o estádio na ida e na volta.
Os torcedores chegarão e sairão do estádio por rotas exclusivas para pedestres. Elas terão encaminhamento com gradis e sinalização indicativa para os destinos principais, estádio e Terminais Copa e BRT Move. Táxis ficarão disponíveis na Avenida Otacílio Negrão de Lima, em frente ao Iate, e na Avenida Carlos Luz, em frente à Usiminas.
No entorno do Mineirão só será permitido o acesso de veículos credenciados. Em outras áreas será permitido o trânsito local para moradores e comerciantes, contudo, será proibido estacionar.
Confira onde ficam os terminais:
Terminal Minas Shopping: Embarque de ida próximo à estação de metrô e embarque de volta na Avenida das Palmeiras, entre a Alameda dos Jacarandás e a Alameda das Falcatas.
Terminal Centro: Embarque de ida na rua dos Goitacazes, entre a rua Rio de Janeiro e a rua Espirito Santo, e embarque de volta na praça de esportes da Avenida Fleming.
Terminal Expominas: Embarque de ida na avenida Amazonas, em frente ao Expominas, e embarque de volta na praça de esportes da Avenida Fleming.
Terminal Savassi: Embarque de ida na Avenida Getúlio Vargas, entre a Rua Paraíba e a Rua Rio Grande do Norte, e embarque de volta na praça de esportes da Avenida Fleming.
Terminal Confins: Embarque de ida no Aeroporto de Confins e embarque de volta na Avenida das Palmeiras, entre a Alameda das Falcatas e a Alameda do Ipê Amarelo.