Domingo, 15 de junho de 2014 - 17h46
Este domingo no Maracanã será especial. Argentinos e bósnios podem não conhecer a canção entoada pelas torcidas cariocas, mas sabem que o confronto entre eles, que abrirá a participação do templo do futebol na Copa do Mundo de 2014, será histórico. Após 64 anos, o estádio que foi construído para receber o primeiro Mundial sediado pelo Brasil em 1950, terá novamente uma partida de Copa.
A representatividade deste momento pôde ser vista no treino de reconhecimento do gramado, na véspera do duelo. Jogadores de Argentina e Bósnia-Herzegovina contemplavam a arena durante a atividade. “É a primeira vez que estou aqui e será incrível poder jogar em um estádio com tanta historia”, destacou o goleiro argentino Sergio Romero.
O Maracanã é a única arena da Copa de 2014 que também recebeu jogos em 1950. Quis o destino do sorteio dos grupos, que a única estreante da atual edição do torneio fizesse sua primeira apresentação contra uma das favoritas ao título, no local. “Será uma honra jogar a Copa pela primeira vez e se pudéssemos escolher uma cidade e um estádio para a ocasião, não teríamos lugar melhor”, resumiu o técnico bósnio Safet Susic.
Se a Bósnia-Herzegovina, após a independência da antiga Iugoslávia, chega a sua primeira Copa, do outro lado, o adversário, bicampeão mundial (1978 e 1986), é acostumado a formar grandes equipes e conta com ninguém menos que o craque Lionel Messi. Para o comandante bósnio, ele é o melhor jogador da história. “Não vamos permitir que joguem livres, vamos marcar quem estiver com a bola. Temos jogadores de qualidade e quem nos acompanha sabe disso. Nossos jogadores estão prontos e ofereceremos resistência. Mas, vamos enfrentar, os brasileiros talvez não gostem do que vou dizer, o melhor jogador de todos os tempos”, exaltou.
Enquanto o adversário tratou de jogar o favoritismo para a Argentina, apontada por Susic como uma das candidatas ao título, o treinador da Albiceleste, Alejandro Sabella, descartou o rótulo e tratou de fazer mistério sobre a equipe que levará a campo para a estreia. “Não gosto da palavra favorito, porque o futebol está muito equilibrado. É difícil fazer qualquer prognóstico e cada vez mais a palavra favorito está em desuso. A primeira partida é sempre difícil, há uma pressão maior, e a palavra favorito perde peso”, disse antes do treino deste sábado no Maracanã. “Conversaremos com os jogadores, faremos um treino leve e veremos como estão. Estou meio misterioso e meio indeciso”, completou.
As dúvidas são em parte pelas condições físicas dos jogadores e em parte pela indefinição sobre o esquema tático. “A equipe ainda não está definida. Estarão todos os jogadores à disposição, menos o Rodrigo Palacio. Avaliaremos quais estarão em melhores condições para jogar os 90 minutos”, revelou Sabella, que pode colocar a seleção para jogar com três atacantes, ou escalar mais jogadores no meio-campo.
O comandante bósnio, que tem no atacante Edin Dzeko a esperança de gols, não escondeu o jogo e disse que a equipe é a mesma que atuou nos últimos amistosos, com apenas uma dúvida de ordem física. Ele também prometeu não mudar o esquema ofensivo da seleção. “Não vamos mudar nossa maneira de jogar. Temos três na frente, dois meias e dois laterais que apoiam. Sou um treinador que sempre quer mais um gol, tenho a filosofia do ataque e o perfil dos nossos jogadores é esse. Somos melhores atacando”, analisou.
Argentina e Bósnia-Herzegovina se enfrentaram duas vezes na história. O retrospecto é amplamente favorável aos sul americanos, que têm duas vitórias, sete gols marcados e nenhum sofrido.
E não é que os argentinos se sentirão em casa no Brasil. O Rio de Janeiro foi “invadido” por milhares de pessoas que vieram do país vizinho das mais diferentes formas para mostrar o apoio à seleção. A Argentina era o terceiro país no ranking de venda de ingressos para a Copa (61.021) até o dia 5 de junho, quando 95% dos bilhetes haviam sido comercializados.
No entanto, muitos deles não adquiriram os ingressos e tentarão a sorte, ou darão seu apoio de fora do estádio. “A gente não conseguiu comprar ingresso pela internet. Também não havia bilhetes disponíveis no Centro de Distribuição da FIFA. Vamos mais cedo para o estádio ver se achamos alguém arrependido”, prometeu o torcedor Sergio Díaz, que está hospedado em Copacabana.
A praia mais famosa do Rio de Janeiro, aliás, virou o ponto de concentração dos argentinos, que coloriram o local de azul e branco. “O apoio deles será muito importante e temos que dar uma resposta positiva. Espero corresponder às expectativas”, declarou o goleiro Romero, que agradeceu o carinho recebido pelos compatriotas no Brasil.
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