Neymar precisará ficar em repouso durante um período de 40 a 45 dias para se recuperar da fratura na terceira vértebra lombar, que o tirou da Copa do Mundo de 2014. Neste sábado (05.07), o atacante se despediu da Seleção Brasileira logo após o almoço da delegação. Ele seguiu de helicóptero para o Rio de Janeiro e depois foi para o Guarujá, onde vai se recuperar perto da família.
Visivelmente emocionado, Neymar foi aplaudido de pé pela comissão técnica e pelos jogadores da Seleção ao deixar o refeitório da Granja Comary. O clima era de comoção entre todos os integrantes da delegação.
Antes de partir, no entanto, Neymar fez questão de deixar um recado para a Seleção e para a torcida brasileira. Sereno e confiante, ele garantiu que logo estará de volta aos gramados. “Me tiraram o sonho de disputar uma final de Copa do Mundo, mas o sonho de ser campeão mundial ainda não acabou. Faltam dois jogos e tenho certeza de que meus companheiros vão fazer de tudo para levantar esta taça”, disse o jogador, que marcou quatro gols em cinco jogos nesta edição da Copa.
O médico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Luis Runco, garantiu que a lesão é relativamente comum e não deixará nenhum tipo de sequela para o camisa 10 do Brasil. “Ele consegue caminhar, não tem nenhuma lesão neurológica, não tem nenhum comprometimento que possa afetar a vida dele futura como jogador ou ser humano”, afirmou.
De acordo com Runco, é possível inclusive que Neymar viaje para Belo Horizonte para apoiar a Seleção durante a partida de semifinal da Copa, marcada para o dia 8 de julho, às 17h, no Mineirão. “Tudo depende do quadro de dor dele. Se ele estiver sem dor, nada é proibido em relação a isso, não vai comprometer em nada. Mas ele vai ter que estar confortável. Se ele se sentir confortável, não vejo problema”, disse o médico.
Runco disse também que Neymar lida bem com a dor. “Ele tem um limiar de dor bom. Ele leva pancadas e não é um atleta que fica pedindo muito anti-inflamatório não. Ele me lembra um jogador da moda antiga: bota um gelinho, bate o pé no chão e pronto”, brincou.
Motivação
Mesmo confiante na plena recuperação do camisa 10 da Seleção, Runco admitiu que o ocorrido o abalou. “A gente estava conseguindo colocar os 23 atletas todos competindo nessa Copa. Foi um momento muito desgastante e desagradável. No momento em que eu passei a informação para ele, ele ficou muito triste, se emocionou muito. E nós também nos emocionamos. É uma situação extremamente desagradável. Ele chorou muito, mas com o tempo ele foi entendendo. É a limitação de um sonho dele, mas não é uma limitação da carreira dele como jogador de futebol”, contou.
O médico, no entanto, acredita que o ocorrido vai servir como motivação extra para a Seleção Brasileira no restante da Copa. “Evidente que as pessoas ficaram chateadas, chocadas. Um atleta me fez o seguinte comentário: ‘Está parecendo que a gente perdeu o jogo’. Mas eu acho que isso vai ser motivo para o grupo crescer e ganhar estímulo para os objetivos, que são passar da próxima partida, chegar à final e ser campeão, até para dedicar a esse atleta”, disse.
O médico inclusive comparou a situação ao corte do volante Emerson, nas vésperas da estreia do Brasil diante da Turquia, na Copa do Mundo de 2002. “Eu diria que são situações semelhantes a dele e o corte que eu fiz na época do Emerson. São pessoas que tinham objetivos muito forte. O Emerson tinha o objetivo de ser campeão e era o capitão da equipe. E o Neymar tinha o objetivo de ser campeão tão jovem”, lembrou. Na ocasião, o técnico da Seleção também era Luiz Felipe Scolari e o Brasil acabou conquistando o Mundial pela quinta vez.